A construção de um orçamento participativo marcou a audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Roraima nesta terça-feira, 28, no Parque de Exposição Dandãezinho, localizado na BR-174, na zona rural de Boa Vista, para discutir as prioridades para o setor primário e da agricultura familiar na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Projeto de Lei (PL) nº 213/2022.
Representantes de associações, cooperativas, sindicatos, federações e agricultores de Norte a Sul do Estado fizeram levantamento dos principais problemas enfrentados em três dimensões – social (saúde, infraestrutura e educação), agricultura (cultura, produção, tecnologia) e pecuária.
“Em cima das necessidades que foram identificadas pela manhã com todo mundo junto, nós dividimos, à tarde, as discussões por território. A gente tem Mucajaí e Iracema que são próximos, por exemplo, no mesmo local”, esclareceu o secretário estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, Emerson Baú.
Os municípios de Pacaraima, Normandia e Uiramutã compuseram o mesmo bloco de debate. Para o agricultor de primeira viagem, o indígena de Uiramutã Renisson Miguel Galé, que trabalha na monocultura do milho há um ano, um dos principais desafios da região é a logística.
“A gente está muito feliz em conhecer os agricultores de vários municípios, e o nosso grande problema na região é a falta de máquinas agrícolas que possam chegar lá, já que é uma distância muito grande. Com certeza estando perto, isso vai facilitar para os pequenos produtores”, relatou.
Juarez Souza, agricultor familiar e criador de animais da vicinal 34, do município de Caroebe, peleja há mais de 30 anos em solo roraimense. Desde 2003, ele luta pelo desenvolvimento de uma política agrícola concreta.
“A Assembleia Legislativa, por meio do [presidente Soldado] Sampaio, pautou um ponto que vem se arrastando para nós desde 2003 com o primeiro Grito da Terra de Roraima, e isso é um avanço e vai ficar marcado na agricultura familiar do Estado”, comemorou.
Para ele, além de azeitar a agricultura familiar com recursos, os órgãos públicos precisam olhá-la sem estanques. “O governo tem que criar câmaras setoriais para atender demandas por cadeia produtiva, numa construção entre governos estadual e federal. Isso vai facilitar para o governo, ajudar na assistência técnica e a se planejar. A gente vai saber o custo mínimo de produção de cada cadeia”, disse.
O resultado dos debates será encaminhado para o Executivo e faz parte do compromisso da Assembleia Legislativa de analisar e votar um orçamento alinhado às necessidades reais de quem enfrenta os desafios de plantar no lavrado.
“Nós vamos fazer um apanhado das discussões do dia de hoje. Juntaremos todas as sugestões, as cobranças, as críticas, os aplausos, as vaias, condensaremos tudo isso num documento que será entregue junto à Assembleia Legislativa, por mim e pelo governador Antônio Denarium”, garantiu o presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos).
Suellen Gurgel