Na noite de quinta-feira, 6, o prédio da Assembleia Legislativa recebeu iluminação especial em referência ao “Outubro Rosa”, movimento internacional de conscientização para a detecção precoce dos cânceres de mama e do colo do útero. Como parte da campanha, o Poder Legislativo intensifica ações informativas de prevenção, diagnóstico e rastreamento dessas doenças.
Além do envolvimento na campanha anual, desde a década de 1990, o Parlamento estadual tem criado e aprovado políticas públicas direcionadas. Entre elas, está a Lei nº 192/1998, que tornou obrigatória a realização gratuita de exames preventivos de câncer.
Aumentar a autoestima de mulheres com sequelas após o tratamento do câncer é o mote da Lei nº 1.289/2018, que determina procedimentos para a realização de cirurgia plástica reparadora da mama pela rede estadual de saúde, nos casos de mutilação total ou parcial decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer, e da Lei nº 1.353/2019, que dispõe sobre o direito à informação sobre a possibilidade de reconstrução da mama a pacientes que sofreram mutilação em decorrência do câncer.
Já a Lei nº 1379/2020, concede o direito à folga, dispensa ou liberação das atividades das mulheres, por seu empregador ou autoridade competente, para realização de exames preventivos de controle dos cânceres de mama e do colo uterino.
E mais recentemente, foram criadas a Lei nº 1.596/2021, que obriga os hospitais públicos estaduais a fornecerem exames em mamógrafos adaptados para mulheres com deficiência e outras necessidades especiais, e a Lei nº 1.514/2021, que assegura às mulheres o direito de serem acompanhadas por pessoa de sua confiança durante a realização de exames ginecológicos.
Prevenção
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados para o ano de 2020 em todo o mundo, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. Para o Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.
O câncer de mama também ocupa a primeira posição em mortalidade por esse tipo de doença entre a mulheres no país, com taxa ajustada por idade, pela população mundial, para 2019, de 14,23/100 mil.
Diante desses números alarmantes, a presidente da Liga Roraimense de Combate ao Câncer (LRCC), a ginecologista Magnólia Rocha, afirma que a eficácia do tratamento tem correlação com o diagnóstico precoce realizado por meio do autoexame e os exames de rotina (mamografia).
“Hoje, precisamos alertar as mulheres para continuarem fazendo o toque da mama e a mamografia, além do gestor público garantir acessibilidade a esse exame recomendado anualmente a partir dos 40 anos, porque você só consegue apalpar o nódulo quando ele tem mais de um centímetro, e isso ocorre apenas com cinco anos da doença instalada. A mamografia permite justamente que você reduza o número de casos avançados e de tratamentos radicais, como mastectomia”, disse.
O autoexame reduziu o risco da servidora pública Cristina Leite enfrentar um tratamento mais invasivo contra o câncer de mama. “Descobri muito no começo, porque eu sempre fui muito cuidadosa fazendo os exames anualmente. Tomando banho, passei a mão e senti um nódulo em fevereiro, e, em maio, foi retirado e fiz algumas radioterapias”, contou.
Nove anos após o tratamento, ela relembra o medo da doença e a importância do suporte de familiares e amigos durante o tratamento. “A primeira coisa que vem à cabeça é uma sentença de morte, mas o médico que me atendeu me deixou tranquila e eu vim pra casa. A fé e a rede de apoio foram determinantes também para mim”. Cristina aconselha as mulheres. “Foi muito dolorido e eu não queria que vocês passassem por um processo tão doloroso. A melhor forma é procurar ajuda médica, fazer o exame e descobrir logo”, concluiu.
Além dos exames, a presidente da LRCC esclarece que a prevenção primária do câncer passa pelo cultivo de hábitos de vida saudáveis. “É necessário combater sedentarismo, obesidade, mantendo o peso corporal ideal, porque isso já está provado que, com atividade física e com alimentação saudável, você reduz algo em torno de 30%, não só câncer de mama, de outros também. Você consegue reduzir não o câncer, mas a possibilidade de vir a ter a doença, afastando esses fatores de risco”, pontuou.
Outubro Rosa
Criado na década de 1990, o Outubro Rosa nasceu para mobilizar a população mundial quanto à importância da detecção precoce do câncer de mama. Símbolo do movimento, o laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA) e, desde então, promovida anualmente.
Suellen Gurgel