Identificar sinais e sintomas do AVC (Acidente Vascular Cerebral), e ter a tomada de decisão vital para a preservação de uma vida. Esses foram os principais ensinamentos repassados aos estudantes da Escola Estadual Indígena Sizenando Diniz, na Comunidade da Malacacheta, município de Cantá.
A atividade foi executada por meio do programa “Fast Heroes”, uma ação do Projeto Angels, uma iniciativa internacional da Boehringer Ingelheim que busca qualificar centros de AVC (Acidente Vascular Cerebral) já existentes, bem como implantar novas unidades no país.
“Através da Iniciativa Angel, o nosso trabalho é fazer com que os hospitais se tornem centros especializados na linha de cuidados ao paciente com AVC. Para que você consiga realizar isso, é preciso passar por várias etapas que vão a níveis de capacitação dos profissionais que compõem a equipe multidisciplinar”, afirmou o consultor científico do projeto, Alessandro Rômulo.
Em Roraima, as ações do projeto estão sendo realizadas graças à parceria com a unidade de AVC do HGR (Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento), que está em plena atividade desde novembro de 2022.
“A partir do momento que o paciente sofre um AVC, ele precisa chegar rapidamente a um hospital, mas para isso a sociedade precisa conseguir identificar os sintomas nessa pessoa, e a metodologia que temos aplicado, além do treinamento dos profissionais, é a vertente de ensinar as pessoas, de forma pedagógica”, completou Rômulo.
Instruindo os pequenos
De acordo com a médica neurologista do HGR, Lívia Martins, as ações do Fast Heroes são direcionadas prioritariamente para comunidades vulneráveis, utilizando uma metodologia totalmente lúdica.
“O programa Fast Heroes tem como finalidade levar informações para as crianças sobre os principais sinais do AVC, fazendo com que elas possam identificá-los rapidamente para chamar ajuda, e tudo isso é feito de forma lúdica, pois é utilizado um método mnemônico que pode ser usado por não profissionais da saúde, facilitando a identificação dos sinais e sintomas do AVC”, explicou.
No Brasil, o método mnemônico mais utilizado chama-se S.A.M.U, que elenca os sinais da doença nas pessoas e a tomada de decisão que precisa ser adotada de imediato.
“O ‘S’, por exemplo, vem de ‘Sorrir’, porque quando a pessoa tem um AVC, ela tem uma paralisia facial. Então, você pede para ela sorrir e percebe que a boca [da pessoa] está torta; O ‘A’ é quando você pede para a pessoa abraçar, e aí essa pessoa não consegue mexer os braços; O ‘M’ é de ‘Música’, porque as pessoas que tem AVC tem dificuldade na fala, e aí você pede para ela formar uma frase ou cantar uma música e ela não vai conseguir; e o último, o ‘U’, é de ‘Urgência’. Ou seja, se você identificar qualquer um desses sinais, você tem que ligar imediatamente para o Serviço de Urgência 192”, detalhou.
No caso do Fast Heroes, segundo a especialista, o projeto insere a identificação dos sinais por meio de personagens.
“Cada um desses ‘super heróis’ tem um dom. A gente começa primeiro pelo Vovô Simão, que tem o poder do sorriso; tem também o Vovô Bruno, que tem o poder da força; E tem a Vovô Fiona que tem o poder de falar e cantar. Com isso, a gente ensina as crianças que quando o vilão Coágulo ataca, esses vovôs podem perder esses superpoderes, e aí nós ensinamos todos esses sinais e sintomas de forma lúdica, pois elas são geralmente quem mais passam tempo com esses adultos. E no final, também fazemos com que essas crianças se sintam super-heróis, devido a essa rápida identificação”, reforçou
Ainda segundo Lívia, a intenção é amadurecer o projeto no Estado, fazendo com que ele seja estendido para outras localidades, sempre buscando o apoio de entidades públicas e privadas, além da sociedade civil.
“A gente percebe que não é só as crianças que se interessaram por essa didática de ensinar o que é o AVC de forma lúdica. Os professores também gostaram bastante e a gente observa que é uma ideia que pode ser levada para outras localidades, não somente nas escolas”, pontuou.
Minervaldo Lopes