Na sessão desta quarta-feira, 14, durante as explicações pessoais, o presidente da Comissão de Relações Fronteiriças, Mercosul, de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Idázio da Perfil (MDB) pediu apoio da Mesa Diretora para solucionar a situação das exportações para a Venezuela que estão embargadas, cujas cargas, principalmente dos produtos perecíveis, estão se estragando. Os caminhoneiros estão parados há aproximadamente 90 dias e temem novos prejuízos com gêneros alimentícios.
“Estamos com um grande problema na fronteira com a Venezuela. Hoje, temos empresas com 200 carretas de produtos perecíveis como salsicha, calabresa, presunto, toda essa linha tem seis meses de validade. Algumas já estão vencendo. Ontem [terça-feira, 13], já foram para o lixo cargas de dez carretas. Estamos vendo a hora das cargas dessas 200 carretas se perderem. Estou falando só de um exportador, fora outros empresários que estão com esse mesmo problema”, relatou Idázio.
O presidente da Casa Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), afirmou que nesta quarta-feira, 14, vai reforçar junto aos senadores e a bancada federal que o governo federal busque novo diálogo com a Venezuela para solucionar esse impasse que está prejudicando Roraima.
“Farei hoje um novo expediente à Embaixada venezuelana e aos três senadores pedindo intervenção do governo federal, para que abra esse canal de negociação com os nossos empresários que mantiveram o abastecimento na Venezuela durante anos de crise. É inaceitável essa postura do governo venezuelano, e fica aqui o nosso repúdio e um alerta para o governo brasileiro no tocante à migração desenfreada. Faço também um apelo ao governo venezuelano para que atenda os nossos empresários a fim de possamos manter uma relação comercial saudável entre os dois países”, disse o presidente.
Sampaio destacou que a situação dos empresários brasileiros que estão impedidos de exportar para Venezuela, sem qualquer aviso prévio, é gravíssima. “Uma carreta de frios leva de 20 a 30 dias para chegar aqui”, disse.
Ele informou ainda que a ALE-RR já buscou outras tratativas com o intuito de resolver esse impasse, mas que a Venezuela postergou. “Fiz contato pessoalmente com o embaixador da Venezuela em Brasília, bem como enviei assessores nossos a Caracas para negociar junto ao governo, mas eles ignoraram”, afirmou, ao lembrar que os senadores Hiran Gonçalves e Mecias de Jesus (Republicanos) também estiveram na embaixada pedindo apoio.
Idázio defende ações mais rígidas nas relações com o país vizinho, uma vez que Roraima tem a fronteira aberta e recebe todos os dias centenas de migrantes, que buscam refúgio no Brasil.
“A Venezuela tem boicotado essas exportações e de contrapeso aumentado o problema da migração. De que forma a gente poderia resolver, se politicamente não tem solução? O ideal é que pudesse dar uma travada na fronteira. Vamos buscar apoio em Brasília para saber de que forma a gente poderia fazer isso para barganhar uma forma de liberar as nossas exportações. A única maneira que a gente vai achar de fazer uma negociação com a Venezuela é na pancada, porque no diálogo não há como se fazer isso”, sugeriu Idázio.
Ele calcula que as perdas poderão agravar outros setores e gerar desemprego. “Uma empresa que vai perder 200 cargas de gêneros alimentícios, perderá uns R$ 100 milhões. Imagina o desemprego que vai causar. Conheço pessoas que venderam a própria casa para comprar um caminhão e fazer esse trabalho. Acumulado com os nossos garimpeiros que saíram do garimpo, que não têm um grau de estudo alto e buscam trabalhar no pesado para sustentar as famílias, será um desemprego maior do que já temos”, analisou.
Já o presidente da Comissão de Indústria, Empreendedorismo, Comércio, Turismo e Serviços da ALE-RR, deputado Gabriel Picanço (Republicanos), lembrou que a migração continua desenfreada e sugeriu compensações financeiras por parte do governo federal ao Estado de Roraima.
“Realmente, o problema está se agravando com a quantidade de pessoas vindas da Venezuela. Ontem, o comandante Miramilton me disse que colocou uma ronda efetiva dentro da rodoviária de Boa Vista, porque os empresários estão tendo problemas com assaltos. São mais de 400 presos venezuelanos recolhidos na Penitenciária Agrícola. A fronteira está aberta, sem controle, e a Operação Acolhida só dá comida aos venezuelanos. Sugiro uma moção de repúdio ao governo federal. Temos que ter um aporte financeiro da União, pelo menos, que pague o retroativo dos gastos com segurança pública, educação e saúde”, sugeriu Picanço.
Marilena Freitas