Ciclo das Quintas: espetáculo “Amazônia”, no Teatro Municipal, exalta sonoridade e diversidade cultural da região

Artistas de Roraima levaram ao palco da Sala “Roraimeira” muito carimbó, calypso, toadas e, claro, muitas canções da nossa terra. – Fotos: Diane Sampaio

Com um repertório diverso que revisitou os sons e ritmos da região norte do país, o Instituto Boa Vista de Música (IBVM) e Prefeitura de Boa Vista apresentaram nesta quinta-feira, 9, o Especial Amazônia. Integrando o projeto Ciclo das Quintas, a Banda Municipal apresentou grandes obras dentro de gêneros como carimbó, “beiradão”, toada, calypso e, claro, a boa música “roraimeira”.

Para entoar as canções, um time composto por Regina Lima, Halisson Crystian, Esther Araújo, Leka Denz e Edney Martins ficou a cargo de obras de artistas como Nilson Chaves (Pará), David Assayag e Arlindo Jr (Amazonas), Eliakin Rufino, Neuber Uchoa e Zeca Preto (Roraima). Valeu também uma ótima performance do saxofonista Carlos Kallel, interpretando solos do músico Teixeira de Manaus.

Acompanhando as músicas, as companhias Bumbás Fit e Amigos do Boi Bumbá também ficaram responsáveis pelas coreografias do espetáculo, que contagiaram a plateia. A servidora pública Mara Jeane foi prestigiar os amigos que dançaram no palco e não aguentou a emoção e dançou junto, pois é amante da música amazônica. Ela aprovou o especial e acredita que mais eventos com essa temática devem ocorrer na cidade.

“Sou roraimense e amo a cultura de toda a nossa região. Sou ‘Garantido’, amo carimbó e também sou ‘Boto Cor de Rosa’. A cultura amazônica é muito rica e linda. É preciso que mais pessoas conheçam toda essa riqueza cultural, desde o nosso Roraimeira. E esse espetáculo valorizou bastante essas nossas preciosidades”, disse Mara, referenciando alguns festivais, como do Boi-Bumbá de Parintins (AM) e dos Botos, em Alter do Chão (PA).

Além de valorizar a cultura amazônica, a proposta do evento também foi fortalecer o clamor pela preservação da região. Para isso, vídeos foram exibidos durante o espetáculo com mensagens contra o desmatamento e a exploração ilegal, além de enfatizar a força dos nortistas em sua luta pela proteção ambiental.

Musicalidade na Alma

Quem abriu o espetáculo foram as crianças do projeto de musicalização “Academia de Percussão”. São mais de 150 integrantes atendidos no bairro Cidade Satélite, a maioria em situação de vulnerabilidade social, além de pessoas com alguma deficiência e Transtorno do Espectro Autista (TEA), que tiveram a oportunidade de se apresentarem pela primeira vez no Teatro Municipal.

Para o músico e professor do projeto, Edney Martins, a intenção é que a iniciativa forme bons cidadãos através da música, além de despertar o gosto pela música com a musicalização e a criatividade, por meio da percussão que é feita a partir de materiais reciclados, como baldes e latões. E os resultados são surpreendentes.

“Temos crianças atípicas, que ouvem alguma frequência sonora e se sentem muito feliz. Outras tem baixa visão ou que não têm a audição. Então, algumas são estimuladas só com vibração e outras com sentido à música. E essa valorização, o sentido, tem uma resposta clara e direta. Quando eles estão conosco, é um novo desafio. Então, são situações que visamos muito essa parte da evolução humana através da música”, disse.

O pequeno Luís Estevão foi um que se apresentou pela primeira vez no teatro. Segundo os pais, Ena Emília e Lucildo Mesquita, ele despertou interesse pela música desde bem novinho e hoje toca bateria como um adulto. E participar do projeto social tem sido um marco muito grande em seu desenvolvimento, tanto pessoal quanto artístico.

“Ele sempre foi um menino muito inteligente, principalmente para a música. E fazer parte desse projeto do IBVM só tem melhorado seu desenvolvimento, percepção e coordenação motora. Além disso, ver ele no palco do Teatro Municipal nos enche de orgulho, pois é algo que para nós, que somos envolvidos com a música há muito tempo, ainda não aconteceu”, destacou Lucildo.

Fábio Cavalcante

 

 

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