Festival Agroindígena: Femarh discute propostas de manejo sustentável para comunidades indígenas de Roraima

O festival faz parte do plano de desenvolvimento sustentável para os próximos dez anos. – Fotos: Ascom/Femarh

Durante a manhã desta sexta-feira, 2, engenheiros florestais e técnicos da Femarh (Fundação Estadual do Meio e Recursos Hídricos) participaram da abertura do 1º Festival Agroindígena, na comunidade Juraci, localizada no município de Amajari. O evento é uma iniciativa do Governo de Roraima, por meio da SEI (Secretaria do Índio) e apoio de parceiros.

O festival faz parte do plano de desenvolvimento sustentável para os próximos dez anos, o Roraima 2030, e propõe rodas de conversas sobre o desenvolvimento dos projetos que estão contemplando a comunidade, entre eles o Projeto de Grãos, da SEI, e o Programa Roraima Verde, implementado pela Femarh, que trabalha o sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).

O objetivo foi ouvir as organizações, representantes dos povos indígenas no direcionamento do planejamento e das políticas públicas do Governo do Estado, além de sanar dúvidas sobre o plantio de eucaliptos que será iniciado na segunda-feira, 5, e que fará parte da integração de diferentes sistemas produtivos dentro de uma mesma área.

O programa vai suprir as necessidades dos povos indígenas, uma vez que a ILPF eleva a produtividade e amplia o uso da terra em uma mesma área, otimizando o uso de insumos e diversifica a produção, gerando mais renda.

De acordo com o engenheiro florestal, Eclair Moraes que também é um dos coordenadores do Programa Roraima Verde, a implantação do projeto irá trazer diversos benefícios para a comunidade, entre eles o econômico, uma vez que poderão comercializar, fortalecendo a agricultura familiar, além dos benefícios que serão gerados ao solo.

“O projeto vai contribuir para o alcance da sustentabilidade e propiciará elevação na renda da comunidade indígena, já que o eucalipto é uma espécie de rápido crescimento e que logo poderá ser comercializado, pois com cinco anos alcança 12 metros de altura. Dele podem ser retirados diversos materiais comercializáveis”, destacou.

Eclair ressaltou, que o programa Roraima Verde foi criado com objetivo em apoiar o desenvolvimento e iniciativas que adotem sistemas de produção com foco em sustentabilidade ambiental que é o caso da ILPF, cujo benefícios ambientais são gerados pela maior eficiência do uso da terra com o incremento de várias atividades no mesmo local, bem como a possibilidade de grãos, carne, leite e madeira.

“A integração aumenta a disponibilidade de madeira para as comunidades indígenas utilizarem de diversas formas, como construção, e ainda preserva a floresta nativa que na região de cerrado amazônico [lavrado] são chamadas de ilhas, que são poucas”, disse.

O sistema de produção também traz sustentabilidade do solo com maior sequestro de carbono, aumento da matéria orgânica do solo, redução da erosão, assim como a melhoria do bem-estar animal.

Sistema

ILPF é a sigla de integração-lavoura-pecuária-floresta. Trata-se de uma estratégia de produção agropecuária que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.

A forma de sistema integrado otimiza o uso da terra, elevando os patamares de produtividade em uma mesma área, usando melhor os insumos, diversificando a produção e gerando mais renda e emprego. Tudo isso, de maneira ambientalmente correta, com baixa emissão de gases causadores de efeito estufa ou mesmo com a mitigação desses gases.

Diferentes culturas agrícolas, visando alimentação, produção de fibras ou energia podem ser utilizadas na ILPF. Da mesma forma, o componente pecuário pode ser feito com bovinos de corte ou leite, bubalinos, caprinos, ovinos e, em alguns casos, até suínos e aves podem compor o sistema. Já em relação às árvores, podem ser usadas espécies para fins madeireiros e não madeireiros, nativas ou exóticas.

Devido a essa grande variedade de culturas, os sistemas ILPF podem ser adaptados para pequenas, médias e grandes propriedades em todos os biomas brasileiros. As definições sobre as características do sistema adotado dependerão de condições edafoclimáticas da região, logística, relevo, mercado, aptidão do produtor, disponibilidade de mão-de-obra, de assistência técnica, entre outros fatores.

Grazy Maia

 

 

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