Povos originários querem instalação da Capi Indígena da DPE-RR em demais comunidades

A discussão abordou sobre a CAPI Waimiri Atroari na garantia dos direitos dos povos indígenas. – Fotos: Ascom/DPE-RR

Em uma roda de conversa referente aos dois anos da Central de Atendimento e Peticionamento Inicial Indígena (Capi-Indígena) da comunidade Waimiri Atroari, promovida pela Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR) nesta sexta-feira, 10, foi aberto espaço para um diálogo aberto com o intuito de discutir as conquistas, desafios e perspectivas futuras desta iniciativa crucial para os Territórios Indígenas.

O evento foi conduzido pela defensora pública e coordenadora do projeto, Elceni Diogo, que ressaltou a importância de indígenas WA compartilharem perspectivas pessoais, proporcionando um diálogo enriquecedor sobre os desafios e direitos da comunidade.

A discussão abordou temas cruciais, destacando a importância da CAPI Waimiri Atroari na garantia dos direitos dos povos indígenas na emissão de documentos pessoais, como Certidão de Nascimento, CPF, título de eleitor e demais serviços, evitando o deslocamento para a capital.

As vozes dos representantes indígenas trouxeram uma profundidade única à conversa, fornecendo insights essenciais sobre as necessidades e preocupações da comunidade, como pontuou Maika Renato, liderança indígena da comunidade.

“Essa é a primeira vez que tenho a oportunidade de sair da minha comunidade e conhecer como os brancos vivem fora trabalham os processos enviados pela nossa comunidade. Quero levar essa experiência de volta para minha comunidade. Fiquei muito satisfeito com a CAPI, pois nossos jovens estão trabalhando e conquistando muitos pontos para nossa comunidade. Antes, tínhamos dificuldades, mas melhorou muito desde então. Agradeço muito por essa oportunidade”, disse ele.

Elceni Diogo demonstrou habilidade em facilitar um ambiente inclusivo, promovendo a compreensão mútua entre os participantes. Ela reforça que, na Defensoria Pública, a comunidade possui uma rede de proteção para ampliação de seus trabalhos.

“Tem sido, para nós, muito gratificante acompanhar os resultados desses dois anos. Eles assumiram esse trabalho de forma que estão totalmente emancipados da Defensoria Pública, e é isso que queremos. As comunidades confiam no local que estão e realizam a emissão sem interferência à cultura, sem a presença de outras pessoas que não pertencem à comunidade”, explicou ela.

Boas práticas

A ampliação do trabalho para outras comunidades indígenas é um objetivo para a Defensoria Pública, visando garantir acesso à cidadania sem interferência cultural para as comunidades indígenas do Estado.

Em discurso durante o evento, o deputado federal e defensor público licenciado, Stélio Dener, destacou que propôs, na Comissão dos Povos Indígenas do Congresso Nacional, a implantação de unidades da CAPI em todas as comunidades indígenas de difícil acesso no Brasil.

O líder indígena Ingarikó, Dilson Ingarikó, expressou sua gratidão pela parceria estabelecida com a Defensoria Pública. Segundo ele, essa colaboração fortalece a estrutura social de todos os povos do Estado de Roraima e demonstra um importante avanço.

“Essa parceria da Defensoria Pública do Estado chega para facilitar o acesso à justiça daquelas comunidades de difícil acesso, onde é impossível chegar. Isso é muito importante! É um avanço e fortalece a organização social de qualquer povo, aqui, do Estado de Roraima”, disse ele

Para Geovane dos Santos Wai Wai, é um objetivo claro para sua comunidade a implantação da CAPI. Em relação à parceria, de acordo com Geovane, a intenção é capacitar os jovens a lidarem com a emissão de documentos. Ele enfatiza a importância não apenas de receber os benefícios da parceria, mas também de investir na formação das futuras gerações para que possam contribuir ativamente nesse processo.

“Esse trabalho está funcionando com os próprios parentes emitindo certidão e outras documentações nesse espaço dentro das suas comunidades. Isso é muito importante para todos nós, povos indígenas. Atualmente, já estou com quase 2 anos e meio fazendo esse trabalho junto com o povo Wai Wai, representando, buscando e levando as demandas das comunidades para que eles possam melhorar o atendimento à saúde, à educação e outras coisas também”, destacou.

Por sua vez, a presidenta do Conselho do Povo Indígena Ingarikó, Secilita Ingarikó, compartilhou as necessidades urgentes de sua região. Ela ressaltou a alta demanda por documentação em sua comunidade.

Ao abordar o impacto positivo da parceria, Secilita expressou a intenção de replicar esse modelo de trabalho na região Ingarikó, proporcionando um acesso mais amplo e eficiente aos serviços oferecidos.

 

 

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