O segundo e último dia de capacitação do Centro de Acolhimento ao Autista (Teamarr) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) aos professores da rede municipal de educação de Iracema, nesta quarta-feira, 29, foi marcado pela interação entre os palestrantes e participantes e profissionais entre si, que aproveitaram para tirar dúvidas sobre os direitos da pessoa com autismo.
Durante a palestra das assistentes sociais Joice Moura e Caroline Martins, foram respondidos questionamentos dos educadores sobre leis específicas que asseguram desde o pagamento de meia entrada em shows, cinemas, eventos culturais, entre outros, até a isenção de pagamento de alguns impostos, bem como a importância do papel do docente em perceber comportamentos diferenciados em alunos e reportar à família.
Houve também a oficina “Corpo e movimento na educação especial: como trabalhar o planejamento motor e as habilidades motoras”. Durante a dinâmica, a fisioterapeuta Alessandra Viana chamou voluntários da plateia e mostrou de que forma os professores podem ajudar a estimular os alunos na escola.
Duas das dinâmicas consistiram em colocar três pessoas, sendo duas sentadas em tapetes, onde teriam que jogar a bola uma para outra através de um arco segurado pela terceira, e andar por cima de uma corda esticada em linha reta no chão. Segundo Viana, esses exercícios são benéficos para o desenvolvimento motor da criança com autismo.
“São exercícios que têm o benefício de desenvolver as habilidades e o planejamento motor delas, pois a fisioterapia trabalha tanto o equilíbrio quanto a postura. Há casos em que a criança autista já nasce com hipotonia, que é quando ela não consegue sustentar uma parte do membro e tende a perder a força, e a fisioterapia entra como um meio para o ganho de força muscular através de exercícios e o tratamento direcionado que aquela criança apresenta durante seu desenvolvimento neuropsicomotor”, explicou.
Ozaléia Cardoso é professora e participou dos dois dias de capacitação. Ela conta que já teve a experiência com um aluno com autismo e teve que aprender na prática como lidar com a condição da criança no decorrer do ano letivo.
“A gente não tinha um conhecimento aprofundado sobre a situação. Fui aprendendo no dia a dia. A mãe [do aluno] também foi muito parceira, porque ela deu ideia de como a gente, professor, deveria trabalhar com ele. Também buscamos auxílio junto aos profissionais de Boa Vista, até porque essa criança já fazia acompanhamento, e eles iam à escola, conversavam com a gente. Foi muito prazeroso trabalhar com esse aluno. Aprendemos com ele o verdadeiro sentido da nossa profissão”, relembrou.
A docente acrescentou ainda que cursos como esse promovido pelo Teamarr em parceria com a prefeitura do município são necessários para ampliar o conhecimento sobre o autismo.
“Foi uma experiência muito importante para nós, que adquirimos mais informações. Até então, você ter um conhecimento do senso comum ou só da prática, sem ter uma capacitação como essa, é diferente. Muitas dúvidas foram sanadas, e eu gostaria que todos os professores da rede estadual também tivessem participado desse momento, que foi valioso para todos”, ressaltou.
A programação seguiu pela tarde com a palestra “Intervenção no autismo” e encerrou com a oficina “Processo de ensino e aprendizagem no autismo”.
Nesta quinta-feira, 30, o evento segue em Boa Vista com a palestra “Estimulando o desenvolvimento infantil de 0 a 6 anos” e a oficina “Corpo e movimento na educação especial: como trabalhar o planejamento motor e habilidades motoras”. Na sexta-feira, 31, será a vez das oficinas “A importância de brincar com os alimentos para o desenvolvimento infantil” e “Emoções e sentimentos: antes e depois do laudo”.
Suzanne Oliveira