Boa Vista Junina: fé, emoção e tradição foram os destaques da 5ª noite do Maior Arraial da Amazônia

Lindas homenagens, como a da quadrilha Garranxê, forró pé de serra e respeito às origens nordestinas emocionaram o público. – Fotos: Semuc/PMBV

O Boa Vista Junina chegou à sua 5ª noite nesta quarta-feira. E novamente, as quadrilhas apresentaram no tablado um verdadeiro show. Com muita garra, contaram lindas histórias de superação e celebraram as heranças nordestinas tão presentes na cultura nortista. Os grupos foram: Arrasta Pé, São Vicente, Sinhá Benta, Escola Forrozão e Garranxê.

Quem conferiu as apresentações, aprovou cada grupo no tablado. Fábia Rodrigues, de 43 anos, e sua filha Sara, de 16 anos, foram juntas ao arraial e se emocionaram. “Cada quadrilha é uma surpresa. Venho há muitos anos e trago minha filha. Gosto de compartilhar as coisas que gosto com minha menina. E sei que ela também está se apaixonando por tudo isso. É um verdadeiro espetáculo”, contou a mãe.

Quadrilha Arrasta Pé

Confira o que rolou no tablado:

Arrasta Pé (grupo de acesso): A quadrilha, fundada em 2004, completa 20 anos neste ano. O tema escolhido foi “O Brilho do São João”, contando a história de José Severino e Florzinha. O amor dos dois conquistou até o coração da madrinha da menina, dona Zefinha, apesar de ser conhecida por ser brava, fez questão de costurar as roupas dos noivos. Aos 8 minutos de apresentação, o casamento aconteceu. José declarou o seu amor com uma linda frase: “Ela é a flor que irei regar pelo resto da minha vida”.

O grupo é formado por 25 brincantes, e mais da metade são novatos, que mostraram para o que vieram, com gritos e os pés firmes fizeram o tablado tremer. Para fechar com chave de ouro, o grupo fez uma linda homenagem ao Rio Grande do Sul, emocionando o público.

Quadrilha Império São Vicente

Império São Vicente (Grupo de Acesso): “No vento da Cruviana, chegou até aqui”. Esse foi o tema, onde os brincantes contaram um pouco sobre a figura mítica de Roraima (também chamada de a “Rainha dos ventos”) que encantou Asa Branca, um pássaro que representa o povo nordestino. O lindo casamento entre eles representou a união das regiões Norte e Nordeste, que resultou no caldeirão cultural que é o BV Junina.

Como Asa Branca, muitos nordestinos foram seduzidos pelos encantos roraimenses e por aqui ficaram. “Quem bebe a água do Rio Branco, sempre volta. Quem abraça cruviana, se apaixona”. Assim, as cores azul e laranja tomaram o tablado do Maior Arraial da Amazônia e celebraram as heranças nordestinas presentes no Norte.

Quadrilha Sinhá Benta

Sinhá Benta (Grupo Especial): O grupo chegou com o tema “No São João da Sinhá, Mastruz com Leite vou dançar”, apostando na nostalgia de quem gosta de um arraial tradicional e aprecia o bom forró. A homenageada, banda Mastruz com Leite, está completando 34 anos e foi criada pela necessidade de ter músicas de forró para as pessoas dançarem. A quadrilha contou uma linda história de amor ao som dos maiores ‘hits’ do grupo.

Candinha, a noiva, prometeu a Santo Antônio que só se casaria se fosse escolhida para ser a nova voz da banda, e assim foi feito. No estúdio da rádio, consagraram o matrimônio. A quadrilha foi bastante aplaudida pelo público e não houve quem não tivesse as músicas na ponta da língua.

Quadrilha Escola Forrozão

Escola Forrozão (Grupo Especial): O grupo prometeu resgatar o tradicional São João e cumpriu bem. Com o tema “No meu São João a tradição é dançar de chitão”, o enredo começou com uma senhora contando histórias de antigos arraiais para seus netos e alertou a importância do tecido de chitão, que com o passar dos anos, acabou perdendo seu reconhecimento.

Vestidos de roupas feitas deste tradicional tecido, a quadrilha se apresentou para o público. Com respeito às origens, os noivos chegaram ao som de “Anunciação” de Alceu Valença. A noite de celebração ao amor contou com balão e fogueira de São João e ainda reconheceu que os trajes dos brincantes são, na verdade, “muito nobres”.

Garranxê (Grupo Especial): O duelo entre as gigantes do BV Junina continua e a quadrilha chegou para mostrar que o arraial também é uma festa de fé. Com o tema “O Pulsar da Fé”, o grupo contou a história real do casal Cielly Mangabeira e Kedson Lira, ele com uma doença genética que atingiu o coração, perdeu o pai e avô. Cielly, devota de Nossa Senhora de Aparecida, fazia orações diárias com horário marcado. Após Kedson ser diagnosticado com Covid-19, seu problema se tornou ainda mais grave.

Simone Valente

Ela fez uma promessa, e depois de tanto clamar, seu amado finalmente foi para a fila do transplante. Então, o milagre aconteceu: Kedson, que nem acreditava em Deus, recebeu um novo coração graças às intensas orações de Cielly. O casamento foi comovente e a festa de comemoração começou. Além disso, a quadrilha fez questão de convidar as pessoas a serem doadoras de órgãos.

A rainha das rainhas

Simone Valente sobe ao tablado do BV Junina há 22 anos e recebeu o título de Rainha do Maior Arraial da Amazônia nos anos de 2021 e 2024. Ela faz questão de destacar a responsabilidade de carregar a coroa.

“Eu costumo dizer que ser rainha é muito mais do que uma faixa e a coroa. Tem o lado social. É preciso ser exemplo para todas as outras meninas que sonham com isso. Uma rainha precisa ser elegante, tem que estar pronta para tudo. Fui escolhida e me sinto honrada. Nunca vou conseguir explicar a emoção que é subir naquela arena, todos os anos são diferentes. A cada edição melhora”, disse.

Nalu Cardoso
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