No mês que o governo federal suspendeu qualquer tipo de cerimônia em alusão ao dia 31 de março, o dia do golpe militar no Brasil. Chegou em Belém uma mostra multimídia que debate a democracia brasileira. Itinerante, homenageia o regime democrático a partir da pluralidade da cultura do país. São 120 artistas, sendo 25 artistas da Amazônia, como Bonikta, Elisclesio Makuxi, Rafael Bqueer ,Nay Jinks, Glenda Beatriz, Roberta Carvalho, Keila Sankofa, entre outros. A abertura para visitação gratuita do público iniciou na última terça-feira (29/03), no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, e está disponível até o dia 18 de junho. O funcionamento é de Quarta a domingo (9h às 16h). A capital paraense é a primeira a receber a itinerância da exposição, que estreou em Brasília, com a posse do presidente. “Brasil Futuro: As Formas da Democracia” tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale.
“É muito interessante quando a gente entra aqui, parece que a exposição é outra, porque a gente estava lá em Brasília numa casa modernista pensando que vai ser justamente o fundo branco e aqui a gente está em um outro lugar. Em uma casa que tem onze janelas abertas. Tem uma outra relação com este espaço, não só com as obras, mas toda a relação entre elas nesse lugar e, justamente, por está aqui, neste lugar, que é Belém, pela força que a história da arte dos artistas desta cidade, da potência criativa que esse espaço tem”, foi assim que Márcio Tavares, secretário executivo do Ministério da Cultura (MINC) definiu a presença da mostra em Belém, ao visitar a abertura da exposição no dia 29 de março. Márcio é um dos curadores, ao lado do ator Paulo Vieira, e da antropóloga Lilia Schwarcz.
Em Belém, a exposição Brasil Futuro ganhou mais uma curadora, a paraense Roberta Carvalho, que contribuiu na escolha dos artistas da região norte. A artista visual e multimídia, é diretora artística e desenvolve trabalhos envolvendo o vídeo, a intervenção urbana, a video-projeção, realidades mistas, instalação, audiovisual e projetos interativos, com destaque para seu trabalho “SYMBIOSIS”. “Primeiro foi uma honra fazer essa troca de ideias com a Lilian e poder abrir essas janelas para olhar esses artistas da Amazônia, principalmente do Pará. Eu fiz uma coleção de artistas e obras que eu achei que dialogavam com essa exposição e que poderiam estar nesse espaço, no meio dessa interlocução, dessa conversa. De entender a importância desses artistas estarem presentes nesse lugar. Dessa exposição ter esse movimento. Então pra cada lugar que ela vai, ela vai se abrindo”, explica Roberta.
A mostra é dividida em três núcleos: Retomar Símbolos, que celebra a democracia soberana do Brasil, com um resgate vibrante dos símbolos nacionais; Decolonialidade, que fala sobre questões do feminismo, da negritude, dos povos originários, do movimento LGBTQIA+ e da diversidade de olhares; E Somos Nós, instiga o público a refletir sobre a riqueza étnica, de gênero, regional e de linguagens presentes na cultura do Brasil
Além da exposição da produção de 120 artistas, a mostra conta com a exibição de acervos arqueológicos pertencentes à coleção do Museu do Estado do Pará (MEP). São peças históricas oriundas de Santarém e do Marajó. O acervo que corresponde à fase Marajoara, por exemplo, é procedente da Fazenda Santa Cruz Tapera, no município de Soure.
“Nós do Instituto Cultural Vale estamos muito felizes pela oportunidade de poder contribuir com a itinerância desta exposição que aborda uma pauta tão importante, fundamental que é a cultural do nosso país. Isso está no nosso DNA, valorizar essa diversidade. Então hoje essa exposição que está aqui é um grande convite para refletir sobre e dialogar com a democracia”, afirmou Marize Mattos, Coordenadora de Patrocínios e Projetos do Instituto Cultural Vale que também esteve presente no evento de abertura da exposição.
Brasil Futuro: As Formas da Democracia teve sua estreia em Brasília, no dia primeiro de Janeiro, durante a posse do presidente Lula. A mostra também enfrentou os ataques antidemocráticos e se manteve ilesa graças à agilidade dos trabalhadores em fechar o Museu Nacional da República. Outra curiosidade sobre a exposição é a presença da obra “Orixás” de Djanira Motta e Silva que foi retirada do Planalto, durante o último governo. Em Belém, a produção provocou mudanças no espaço cultural da Casa das Onze Janelas e abriu, pela primeira vez, as janelas que ficam posicionadas de frente para a praça da Fonte.
“Pela primeira vez em sua história ressignificada como Museu de Arte Contemporânea, as janelas de nossa casa se abriram. Abertas, enfim, para a contemplação de sua arquitetura interior, da paisagem urbana e cultural do seu entorno: a praça, o rio, as igrejas do neoclássico e do barroco; o Forte do Castelo que guarda em sua memória de pedra e ferro as violências sofridas pelo povo Tupinambá, pelo povo cabano.E no interior da Casa das Onze Janelas, uma exposição que grita, por meio da arte, a urgência de fortalecermos nossa democracia feita de luta e resistência neste Brasil pluridiverso, multiétnico e vibrante”, escreveu a secretária de cultura, Ursula Vidal, em um perfil na rede social.
Artistas da Amazônia presentes na Exposição Brasil Futuro:
Antonieta dos Santos Feio (PA)
Armando Sobral (PA)
Arthur Leandro (PA)
Alexandre Sequeira (PA)
Bonikta (PA)
Denilson Baniwa (AM)
Éder Oliveira (PA)
Edivânia Câmara Iyatunde (PA)
Elisclesio Makuxi (RR)
Emmanuel Nassar (PA)
Gustavo Caboco (RR)
Glenda Beatriz (PA)
Guy Veloso (PA)
Jaider Esbell (RR)
Keila Sankofa (MA)
Luiz Braga (PA)
Luciana Magno (PA)
Manoel Pastana (PA)
Nay Jinknss (PA)
Oswaldo Goeldi (PA)
PV Dias (PA)
Paulo Amorim (PA)
Rafael Bqueer (PA)
Roberta Carvalho (PA)
Ruy Meira (PA)
Serviço
Exposição Brasil Futuro: As formas da democracia
Data: 28/03 a 18/06/2023
Abertura: 28/03 às 18h
Local: Espaço Cultural Casa das Onze Janelas
Endereço: R. Siqueira Mendes, s/n, 66020-310 (Complexo Feliz Lusitânia)
Horário: Quarta a domingo (9h às 16h)