Na sessão ordinária desta terça-feira, 21, o deputado Gabriel Picanço (Republicanos) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) para criticar os dados divulgados pelo monitor de fogo do MapBiomas relacionados às queimadas no Estado no período de janeiro a fevereiro deste ano.
“O MapBiomas informou que Roraima queimou 259 mil hectares e isso corresponde a mais do que a área plantada no Estado. Entretanto, a Femarh [Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos] informou que 84,94% das queimadas são em áreas indígenas, onde a prática é culturalmente realizada para renovação da pastagem. Nesse sentido, o instituto não esclareceu os dados, apenas disse que Roraima queimou”, frisou Picanço.
O parlamentar destacou que os dados fornecidos pelo MapBiomas devem ser analisados conforme o contexto cultural indígena para que não haja prejuízos ao Estado.
“Roraima não tem autonomia para impedir queimadas em comunidades indígenas. A forma que essas informações foram divulgadas prejudica o nosso Estado em nível nacional, pois é necessário dizer que dos 259 mil hectares, 240 mil foram em reservas indígenas, que são terras controladas pelo governo federal”, enfatizou.
O deputado Coronel Chagas (PRTB) parabenizou Picanço pela inclusão do assunto no plenário da ALE-RR. “Acompanhei essa matéria e percebi que há uma tentativa de diversas ONGs de plantar matérias alarmistas sobre queimadas. Roraima tem crescido muito nos últimos anos, principalmente no setor primário e, por isso, é necessário trazer esses esclarecimentos com dados da Femarh”.
A deputada Catarina Guerra (União) concordou com Picanço ao dizer que os municípios do Estado que tiveram queimadas são aqueles com mais áreas indígenas.
“Quando a informação é distorcida, o dano é muito maior e com reflexos negativos a todo o Estado. A verdade é que a maioria da área queimada foi em municípios com maior predominância de comunidades indígenas, a exemplo de Pacaraima, Normandia e Amajari”, explicou Guerra.
O deputado Éder Lourinho (PSD) frisou que algumas áreas possuem autorização pública para realização de queimadas. “Quero lembrar que a maioria dessas áreas são de lavrado e não de mata. Além disso, temos queimadas legalizadas, autorizadas em mais de 15 mil hectares em Roraima”, informou.
Picanço também usou a tribuna para falar sobre os problemas relacionados à trafegabilidade da BR-174, única via terrestre entre Roraima e o restante do país.
“O problema da BR-174 é um problema nosso, problema da família roraimense. Se o tráfego na rodovia parar por uma semana, faltam gás, comida, energia e nós vamos arcar com os problemas. Temos que pedir que o governo federal use de suas prerrogativas para fazer uma obra com pavimentação em concreto para salvar os mais de 600 mil roraimenses”, disse.
O parlamentar Lucas Souza (Pros) concordou com o discurso e informou que “parte da pista de pouso do aeroporto de Boa Vista vai entrar em reforma e que isso pode reduzir a oferta de voos comerciais para Roraima”. Por isso, considerou ser “urgente, mais do que nunca, a solução dos problemas da BR-174”.
Anderson Caldas