Feirantes são essenciais para comercialização de produtos da agricultura roraimense

A Feira do Produtor tem 365 feirantes cadastrados e cerca de 60% dos profissionais vendem o próprio produto. – Fotos: Neto Figueredo

No início do século passado, os agricultores rurais brasileiros não tinham a menor ideia de como comercializar os produtos fora de empórios e mercearias. Mas no dia 25 de agosto de 1914, foi realizada a primeira feira de rua do país em São Paulo, onde 26 feirantes estrearam a venda de itens alimentícios como frutas, verduras e legumes a preços abaixo do praticado em outros locais. Desde então, a data é comemorada anualmente.

Uma das principais feiras livres de Roraima é a Feira do Produtor, localizada no bairro São Vicente, zona sul de Boa Vista. O local possui atualmente 365 feirantes cadastrados e recebe cerca de mil clientes por semana. Nos finais de semana e feriados, o número flutua entre 1.500 a 3.000 visitantes.

Uma dessas profissionais é a feirante Joanice Pereira dos Santos, de 48 anos. Ela trabalha há 25 anos com a venda de produtos derivados da mandioca, como farinha, goma, tucupi e carimã.

Vinda do Maranhão, Joanice chegou a Roraima em 1993 e se estabeleceu na região do Apiaú, município de Mucajaí, onde produz a mandioca e derivados do tubérculo. Para ela, os comerciantes que estão instalados na Feira do Produtor são como uma família.

“Eu gosto de trabalhar na feira, ser feirante, ser produtora. Eu já estou há tanto tempo trabalhando aqui na feira que considero a feira como minha segunda casa e os colegas como uma família. A gente tem uma boa comunicação entre os vizinhos e os clientes”, disse.

A feirante explica que todos os comerciantes do espaço tentam repassar um preço mais barato ao consumidor, sempre mantendo a qualidade dos produtos oferecidos vindos do interior para serem levados à mesa do roraimense.

Venda direta

A administração da Feira do Produtor aponta que, dos 365 feirantes cadastrados, cerca de 60% dos profissionais vendem o próprio produto, ou seja, são agricultores do Estado que têm seu espaço no local. Isso coloca o restante dos feirantes como intermediários, ou seja, revendem produtos de terceiros. Ainda de acordo com o setor, há um fluxo de mil trabalhadores atuando no local.

“A gente abre às 5h e fecha por volta de 18h para consumo, ficando somente carga e descarga até 20h. A gente tem uma variedade muito grande. Hoje você vem aqui na feira e acha praticamente tudo. De tempero a ervas medicinais, óleos, farinha, derivados da farinha, tapioca, tudo. Tem açougue, tem peixaria, tem polpa de frutas, fruta in natura. Então tudo que você procurar, aqui na feira tem”, destacou Denis Tupinambá, chefe da Feira do Produtor.

A feira comporta uma média de 800 a mil clientes por semana. Durante finais de semana e feriados, o público vai de 1.500 a 3.000 pessoas que buscam preços mais atrativos no mercado local.

Reformas nas feiras vão beneficiar público e comerciantes roraimenses

As feiras do Produtor e do Passarão são as mais importantes do Estado, já que são as principais plataformas de venda para os pequenos produtores rurais. E para modernizar o atendimento nestes locais, o Governo de Roraima vem realizando importantes obras nestes locais.

Produtor

Na Feira do Produtor estão sendo investidos R$ 1,3 milhão para a reforma geral do espaço, administrado pelo Iater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural). As obras tiveram início em maio deste ano, estão sendo executadas por partes e o prazo de conclusão é de 180 dias.

Estão sendo executados serviços de melhoria na estrutura como esgoto e elétrica. Com a revitalização, o local, criado na década de 1980, ganhará um espaço moderno, pronto para atender o agricultor, o feirante e a clientela boa-vistense, com produtos de qualidade e muito mais conforto. Nenhum feirante será prejudicado com a obra, uma vez que ela será realizada em etapas.

Passarão

No bairro Caimbé, zona oeste de Boa Vista, o Governo de Roraima deu início à construção da nova Feira do Passarão, criada em 1994 e abandonada por gestões passadas. Em execução desde julho, a obra encontra-se na etapa de terraplanagem e fundação.

Para este prédio estão sendo investidos R$ 4,5 milhões oriundos de recursos próprios do Governo e mais R$ 3 milhões provenientes de emenda parlamentar do deputado federal Hiran Gonçalves. A construção resultará em uma estrutura mais arrojada, moderna e com capacidade para comportar até 125 feirantes.

O novo espaço terá quatro câmaras frias, áreas administrativas, área de apoio, sala multiuso, banheiros comuns e com acessibilidade, estacionamento para carros e motocicletas, bicicletário com vagas para idosos e pessoas com necessidades especiais.

A feira também será contemplada com rampa de acesso, piso tátil direcional e de alerta perceptível, bem como mapa tátil em todas as portas de acesso público do prédio para pessoas com deficiência visual.

O diretor de organização de produção e comercialização rural do Iater, Hygho Robson, pontua que a atual gestão avalia ser de suma importância a reforma das duas feiras, essenciais para a comercialização de alimentos no Estado.

“A gente vê que as reformas são de suma importância nas duas feiras para dar maior qualidade de vida para nossos feirantes e também para dar mais comodidade às pessoas que vêm aqui para ter acesso aos produtos”, ressaltou o diretor.

Ayan Ariel

 

 

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