“Em Ti encontro forças para continuar, o meu trajeto até ao céu chegar. Mesmo que a jornada pareça tão longa, tão difícil, não vou desistir”, foi cantando essa música que a egressa do sistema prisional Raquel de Paula Souza, de 41 anos, iniciou sua palestra motivacional para as internas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista (CPFBV), nesta sexta-feira, 24.
Com o tema “A esperança de um novo recomeço… é totalmente possível a mudança”, o evento, promovido pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) e o Escritório Social do Programa Fazendo Justiça, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi marcada por emoção e histórias de vida. A unidade também conta com parceria da Assembleia Legislativa (ALERR).
“Eu não apenas penso, como tenho certeza de que a mudança é totalmente possível. Não existe a possibilidade de não mudar. Essa palestra e o impacto dela na vida de cada reeducanda é de fundamental importância para a sociedade do sistema prisional e externa. Nosso trabalho é levar esperança e esclarecer que elas têm a quem recorrer”, contou Raquel, primeira acolhida e assistente administrativa do Escritório Social.
Para a diretora da Cadeia Pública, Raquel Santana, ações como essa “são um diferencial na vida dessas mulheres”.
“A gente nota e sente como elas ficam felizes e emocionadas. Até nós nos emocionamos, porque sempre buscamos que Deus esteja presente nessa unidade. Temos dados de tentativas de suicídio. Então, a gente sempre busca fazer esse tipo de evento, busca a Deus e à assistência religiosa para que elas ganhem um fôlego”, destacou a diretora.
Atualmente, o local possui 165 detentas. Conforme Raquel Santana, são realizados trabalhos de ressocialização com as reeducandas, como os projetos “Construindo Recomeços” e “Hortimulher”, para tirá-las da ociosidade e prepará-las para voltar à sociedade.
Escritório Social
Implantado por meio de um termo de cooperação técnica entre os três Poderes, o Escritório Social nasceu em novembro de 2019 e realiza atendimentos e serviços para dar suporte a egressos e pré-egressos do sistema prisional e seus familiares.
“O Escritório Social faz o acolhimento dessas pessoas quando saem do sistema prisional. Elas nos procuram para poder ter alguma oportunidade e um direcionamento. Dependendo da demanda que elas nos trazem, fazemos o encaminhamento necessário”, explicou a psicóloga Ylana Ferreira.
O programa também reúne serviços direcionados para presos em monitoramento, nas áreas da saúde, educação, qualificação, encaminhamento profissional, assistência jurídica e regularização de documentação civil.
“Temos parceria com a Defensoria Pública [DPE], Escolegis [Escola do Legislativo], Secretaria de Saúde [Sesau], Secretaria de Educação [Seed], assim, a gente consegue fornecer a essas pessoas atividades que elas buscam. Nosso principal parceiro é o Sine [Sistema Nacional de Emprego]. Os egressos nos procuram muito para questões de trabalho. A gente faz um currículo e auxilia o profissional até a empregabilidade”, explicou Ylana.
Estiveram presentes também na palestra a primeira-dama do Estado, Simone Denarium, os Secretários do Trabalho e Bem-Estar Social e Justiça e Cidadania, Tânia Soares de Souza e André Fernandes, o diretor da Escolegis, Brenno Carvalho, e a coordenadora do programa “Fazendo Justiça”, do CNJ, Jaira Magalhães.
Suzanne Oliveira
