Nesta quinta-feira, 23, a partir das 9h, no Plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas, ocorre a audiência pública “Construindo pontes para os cuidados paliativos em Roraima”, proposta pelo deputado Dr. Cláudio Cirurgião (União), por meio de requerimento aprovado pela Assembleia Legislativa (ALE-RR).
Conforme o parlamentar, a preocupação em melhorar as políticas públicas que tratam da área surgiu a partir de conversas com profissionais da saúde que atuam no setor, além de esclarecer à sociedade que esse tipo de cuidado não se aplica apenas às pessoas com doenças terminais ou oncológicas. Como exemplo, ele citou o paciente com problema de coluna crônico, que não tem indicação de cirurgia ou tratamento, e para o qual a medicina não oferece cura, mas oferta a alternativa.
“Nesse dia, vamos fazer uma discussão com vários profissionais, pacientes e pessoas da sociedade em geral, para propormos maiores ações do Estado nas políticas públicas de saúde, para que a paliação não ocorra somente dentro dos hospitais, porque o paciente que está em tratamento de doença oncológica ou incurável, mesmo que não seja câncer, precisa ter dignidade nessa fase da vida, e esse tratamento tem que ocorrer, também, em casa, próximo de seus familiares. Não é só aliviar a dor, é o suporte psicológico e espiritual”, detalhou Cirurgião.
Ainda segundo o deputado, cuidados paliativos são todas as ações, atitudes e tratamentos realizados naquela pessoa que tem uma doença incurável e progressiva. Nessa modalidade, a equipe multiprofissional visa ofertar uma qualidade de vida melhor para o paciente durante esse período da vida, utilizando os princípios da ortotanásia.
“A gente sabe que a eutanásia é proibida, mas, a ortotanásia, não. Ela é uma modalidade de ações em que você não prolonga a vida nem antecipa a morte. Então, se deixa o paciente evoluir de uma forma confortável. Enfim, para que essa pessoa tenha uma atenção especial nesse momento tão importante”, concluiu.
O termo é um tema discutido dentro da comunidade médica, porém, pouco difundido para a sociedade. De acordo com a presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sindprer), Maria De La Paz, é importante, primeiramente, a participação da população, para que ela compreenda os benefícios dos cuidados.
“Na audiência, haverá profissionais que poderão esclarecer qualquer dúvida. Também é importante saber que temos pessoal capacitado, que atua na área, oferecendo cuidados ao paciente e ao familiar, porque temos que tirar esse peso que se gera em torno do cuidado paliativo, pois tem pessoas que acham que isso significa abandonar o paciente e não fazer mais nada por ele”, explicou.
Foram convidados a participar médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, secretários de Saúde municipais e estadual, deputados federais e senadores, profissionais da área, a comunidade acadêmica e interessados no assunto.
Unacon
A Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia de Roraima (Unacon-RR) é referência no tratamento de pacientes com câncer. Só em 2022, foram realizados mais de 110 mil atendimentos médicos e multiprofissionais. De acordo com La Paz, os cuidados paliativos em pacientes oncológicos são feitos desde 2006, nas modalidades ambulatorial, atendimento domiciliar, hospitalar e internação.
“São pacientes que já estão fora da possibilidade de cura. Então, a gente tira o foco da doença e passa a focar no paciente e na família para cuidar dele, para que ele tenha autonomia e melhor qualidade de vida e de morte, porque é um processo natural da nossa vida”, informou.
Em 2022, o Hospital Geral de Roraima (HGR), que abriga a Unacon, iniciou o processo de paliação em pacientes não oncológicos, como os renais, cardiopatas, que tiveram AVCs (Acidente Vascular Cerebral), pneumonia ou qualquer outra doença que ameace a vida.
Suzanne Oliveira