Celebrado anualmente no dia 02 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é uma data que visa ressaltar junto a população a importância do diagnóstico precoce e do respeito às pessoas que possuem o TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Em Roraima, o CER II (Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual) é a principal referência no cuidado de pacientes que necessitam de serviços de estimulação neurológica, melhorando a sua interação com a sociedade.
Entre as pacientes atendidas pela unidade está a pequena Aysha Santos. Nascida com a Síndrome de Down, ela teve o diagnóstico para TEA confirmado aos quatro anos de idade. Essa condição requer cuidados mais que especiais.
“Ela é carinhosa, amorosa e uma criança muito inteligente. A Aysha é acompanhada pelo CER II desde o 28º dia de vida. É uma experiência em que eu aprendo com ela todos os dias”, comentou a mãe da criança, a dona de casa Ângela Santos.
Segundo dados da CGAE (Coordenadoria Geral de Assistência Especializada) da Sesau (Secretaria de Saúde), o Estado tem 1.119 autistas cadastrados junto ao CER II. O quantitativo está relacionado ao número de carteirinhas para autistas emitidas pela unidade desde 2020.
A pediatra da unidade, Marcella Moura, reforça que o TEA se manifesta ainda na infância, geralmente nos primeiros cinco anos de vida, por ser um Transtorno do Neurodesenvolvimento. Por esse motivo é importante que o paciente receba o diagnóstico precoce, possibilitando que o acompanhamento seja realizado por uma equipe multidisciplinar.
“Quanto mais informação as pessoas tem [sobre o TEA] mais conseguimos fazer um diagnóstico precoce, dar suporte adequado para as crianças, adolescentes e adultos com o transtorno. A importância da conscientização é essa, trazer conhecimento para população em geral”, destacou.
A médica salienta ainda que quanto maior for a conscientização das pessoas sobre o assunto, melhor será o suporte que o paciente receberá da sociedade como um todo.
“É por isso que visamos fazer diagnóstico precoce, estimular precocemente, para a criança obter autonomia, ser inserida na sociedade de uma forma adequada sem enfrentar tantas dificuldades e preconceitos”, pontuou.
Instruir para ensinar
As pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autistas frequentemente têm condições mórbidas, como epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. O nível intelectual varia muito de um caso para outro, podendo ser de uma deterioração profunda a casos com altas habilidades cognitivas.
“O Espectro Autista é um transtorno de neurodesenvolvimento, o diagnóstico é feito nos primeiros anos de vida de acordo com algumas características como, a capacidade de interação social, deficiência na linguagem, às vezes associados a deficiência intelectual”, frisou Marcela Moura.
A dona de casa Viviane Barroso, de 47 anos, é mãe de uma adolescente autista de 13 anos. Mesmo desconhecendo sobre o transtorno, ela não mediu esforços para dar o melhor a sua filha, diagnosticada desde os três anos de idade.
Apesar de ter dificuldade em desenvolver uma conversa com as outras pessoas, Vitória Barroso é hoje uma garota dedicada aos estudos e independente para fazer as suas atividades.
“Quando eu descobri que a Vitória tinha autismo, achei que seria algo de outro mundo. Fui estudar a respeito e vi que ela é uma criança normal. Ela começou a falar com cinco anos, e ao vir para Boa Vista, procurei o CER II para ela continuar as terapias. Isso deu uma alavancada [em seu desenvolvimento]”, destacou Viviane.
Estrutura do CER II
O tratamento do TEA e outros problemas neurológicos feitos no Centro Especializado envolve uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além da orientação aos pais ou cuidadores.
A unidade funciona nas dependências do Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência, que fica localizado na Avenida São Sebastião, 1195, bairro Santa Tereza. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h e das 13h às 19h.
“Toda parte terapêutica é voltada para melhorar o desenvolvimento do paciente, como na questão dos déficits estimulando a criança ainda nos primeiros anos de vida. Assim, a chance dele apresentar um bom desempenho no contexto social é muito maior”, concluiu a médica.
Suyanne Sá