Aprender a elaborar projetos para participar dos editais públicos voltados para a fomentação da cultura é o objetivo da oficina promovida pela Superintendência de Programas Especiais (SPE) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) em parceria com a ONU Mulheres, como parte do programa “Mover-se”. As instituições aproveitaram o evento para expor os trabalhos produzidos pelas artesãs.
Mariana Cursino da Cruz, especialista de transversalização de gênero da ONU Mulheres, explicou que a oficina atende um público migrante heterogêneo, que produz diferentes manifestações artísticas. Ressaltou que a meta é fazer com que essa arte seja impulsionada com os projetos aprovados nos editais.
“Temos aqui mulheres que são artistas, artesãs, costureiras, cantoras, todas envolvidas com o setor cultural, que estão aprendendo a elaborar projetos. E nossa intenção é pensar também neste público de mulheres refugiadas, que muitas vezes passam por situação de muita vulnerabilidade. A ideia é que a gente possa falar que existem diversas formas de fazer cultura, e não somente aquelas já universalizadas, existem também as que merecem atenção, recursos, como o artesanato das mulheres indígenas e das costureiras”, explicou.
A professora de elaboração de projetos culturais da ALE-RR, Flávia Bezerra, disse que a ideia da oficina é mostrar para as migrantes que vivem do artesanato como funciona no Brasil esse fomento à cultura. “Queremos que entendam que existem leis e alguns programas de editais a que elas podem concorrer para ter recursos para mostrar e produzir a sua arte, o seu modo de cultura, e a Assembleia Legislativa está fazendo o seu trabalho social, essa integração com a sociedade roraimense através da sua arte”.
Durante a apresentação, as participantes tomaram conhecimento que no Brasil serão lançados ainda este ano três grandes editais. “Um é da lei Paulo Gustavo e que para Roraima disponibilizará o valor de R$ 25 milhões, sendo R$ 19 milhões por meio da Secretaria de Cultura do Estado, e o restante para os 15 municípios. Teremos também a Lei de Incentivo à Cultura com R$ 4,5 milhões, recursos do Estado”, detalhou.
Serão lançados também os editais da Lei Aldir Blanc, do governo federal, e o da Funarte (Fundação Nacional de Artes). “A gente ainda não sabe o valor que virá da Lei Aldir Blanc, mas a Funarte está lançando um programa de R$ 100 milhões para todo o Brasil”, afirmou.
A artesã da etnia Taurepang Evelis Cliffe, que no meio artístico é conhecida por Arasary Pachi, além de produzir artesanatos diversificados investe na medicina tradicional, e afirma que se orgulha dos aprendizados deixados pelos antepassados.
“Isso tudo que produzo é em homenagem aos meus avós que nos ensinaram e a gente está reforçando para dar continuidade a essa arte. Sou da Venezuela e moro na Comunidade Bananal. E espero entrar com um projeto bem legal para ser aprovado para produzir muito mais, ensinar e valorizar a minha arte para ser mais reconhecida. Sempre pensei em fazer um financiamento para atender a arte produzida por toda a minha família. Nós trabalhamos com arte contemporânea, fazemos panela de barro artesanato e medicina tradicional”, contou.
Marilena Freitas