Censo 2022: número de idosos na população de Roraima cresceu percentualmente 45,7% em 12 anos

Dados do Censo Demográfico 2022 do IBGE evidenciam o envelhecimento da população roraimense. – Foto: Andrezza Mariot

Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais em Roraima chegou a 5,1% da população, com alta percentual de 45,7% frente a 2010, quando esse contingente era de 3,5% da população. É o que revelam os resultados do universo da população do Brasil desagregada por idade e sexo, do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira, 27, pelo IBGE.

O aumento da população de 65 anos ou mais em conjunto com a diminuição da parcela da população de até 14 anos no mesmo período, que passou de 33% para 29,2%, evidenciam o envelhecimento da população roraimense.

“Ao longo do tempo a base da pirâmide etária foi se estreitando devido à redução da fecundidade e dos nascimentos que ocorrem no Brasil. Essa mudança no formato da pirâmide etária passa a ser visível a partir dos anos 1990 e a pirâmide etária do Brasil perde, claramente, seu formato piramidal a partir de 2000. O que se observa ao longo dos anos, é redução da população jovem, com aumento da população em idade adulta e também do topo da pirâmide até 2022”, analisa a gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri.

Em 1980, Roraima tinha 2,1% da população com 65 anos ou mais de idade. Os 5,1% alcançados em 2022 por essa parcela da população representa o maior percentual encontrado nos Censos Demográficos. No outro extremo da pirâmide etária, o percentual de crianças de até 14 anos de idade, que era de 44,4% em 1980, passou a 29,2% em 2022. “Quando falamos de envelhecimento populacional, é exatamente a redução da proporção da população mais jovem em detrimento do aumento da população mais velha”, destaca.

Ainda avaliando as proporções desses grupos etários específicos, agora para grandes regiões, a região Norte é a mais jovem do país, com 25,2% de sua população com até 14 anos, seguida pelo Nordeste, com 21,1%. As regiões Sudeste e Sul apresentam estruturas mais envelhecidas, com 18% e 18,2% de jovens de 0 a 14 anos, e as maiores proporções de idosos com 65 anos e mais (12,2% e 12,1%, respectivamente). O Centro-Oeste possui uma estrutura intermediária, com distribuição etária próxima da média do país.

“Podemos perceber que a queda da fecundidade ocorreu primeiramente no Sudeste e no Sul do Brasil, o que as faz as regiões mais envelhecidas, com menor proporção de jovens. A região Norte, embora também tenha registrado uma redução da fecundidade ao longo dos últimos anos em todos os estratos socioeconômicos, ainda se mantém a região proporcionalmente mais jovem. Também é na região Norte que observamos a menor proporção de pessoas adultas e idosas em relação às outras regiões”, pontua a gerente.

No Brasil, o total de pessoas com 65 anos ou mais em 2022 chegou a 10,9% da população, com alta percentual de 57,4%.

Em Roraima, a idade mediana da população aumentou três anos entre os últimos Censos e atingiu os 26 anos, a menor do país

A idade mediana é um indicador que divide uma população entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos. No Brasil, de 2010 para 2022, a idade mediana subiu de 29 anos para 35 anos, evidenciando o envelhecimento da população.

No mesmo período, esse indicador aumentou nas cinco grandes regiões: Norte, de 24 para 29 anos; Nordeste, de 27 para 33 anos; Sudeste, de 31 para 37 anos; Sul, de 31 para 36 anos e Centro-Oeste, de 28 para 33 anos. O estado de Roraima possui a menor idade mediana do país, mesmo tendo subido de 23 anos para 26 anos entre os últimos Censos.

“Quando olhamos para as unidades da federação, não só a queda da fecundidade irá alterar essa idade mediana, mas podemos ter um efeito também de migração, com o recebimento de pessoas de um determinado grupo etário em certos estados, principalmente dos jovens adultos, assim como naqueles estados de onde os migrantes saem. Esses fatores também impactam e ajudam a entender a idade mediana observada nas UFs e nos municípios”, explica Izabel Marri.

