Eleições de Roraima são clientelísticas, afirma cientista político

Roberto Ramos concluiu que o eleitorado de Roraima demonstra perfil conservador, uma vez que os partidos mais à direita têm conseguido fazer com que o voto aconteça em maior número. – Fotos: Divulgação/NUPEPA

O cientista político Roberto Ramos analisa a importância do voto no fortalecimento das instituições que sustentam a democracia brasileira, diante do cenário de instabilidade do processo eleitoral de 2022, principalmente, em razão dos constantes ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e às urnas eletrônicas.

Ramos é doutor pela USP e há 28 anos pesquisa sobre partidos e eleições no Brasil. Ele foi reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), de 2004 a 2012 e, atualmente, dedica-se à pesquisa científica no Núcleo de Pesquisas Eleitorais e Políticas da Amazônia (Nupepa), vinculado à UFRR.

“O voto é essencial para a democracia porque ele expressa a vontade do eleitor na escolha dos dirigentes políticos do país. A democracia pede eleições livres e espontâneas para que os cidadãos possam escolher as elites políticas. O voto é essencial em todas as instâncias necessárias para o bom funcionamento democrático”, afirma.

Nas suas pesquisas, o professor Roberto Ramos concluiu que o eleitorado de Roraima demonstra perfil conservador, uma vez que os partidos mais à direita, com a política claramente clientelística, têm conseguido fazer com que o voto aconteça em maior número.

“As eleições de Roraima são muito clientelísticas, com eleitores que trocam o voto por algum benefício. Como os setores mais à direita usam bastante o clientelismo para conquistar apoio, isso tem determinado o voto mais conservador, até pela própria força que os partidos de direita têm no estado”, analisa.

Segundo ele, considerando que o nível de desenvolvimento local é baixo, o estado é o grande empreendedor da política e da economia roraimenses. Para mudar essa realidade, o eleitorado precisaria ter mais carteira assinada, no mercado de trabalho.

Sobre as eleições 2022, Ramos destaca que serão colocados à prova a continuidade dos projetos de poder do presidente da República e do governador, numa espécie de eleição plebiscitária, que é quando os eleitores julgam, de modo geral, as ações executadas no primeiro mandato do líder político.

“Com relação às eleições de deputado estadual e deputado federal, existe uma expectativa de que haja uma renovação. Têm políticos há muito tempo no poder e isso tem gerado uma insatisfação. A expectativa é que o eleitor faça mudanças”, destaca Ramos.

Ainda de acordo com o professor, na democracia, os governantes devem se colocar como representantes da população buscando, acima de tudo, uma ética de responsabilidade e, devem primar pela harmonia entre os poderes, obedecendo a constituição.

“A escolha política [o voto] é fundamental porque o eleitor pode escolher pessoas com perfil republicano, que saibam respeitar e valorizar os bens do país, procurando ser responsáveis perante a sociedade, gerando mais desenvolvimento”, finaliza.

Alexsandra Sampaio

 

 

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