Quando o assunto é educação inclusiva, a Prefeitura de Boa Vista dá o exemplo. Através do projeto “Xeque Mate”, desenvolvido pela Escola Municipal Centenário, alunos com transtornos e deficiências terão a oportunidade de se desenvolver e interagir com outras crianças por meio da prática do xadrez.
O projeto foi criado em 2018, mas ganhou ainda mais força no ano passado com a criação do “Clube de Xadrez Xeque Mate”, trazendo a atividade para a rotina dos alunos com aulas duas vezes por semana e um maior número de crianças contempladas. Além disso, o projeto passou a contar este ano com dois tabuleiros em braile, adaptados para pessoas com deficiência visual.
Sensibilidade
A inovação veio após observação da assistente de aluno e cuidadora, Nathália Pétala, que no dia a dia percebeu o desejo de duas alunas com deficiência visual em praticar a atividade. Além de contemplá-las, crianças com autismo e outros transtornos, atendidas na unidade, também devem integrar as atividades de xadrez.
“Ambas as alunas com deficiência visual são acompanhadas por professoras que as auxiliam na leitura em braile e atividades em geral. Com o xadrez queremos fortalecer o trabalho pedagógico que já é feito com elas e crianças com transtorno, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, motor e inserção social desses alunos”, explicou.
Adriana Kato, uma das coordenadoras da unidade, reforça que a prática do esporte contribui diretamente no processo de ensino/aprendizado das crianças. “O xadrez ajuda muito na concentração, raciocínio lógico, tomada de decisões, prática da leitura, além de estimular os participantes a terem um bom rendimento escolar, pois um dos critérios de participação é ser bom aluno(a)”, disse.
Um novo mundo
Helena Souza, de 7 anos, estudante do 2° ano é deficiente visual e ficou muito feliz com a oportunidade em aprender algo novo. Ela, que pela primeira vez sentiu um tabuleiro e conheceu as peças, afirmou que está empolgada para começar. “Quando ouvi falar de xadrez me interessei em aprender. Estou muito feliz em começar”, disse.
A professora Cilene da Silva, avó da Sophia Lopes, de 9 anos, estudante do 4° ano que tem deficiência visual, está muito orgulhosa da neta. “Tudo que é diferente a Sophia gosta de aprender e o xadrez contribuirá muito para o desenvolvimento dela. Sabemos que existem certas limitações, mas no dia a dia a gente sempre faz questão de conscientizar a Sophia de que sim, ela pode”, contou.
Destaque
Ana Clara Souza, de 10 anos, estudante do 5° ano é atualmente destaque feminino em torneios de xadrez na escola. “Gostei da ideia porque dá oportunidade para todos aprenderem. O xadrez me ajudou muito em sala de aula, com foco e concentração”, explicou.
A 5ª edição do Torneio Interno de Xadrez Xeque Mate está prevista o novembro deste ano. A competição é importante na construção de valores, solidariedade, cumplicidade, contribuindo para que as crianças saibam lidar com alegrias, frustrações e que, acima de tudo, tenham sensibilidade e respeito com o adversário.