A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontou que, em setembro, o total de lares brasileiros com dívidas a vencer aumentou pelo terceiro mês consecutivo em 2022.
Em Roraima, segundo os dados da Peic, o endividamento das famílias voltou a subir despois de seis quedas seguidas, ficando em 85,2%, maior resultado desde junho deste ano. “Apesar do aumento do endividamento, houve pelo sétimo mês seguido uma redução no número de inadimplentes no Estado, ficando em 41,2%, o que representa uma redução de 2,6% na comparação com agosto. As dívidas com cartão de crédito, apesar de continuarem como principal parcela do endividamento das famílias aqui em Roraima, vem reduzindo na comparação com o mesmo período do ano passado, saindo de 68,4% para 59,2%”, destaca o assessor econômico da Fecomércio/RR, Fábio Martinez.
Por outro lado, as dívidas com carnês vêm se tornando mais presentes, tendo 53% das famílias roraimenses com algum tipo de dívida com carnês. Em média as contas estão em atraso por cerca de 57 dias, e 42,2% terão condições de pagar integralmente suas dívidas em aberto.
“Podemos observar que o alto nível de endividamento e os juros elevados afetam, sobremaneira, o orçamento das famílias de menor renda, ao encarecerem as dívidas já contraídas”, observa o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Endividamento no Brasil supera 80% dos mais pobres pela primeira vez
Em setembro, a proporção de endividados entre os consumidores com renda inferior a 10 salários mínimos aumentou 0,4% e atingiu 80,3%, o maior patamar da série histórica da Peic. No grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados manteve-se estável em setembro, mas cresceu mais na comparação anual (ampliação de 7 p.p.) do que entre as famílias de menor renda (5 p.p.).
Inadimplência acelerou
Em setembro, o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas atingiu 30%, o maior desde o início da Peic, em 2010. Esse é o terceiro aumento mensal consecutivo da taxa, que evoluiu 0,4 p.p. Ao contrário do endividamento, que cresceu em ritmo menor, em um ano, o indicador de dívidas atrasadas expandiu 4,5%, a maior taxa anual desde março de 2016.
Maior procura por carnês de loja entre famílias de menor renda
A maior parte das famílias que relatam estar endividadas, 85,6%, possui contas a vencer no cartão de crédito, que apresentou também a maior alta em um ano, de 1 ponto percentual. O ritmo de endividamento no cartão também vem desacelerando, em razão do maior custo desse tipo de dívida. Em seguida, entre as que cresceram, vêm as dívidas nos carnês de loja, que representam 19,4% e aumentaram 0,6 p.p. no ano, e as no cheque especial, que são 5,2% e tiveram crescimento de 0,6 p.p.
Nas dívidas diretas com o varejo, o volume de endividados nos carnês de loja cresceu desde maio deste ano. No recorte por faixa de renda, a proporção de endividados nos carnês entre os com até 10 salários mínimos de rendimentos atingiu o maior volume desde fevereiro (20,1%, um aumento de 0,3 p.p. ante agosto).
Mulheres endividadas em cartão de crédito; homens, em carnês de loja
O endividamento avançou 0,9 ponto percentual entre as mulheres, de agosto para setembro (eram 80%, agora são 80,9%), enquanto caiu ligeiramente entre os homens (0,1 p.p., de 78,3% para 78,2%). No intervalo de um ano, as mulheres também contrataram mais dívidas do que os homens (aumento de 5,9 p.p. e 5,1 p.p., respectivamente).
As mulheres são as mais endividadas no cartão de crédito e no cheque especial, atualmente. Nas demais modalidades de dívida, como carnês de loja, crédito pessoal, financiamento de carro e casa ou crédito consignado, por exemplo, o público masculino é mais numeroso, superando o feminino.