Agricultura familiar: Milho irrigado reforça a produtividade roraimense

A alternativa tem garantido mais produtividade, além da melhoria na qualidade do produto. – Fotos: Ascom/Seadi

No Brasil, o milho é a segunda maior cultura agrícola, ficando atrás apenas da soja. A utilização do cultivo do milho no país desencadeia enorme esforço na alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. O Brasil também é o segundo maior exportador mundial de milho, atrás somente dos Estados Unidos.

Em Roraima, com o advento da irrigação na cultura do milho como segunda safra em algumas propriedades, a alternativa tem garantido mais produtividade, além da melhoria na qualidade do produto, segundo o técnico-agropecuário, Nonato Rodrigues, do Iater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural).

“O manejo irrigado do milho confronta a estiagem, pois em regiões mais quentes e secas a necessidade de irrigação aumenta em relação às regiões úmidas. Dessa forma, o milho irrigado promove continuidade ao plantio”, destacou.

A irrigação também fornece outras vantagens ao cultivo do grão, reforça o técnico. “Lavouras convencionais de milho têm produtividade média de 95 sacas por hectare. As áreas irrigadas, por sua vez, podem atingir mais de 200 sacas por hectare. Portanto, possuir um sistema de irrigação faz com que cerca de 60% da água seja contida pelo solo. Essa quantidade é suficiente para o ciclo de desenvolvimento do milho, garantindo uma boa qualidade do produto final”, concluiu.

Para a agricultora amazonense Raimunda Ferreira, 47 anos, o manejo irrigado na produção de milho também acarreta a diminuição de perdas. “Mesmo subutilizado durante o período chuvoso, o sistema de irrigação tem sido crucial para minimizar prejuízos e garantir uma boa colheita”, comentou.

E dentre alguns tipos de irrigação desenvolvidos para o cultivo de grãos são destaques o de aspersão, por superfície e localizada. Na propriedade de Raimunda, no Bom Intento, ela utiliza o modelo de aspersão. “Esse processo consiste num pivô central lançando jatos de água no ar caindo sobre a cultura em forma de precipitação. O procedimento abrange um enorme espaço da lavoura”, enfatizou.

O secretário estadual Emerson Baú destaca que a produção de milho irrigado em Roraima vem ocorrendo massivamente na Agricultura Familiar. “A produção de milho verde é uma especialização dos pequenos produtores, no plantio irrigado a produtividade pode durar o ano todo”, concluiu o titular da Seadi (Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação).

Manejo na irrigação do milho

Segundo o técnico Nonato Rodrigues, para obter bons resultados não basta apenas irrigar. “É preciso manejar o sistema com eficiência e qualidade. Dessa forma, dois fatores são cruciais na hora de irrigar: quando e quanto. Pois, o momento da aplicação e o volume de água a ser aplicada são critérios que podem determinar a rentabilidade da lavoura na safra”, destacou.

No caso do milho, Nonato explica que o consumo de água na fase vegetativa fica próximo aos 2,5 mm diários, mesmo em climas quentes e secos, e reforça. “Já no estádio reprodutivo, desde o embonecamento até a maturação, a demanda pode crescer mais de 200% e alcançar níveis entre 5 e 10 mm/dia”, comentou.

O técnico também esclarece que o fornecimento preciso e controlado de água é fundamental para o desenvolvimento da cultura. “O período de transição entre os estágios vegetativo e reprodutivo é considerado o mais delicado, pois a espiga está sendo formada, e um déficit hídrico nesse estágio pode reduzir a produtividade drasticamente”, disse.

Quando e quanto irrigar

Nonato explica que a irrigação pode ser mensurada através de métodos diretos ou indiretos que variam em função de preço, tempo de leitura e precisão das mensurações. “Com a utilização de um tensiômetro, por exemplo, a ferramenta determina a tensão com que a água é retida pelas partículas do solo. Quanto mais seco estiver o solo, maior a dificuldade a planta tem de absorver água, ou seja, maior será a tensão indicada pelo manômetro e vice-versa”, comentou.

Já com a utilização dos sensores FDR e TDR, o técnico reforça que o método é mais apropriado para quem busca praticidade e precisão na tomada de decisão sobre quando e quanto irrigar. “Estas tecnologias fornecem leituras precisas, rápidas e em diferentes profundidades num processo automatizado e com medições em tempo real”, concluiu.

Michel Sales

 

 

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