De 2010 a 2022, índice de envelhecimento subiu de 10,5 para 17,4 no estado roraimense

O índice de envelhecimento é calculado pela razão entre o grupo de idosos de 65 anos ou mais de idade em relação à população de 0 a 14 anos. Portanto, quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população.

Em Roraima, esse índice chegou a 17,4 em 2022, indicando que há 17,4 idosos para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Em 2010, o índice de envelhecimento era menor, correspondendo a 10,5.

Os municípios com os maiores índices de envelhecimento no estado são São Luiz (26,1), seguido de Mucajaí (22,6), Cantá (21,9), Caracaraí (21,3) e Iracema (20,3). Já os com os menores índices de envelhecimento são Uiramutã (5,4), Normandia (8,2), Pacaraima (9,5), Amajari (11,3) e Alto Alegre (13,1).

Em Roraima, há mais homens que mulheres; já na capital essa lógica se inverte

De acordo com o Censo Demográfico 2022, a população do estado de Roraima era formada por 49,7% de mulheres e 50,3% de homens. A informação da distribuição da população por idade e sexo fornece subsídios para o cálculo de uma série de indicadores demográficos que permitem avaliar as mudanças e tendências do perfil demográfico da população ao longo do tempo.

Essa informação constitui, também, um poderoso instrumento, não só para subsidiar o planejamento de políticas públicas que visam ao atendimento das necessidades de grupos específicos, como crianças, adolescentes, jovens, pessoas em idade de trabalhar, idosos e mulheres, como também para fornecer parâmetros balizadores a serem considerados nos processos de avaliação de diversos programas sociais e econômicos.

O Censo Demográfico evidenciou ainda, para Roraima, uma razão de sexo igual a 101,3, indicando haver 101,3 homens para cada 100 mulheres. Esse indicador ao longo dos últimos Censos foi de 108,3 (1980), 123,4 (1991), 104,8 (2000) e 103,3 (2010). Quando esse indicador é maior do que 100, representa populações cujo volume de homens é superior ao de mulheres.

Por outro lado, quando esse indicador é um valor inferior a 100, significa que o volume de homens é inferior ao de mulheres. Devido ao envelhecimento demográfico, é esperado que o número de homens seja gradualmente menor que o número total de mulheres, já que essas apresentam, na média, menor mortalidade durante todas as etapas da vida.

Em relação à razão de sexo, o município São João da Baliza (114,9) se destaca com a maior razão de sexo do estado, ou seja, aquele que tem proporcionalmente mais homens que mulheres. Em contrapartida, Boa Vista (97,4) é o município com o menor valor para esse indicador, evidenciando a sobreposição da população feminina em relação à população masculina, fato que também foi observado no Brasil, que tem sua população formada por 51,5% de mulheres e 48,5% de homens.

“Isso está relacionado com a maior mortalidade dos homens em todos os grupos etários: desde bebê até as idades mais longevas, a mortalidade dos homens é maior. Além disso, nas idades adultas, a sobremortalidade masculina é mais intensa. E, com o envelhecimento populacional, a redução da população de 0 a 14 anos e o inchaço da população mais idosa há um aumento da proporção de mulheres, já que elas sobrevivem mais em relação aos homens”, pontua Izabel Marri.

Esse comportamento de aumento na proporção de mulheres se repete em todas as grandes regiões. Desde 2000, a região Sudeste tem a menor proporção de homens, com uma razão de sexo de 92,9 em 2022. A maior razão de sexo está na região Norte (99,7), sendo a primeira vez na série que essa região se mostrou com maior número de mulheres do que homens.

As unidades da federação com menores razões de sexo são Rio de Janeiro (89,4), Distrito Federal (91,1) e Pernambuco (91,2). Já Mato Grosso (101,3), Roraima (101,3) e Tocantins (100,4) tem mais homens do que mulheres. “Além do envelhecimento populacional, também os efeitos da migração influenciam as razões de sexo de cada local”, explica Marri.

 

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