Da região das Serras do Uiramutã, no extremo Norte do Brasil, para Aracaju, capital de Sergipe, na costa do mar nordestino. Foi o trajeto de nove atletas de futsal feminino da Escola Estadual Joaquim Nabuco, após serem campeãs na etapa estadual dos JER’s (Jogos Escolares de Roraima).
Com a vitória na seletiva estadual, as meninas de Uiramutã garantiram a vaga para representar o Estado nos Jogos da Juventude de 2022. Das nove atletas que formam o time, apenas duas já tinham saído do município. Para as demais, tudo está sendo novidade, até mesmo a viagem de avião.
“A viagem de avião foi mais ou menos”, confessa a goleira Lara Ruana. “Tive medo no começo, mas depois fiquei de boa. A gente veio para ganhar, dar o nosso melhor aqui”, completa a atleta. Lara veio da comunidade indígena Popó, no município que representou nas competições. Lara também está firme em relação à primeira competição fora do Estado.
A jogadora Thalissa Silva, que atua no time como pivô e central, veio da comunidade indígena Monte Moriá I. Ela diz ser estranho estar fora de casa, mas que também está sendo um momento de aprendizado. Esta também é a primeira viagem dela.
“É a primeira vez que participo, viemos na esperança de ganhar, de conquistar a vitória. Está sendo um aprendizado porque jogamos com times de outros Estados, vendo outras pessoas e adquirindo mais experiência”, diz Thalissa.
As meninas de Uiramutã tiveram dois jogos até o momento: o primeiro foi contra a equipe do Amazonas, que venceu por 6 a 3; o seguinte foi contra o time da casa, Sergipe. No segundo jogo, as meninas mantiveram o ritmo, comandaram a partida, chegaram a abrir o placar por 3 a 1. Mas bastou um descuido para Sergipe conseguir virar o placar e finalizar a partida por 7×3. O próximo desafio é contra Tocantins.
Jogos da Juventude, muito mais do que medalhas
Para a professora Gardênia Cavalcante, técnica que acompanha a equipe, a oportunidade que as meninas conquistaram de participar dos Jogos da Juventude, de viajar para outro Estado e conhecer coisas novas, vale mais do que a vitória dentro da quadra.
“Sair de Uiramutã para conhecer outras realidades é de grande valia para elas. Muitas nunca tinham saído do município. Conhecer outro mundo, outra cultura, ter essa vivência, é algo que ficará marcado e que elas vão levar para o resto da vida”, destaca.
Em relação à parte técnica do futsal, Gardênia disse que o campeonato está sendo importante para que elas possam avaliar o próprio desempenho.
“Elas estão percebendo o quanto os demais times têm capacidade técnica e tática e o quanto elas conseguem desenvolver na quadra. Isso faz com que percebam que precisam trabalhar ainda mais e se aperfeiçoar, para que no futuro possam estar competindo em pé de igualdade”, explica.
A professora cita ainda alguns fatores externos que também comprometem o desempenho das atletas. “A falta de uma quadra com as medidas oficiais para treinamento influencia no rendimento. Nossa quadra de treinamento é menor. Mas apesar de não termos vencido os jogos, a experiência para elas com toda certeza está sendo muito boa”, finaliza.
Mágida Azulay Khatab