Boas práticas de integração de refugiados na capital são compartilhadas com a Fundação Bernard Van Leer

Representantes da fundação holandesa estão conhecendo as práticas e ações que integram a comunidade venezuelana nos atendimentos municipais. – Fotos: Katarine Almeida

A Prefeitura de Boa Vista recebeu nesta terça-feira, 27, uma comitiva da Fundação Bernard Van Leer, que veio à cidade conhecer as práticas e ações que integram a comunidade venezuelana nos atendimentos municipais. Serão três dias de visitações, cuja a meta é levar as iniciativas como exemplo, para que outros países aprendam mais com as experiências desafiadoras de Boa Vista.

A comitiva é composta pela representante da Fundação no Brasil, Cláudia Vidigal; A representante da Resposta Emergencial para Imigrantes e Refugiados Global da Fundação, Elvira Thiessen; a empreendedora social, Maysa Zackzuck, que trabalha na integração de crianças imigrantes em escolas; A estudante de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Helena Cama, e a empresária, Daniela Nader, interessada em apoiar a causa dos refugiados e imigrantes no Brasil.

O primeiro local visitado foi o ‘Família que Acolhe’, programa pioneiro em desenvolvimento da primeira infância no Brasil, e que virou modelo de política pública para o país e o mundo. Das 23 mil beneficiárias cadastradas desde 2013, cerca de 3,3 mil são venezuelanas. Hoje, em torno de 1,6 continuam ativas no programa, fazendo o acompanhamento desde a gestação, assim como as beneficiárias brasileiras.

“A nossa meta é para que outros países possam aprender com as experiências de Boa Vista. Não estamos falando apenas da resposta emergencial, dos abrigos, mas sim da integração dessa comunidade aos serviços. Viemos para ter uma experiência real e entender como Boa Vista tem oferecido essa resposta, ainda que desafiadora, mas que vem trazendo bons resultados e aprendizagem para o mundo todo”, disse Cláudia Vidigal.

Ainda no primeiro dia, também visitaram duas escolas municipais para conhecerem essa integração na âmbito educacional. Pela manhã foram à Waldinete de Carvalho Chaves, no Nova Canaã e à tarde visitaram a Escola Vicente André da Silva, localizada na comunidade indígena Truarú da Cabeceira. Lembrando que, dos quase 48 mil alunos da rede municipal, cerca de 7.602 são venezuelanos, o equivalente a 15,85% de toda rede de ensino.

“Estamos aqui para aprender mais sobre o trabalho desenvolvido em Boa Vista, sobre o desenvolvimento da primeira infância. E mais especificamente, estou interessada no que a cidade tem feito com a comunidade venezuelana. Eu trabalho em outros lugares do mundo que enfrentam desafios similares a esse, e é importante que eu possa aprender com as respostas que Boa Vista tem dado para levar como exemplo para outros países”, disse Elvira Thiessen.

Outro ponto visitado neste primeiro dia foi o Hospital da Criança Santo Antônio, única unidade infantil do Estado, que tem sido um dos equipamentos municipais mais demandados devido o fluxo migratório, iniciado em 2017. Para se ter uma ideia, são feitos em média 600 atendimentos diários na urgência e emergência, e grande maioria são filhos de famílias venezuelanas.

Todos os serviços do hospital, das escolas municipais, Centros de Referência e Assistência Social garantem o acesso de todas as crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, sem distinção de nacionalidades. E as visitas continuam nesta quarta-feira, 28, na Selvinha Amazônica e o Mirante Edileuza Lóz, no Parque do Rio Branco.

Nesta quinta-feira, 29, será na Praça Clotilde Duarte Oliveira (Praça da Primeira Infância), no Nova Cidade. Também conhecerão o trabalho de Descentralização do FQA e o Programa de Visitação Domiciliar no CRAS Nova Cidade. O Bosque dos Papagaios (Caçari), será a última rota dos visitantes.

Fundação Bernard Van Leer – Instituição holandesa que se uniu à prefeitura em 2018, para transformar Boa Vista na cidade modelo para as crianças. A parceria focou nas intervenções urbanísticas por meio do Urban95, atuou na descentralização do Programa Família que Acolhe para os Cras e em diversos outros projetos que vem fortalecendo as politicas públicas para a primeira infância na capital.

Ceiça Chaves

 

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