O Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas completa, neste mês de agosto, 1 ano de atuação em Boa Vista, capital de Roraima. São 12 meses servindo café da manhã e almoço no Posto de Recepção e Apoio da Operação Acolhida, no bairro 13 de Setembro, e na Igreja Santo Agostinho, no bairro Pricumã, para pessoas em situação de vulnerabilidade, a maioria delas pessoas refugiadas e migrantes venezuelanas.
Mais de 3 milhões de reais já foram investidos em insumos alimentícios. Até o momento foram oferecidas 300 toneladas de alimentos em mais de 500 mil refeições, com uma alta significativa de consumo no primeiro semestre de 2023. Desde a segunda quinzena de fevereiro, estão sendo servidas mais de 2 mil refeições diárias. Uma média de 70 novas pessoas chegam, também diariamente, para comer.
Em janeiro foram 40.557 refeições servidas. Em fevereiro, foram 45.351 mil refeições distribuídas. Em março 53.325, em abril 51.045, em maio 55.979, em junho 51.976 e em julho 51.859. Já são 13.703 pessoas diferentes já foram atendidas.
Além disso, mais de 1.500 pessoas já foram atendidas com atividades de educação alimentar.
Em alusão a este marco na história do projeto, algumas atividades estão sendo planejadas para a próxima sexta-feira, 18.
Às 11h, no Posto de Recepção e Apoio da Operação Acolhida, onde é servido diariamente o almoço, haverá o lançamento e a distribuição da primeira tirinha dos Nutriniños, com direito a gincana especial para a criançada. Às 11h30, começa a ser servido um cardápio típico venezuelano. Será servido Arroz Chino para as mais de 1.500 pessoas esperadas para esta refeição.
Às 18h30 de domingo, 20, mesmo dia, será realizada uma missa em ação de graças na Igreja Nossa Senhora da Consolata, a ser celebrada por Dom Evaristo Spengler, Bispo da Diocese de Roraima, acompanhado dos padres Revislande e Itamar. Na ocasião, apresentaremos o vídeo de 1 ano do projeto, contando um pouco da nossa trajetória e os indicadores.
Histórico do Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas
Não é possível falar do Projeto Sumaúma sem antes falar da Associação Mexendo a Panela. Essa história começa em 2015, quando o Padre Revislande, ao assumir a paróquia da Nossa Senhora da Consolata, percebeu a necessidade de fornecer marmitas às pessoas que iam até a igreja pedir. A maioria era de dependentes químicos em situação de rua.
Eram servidas cerca de 40 refeições prontas por dia. Em 2016, com o início da crise humanitária venezuelana e o crescimento do fluxo migratório para Roraima, a demanda por alimentação foi crescendo e as filas de pessoas querendo comer só aumentava.
Um movimento ecumênico reuniu voluntários de diferentes religiões e também de organizações da sociedade civil, fraternais e de bem estar, em dias alternados na cozinha da casa paroquial para cozinhar e servir comidas para refugiados, migrantes, apátridas, indígenas venezuelanos, indígenas brasileiros e brasileiros. Esse movimento cresceu e se transformou na Associação Mexendo a Panela que chegou a servir 2 mil refeições em um único dia.
A Associação Mexendo a Panela segue existindo, recebendo doações de roupas, sapatos e alimentos, e até hoje distribui alimentação, porém agora por meio de cestas básicas.
O Projeto Sumaúma surge em maio de 2022 e serviu o primeiro prato de comida no dia 1 de agosto do mesmo ano, na mesma estrutura que ocupava o Mexendo a Panela, com a mesma equipe, mas agora como uma ação da Cáritas Brasileira de combate à fome e à desnutrição, vinculada à Área de Atuação em Segurança Alimentar e Nutricional, no contexto de combate à insegurança alimentar, à fome dos refugiados e migrantes venezuelanos que estão em Boa Vista, em parceria com a Associação Mexendo a Panela da Igreja Consolata e a Cáritas Diocesana de Roraima, com o financiamento do Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da Agência dos Estados Unidos pelo Desenvolvimento Internacional (USAID).
A variação das palavras está relacionada ao regionalismo, os estados do oeste da região amazônica conhecem como Sumaúma o que os estados do leste chamam de Samaúma. Ambos os nomes estão corretos e se referem à mesma árvore, a mãe das árvores, a rainha da Amazônia. Grandiosa e majestosa, vive até 120 anos, e nesse período pode atingir 50 metros de altura e ter um tronco de 3 metros de diâmetro.
Para os povos tradicionais, como os indígenas, é sagrada. Sua copa, por ser grande, projeta-se sobre as demais árvores, protegendo-as. As raízes são profundas e distribuem água para outras árvores. No período mais seco da região, armazena água e irriga todos ao seu redor.
A Sumaúma nos inspira com sua nobreza e solidariedade para ser a árvore da vida, para continuar NUTRINDO VIDAS através da solidariedade e do trabalho humanitário.
Por meio do Sumaúma, atuamos hoje na Igreja Santo Agostinho e no Posto de Recepção e Apoio da Operação Acolhida, em Boa Vista, oferecendo duas refeições nutritivas diárias, café da manhã e almoço, 6 dias da semana, contemplando também a variação do cardápio, feedback e ferramentas de empoderamento, principalmente para mulheres, por meio de treinamentos em nutrição.
O cardápio é elaborado por uma nutricionista que também acompanha o preparo, que é feito por uma equipe de colaboradores. O setor de nutrição também pensa em alimentação para públicos especiais, crianças, gestantes, lactantes, idosos, hipertensos e diabéticos, pessoas com deficiência e pessoas com desnutrição crônica; reforço alimentar para crianças dos 6 meses aos 7 anos e grávidas, através de sopas nutritivas.
A relevância desta ação
O Brasil voltou para o Mapa da Fome das Nações Unidas, e hoje são 33 milhões de brasileiros em insegurança alimentar grave. A FAO alertou que na América Latina, mais pessoas estão passando fome, a Polícia Federal fez uma contagem recente que estão atravessando a fronteira de Pacaraima, por dia, cerca de 500 pessoas, é muita gente e nós sentimos o impacto aqui na capital e não podemos parar.
Boa Vista é a capital brasileira que, proporcionalmente, mais tem pessoas em situação de rua.
Para nós, missionários de Cristo, é inquietante saber que milhões de irmãos e irmãs estão morrendo pela falta do pão de cada dia. Em solidariedade, nos unimos à Campanha da Fraternidade desse ano, no combate incessante à fome e à desnutrição, para que possamos, enquanto igreja, nos fortalecer na caminhada, pelo pão nosso, fundamental à vida de cada um e cada uma de nós.
O nosso objetivo era, em 12 meses, oferecer 936.000 refeições cozinhadas, uma média de 1.300 refeições por dia, 2 vezes ao dia, entre café da manhã e almoço, 6 dias por semana, para 6.000 pessoas únicas.
Essas refeições cobrem 70% das 2.100 calorias estabelecidas no Manual da Esfera. Os outros 30% são fornecidos pela Força-Tarefa da Operação Acolhida.