A TV Assembleia, canal 57.3, estreia nesta segunda-feira, 18, às 13h30, o documentário “Raposa Serra do Sol: Cultura e História”, promovido pela Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). O filme aborda a cultura dos povos indígenas da região a noroeste do Estado, no município de Normandia, a 180 quilômetros da capital.
O documentário, que será reprisado às 17h30, 20h, 21h30 e 23h30, é também uma homenagem ao Dia do Índio, celebrado na terça-feira, 19. A produção do curta-metragem durou uma semana. A equipe, comandada pelo jornalista Willians Dias, passou três dias gravando na região e entrevistou oito indígenas que atuam em diferentes áreas da comunidade, mostrando a culinária, as curiosidades e o que pensam sobre o novo contexto econômico, político e social em que estão inseridos.
“Estivemos na Raposa I, uma das maiores comunidades da Raposa Serra do Sol, para mostrar um pouco do trabalho desenvolvido lá. Nossa ideia é mostrar um pouco do aspecto cultural, da origem do nome, da economia de subsistência que está ligada à produção da panela de barro, e mostrar as belezas naturais, que são um atrativo para turistas”, explicou Dias.
A professora Maria José Januária lembra como foi o processo de demarcação, e o agricultor João Raposo, uma das lideranças que esteve à frente, faz uma análise crítica do governo federal sobre a falta de incentivo à agricultura, base de toda produção das comunidades.
Por ser uma região com muitas belezas naturais, o guia turístico Enoque Raposo fala sobre curiosidades da comunidade. Assim como Jarisson Raposo, que é ceramista, conta a origem dos sítios arqueológicos, do interesse do público jovem na cultura e história do local.
O documentário também ouviu o vigilante Caleb Januário, que falou sobre a representatividade da data alusiva e da relação entre indígenas e não indígenas. “Os não indígenas ainda têm uma imagem distorcida a nosso respeito. Dizem que a gente não trabalha. Me sinto ofendido quando ouço isso, porque as pessoas não conhecem a nossa realidade”, afirmou.
A preservação da língua materna está presente na entrevista da agricultora Regina Maximino, cuja tradução é feita pela filha e artesã Valdelice Maximino. É que Regina, que só fala a língua macuxi, conta detalhes de como eram as comunidades antigamente, tanto no aspecto cultural quanto no crescimento da região.
A comida na panela de barro tem sabor diferenciado. Mas como são confeccionadas essas panelas? Esses detalhes serão contados pela paneleira Lelibete Salazar, pois esse artefato gera renda e tem representatividade para a comunidade.
Uma das entrevistas marcantes é com o benzedor Delmiro Raposo. Conhecedor da medicina tradicional indígena, ele traz reflexões sobre o uso de medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica e dos alimentos que comprometem a saúde humana.
“Hoje é muito diferente de antigamente, pois a gente não usava medicamento da farmácia nem comia produtos químicos. O frango era criado sem vacina, plantava-se melancia sem produto químico, não se tomava esses refrigerantes que fazem ficar velho ligeiro e fraco, e o nosso sal era tirado daqui. Usamos o medicamento que Deus passou para nós. Deus ensinou o indígena a operar e fazer os nossos medicamentos”, disse.
Marilena Freitas