A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) destinou mais de R$ 1,4 milhão em emenda de bancada para atender os produtores da agricultura familiar do município de Rorainópolis, a 312 quilômetros da capital, que estão reunidos no Fórum Municipal da Agricultura Familiar para discutir e planejar ações para o segmento.
Os recursos oriundos da emenda da Comissão Mista de Orçamento, Fiscalização Financeira, Tributação e Controle serão utilizados para comprar equipamentos e insumos.
“Essa é uma forma de atender a essa camada da sociedade que precisa comprar tratores, equipamentos agrícolas e insumos. Rorainópolis tem mais de 70 vicinais, o segundo maior assentamento do Brasil e, embora seja um valor menor que o ideal, é uma sinalização para servir de exemplo para a bancada federal olhar com outros olhos para que essas pessoas possam ter condições de produzir”, disse o deputado Jeferson Alves (União)
O parlamentar ressaltou que a agricultura familiar é responsável por 70% da alimentação da população e que os produtores precisam ter as mínimas condições de trabalho. O coordenador do Fórum da Agricultura Familiar de Rorainópolis, Abner Mariano, afirmou que é importante a participação de todos para alavancar esse setor agrícola, que hoje conta no município com 800 famílias produzindo.
“É muito importante que os parlamentares nos ajudem. Com essa emenda, vamos comprar dois tratores e uma picape para atender os agricultores de Rorainópolis. A Embrapa montou os fóruns em todos os municípios, trazendo muita assistência técnica e explicações para os agricultores, tudo gratuito.”
O fórum acontece a cada dois meses. Segundo o secretário estadual de Agricultura, Emerson Baú, Rorainópolis tem uma situação atípica porque conta com a maior quantidade de agricultores.
“O governo tem projetos estruturantes e viemos participar do fórum para fazer atendimentos individuais. São diversas ações que estamos trabalhando para fortalecer as associações e as cooperativas, em especial da agricultura familiar. E a parceria da Assembleia Legislativa é fundamental aprovando projetos que impactam diretamente nesse setor como o auxílio empreendedor, a nova regulamentação do Funder (Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social de Roraima) para financiamento e a quebra da temporalidade das associações e cooperativas amparados pela Lei nº 215”, explicou.
Ainda de acordo com Emerson Baú, é de suma importância que o Legislativo e o Executivo andem juntos em prol do desenvolvimento desse grupo de pessoas que precisa de uma atenção especial por parte do Estado. “Eles são a economia formiguinha, onde circula o dinheiro miúdo, então é importante fortalecer esses produtos e todos os canais de comercialização”, acrescentou.
O produtor Charles Henz enfatizou que o fórum promove a união que fortalece a produção com a capacitação e as diferentes ideias que surgem durante as reuniões. “A gente se fortalece no mercado, se associa e aprende a trabalhar juntos, a produzir melhor e, consequentemente, traz uma evolução.”
O presidente da Associação de Moradores do Projeto de Assentamento Muriru (Assoafam), Francivaldo de Carvalho Silva, falou sobre a importância do evento. “É no fórum que trazemos todas as nossas demandas, muitas são atendidas, muitas não, mas é importante que estamos unidos como agricultores para somar e ver o que podemos fazer para melhorar a vida de cada um. O benefício maior é a emenda parlamentar que vai fazer com que a gente produza e venda no tempo certo”, analisou.
Teresinha Albuquerque, pesquisadora de fisiologia da produção de fruteiras da Embrapa, citou que o projeto Tecfruti surgiu dentro do fórum pela necessidade do produtor.
“Ele promove a transferência de tecnologia existente na Embrapa para a agricultura familiar, que é a base da nossa agricultura, e para a fruticultura. Atuamos com o projeto em quatro municípios de Roraima e em cada local colocamos uma unidade de referência tecnológica”, salientou.
O coordenador-geral dos Fóruns Municipais da Agricultura Familiar do Estado, Otoniel Duarte, considerou que o evento auxilia os agricultores a ultrapassar os entraves do associativismo e cooperativismo, organizando e levando informações técnicas para subsidiá-los na tomada de decisões.
“As propriedades diversificadas garantem segurança econômica, alimentar e nutricional. O polo cacaueiro, por exemplo, é o carro-chefe, mas temos mais 15 cadeias associadas, como a banana, castanha, açaí, cupuaçu, café, pimenta-do-reino, urucu, guaraná, leite, mandioca, cana-de-açúcar e tucumã’, esclareceu.
Marilena Freitas