O concurso público para professor da carreira do magistério da educação indígena da rede estadual aconteceu neste domingo (20), após uma espera de mais de dez anos. Mais de 2,3 mil candidatos chegaram cedo aos sete locais para disputar mil vagas oferecidas para os níveis fundamental e superior. Dos 2.526 inscritos, 2.320 compareceram para fazer a prova, o que corresponde a 88,51% do total. O número de faltosos foi de 311, ou 11,49%, conforme levantamento preliminar.
A TV Assembleia, canal 57.3, acompanhou uma das candidatas que se preparou na Escola do Legislativo (Escolegis). Depois de um café da manhã reforçado, Cláudia Laimar Melchior seguiu para o local de prova. Ela se lembrou do irmão, Erinel Melchior, também professor, que lutou pela realização do concurso, mas que não teve a oportunidade de participar porque morreu vítima de covid-19 em 2020.
“Ele esperou por esse concurso durante muito tempo e só agora veio acontecer. Eu me preparei bastante, fiz o curso preparatório da Escolegis, o que foi muito bom, pois estou numa expectativa positiva. Tenho fé que vou conseguir passar”, disse Cláudia.
Para isso, ela aproveitou todas as oportunidades, a exemplo do aulão híbrido (presencial e on-line) da Escola do Legislativo de sexta-feira (18), que foi transmitido pela TV Assembleia e pelas redes sociais do Parlamento.
“O aulão foi muito bom e abriu a mente, principalmente na parte de legislação. A minha expectativa é me concentrar para passar no concurso e fazer o que eu gosto”, afirmou.
Além de passar, Maricélia Lima, professora em Pacaraima, município a pouco mais de 200 quilômetros de Boa Vista, tem outros sonhos. “Espero que todos os colegas passem, porque há muito tempo aguardamos por esse momento, estudamos e nos planejamos para passar. Chegou a hora”, destacou.
A professora Lucienia Pedro saiu de Alto Alegre, a 76 quilômetros de Boa Vista, para prestar o concurso.
“A ansiedade é grande, mas a fé é maior. Estou muito confiante, e acredito que hoje é o dia x que pode nos dar a resposta das nossas lutas pela educação. A gente precisa trabalhar e pensar em um futuro melhor, por meio da educação indígena. Nós fomos os responsáveis por criar coragem, encarar todas as dificuldades e nos prepararmos para ter um resultado exitoso”, ressaltou.
A remuneração dos cargos de nível médio e superior varia entre R$ 3.004,80 e R$ 3.782,94, com jornada de trabalho de 30 horas semanais. O certame contempla 36 vagas para pessoas com deficiência.
Histórico
Há anos, os professores lutavam por um concurso público para atender especificamente a educação indígena. Em 2015, eles fizeram uma greve que durou 76 dias na Praça do Centro Cívico, para que constasse no Plano Estadual de Educação o termo “educação escolar indígena específica e diferenciada”.
Em 2016, a categoria batalhou para que fosse adotado o termo no PCCR (Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração) da Educação. O concurso contou com duas emendas da deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), no valor de R$ 500 mil.
Marilena Freitas