A Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmou ao Norte Extremo que realiza estudos em dois blocos (TCT-T-01 e TCT-T02), na Bacia do Tacutu, em Bonfim.
No entanto, esses blocos ainda não podem ser incluídos nas licitações (leilões) da ANP, de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural.
Eles somente poderão ser oferecidos em uma licitação da ANP depois de concluídas todas as etapas prévias: os estudos e as avaliações, emissão de seus respectivos pareceres ambientais e realização de audiência pública.
A ANP explica que “oferta permanente” é, no momento, a modalidade de licitação de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Nesse formato, há a oferta contínua de blocos exploratórios e áreas com acumulações marginais localizados em quaisquer bacias terrestres ou marítimas.
O geólogo Vladimir de Souza, doutor em Geologia do Petróleo, esclarece, de maneira mais detalhada, como se dá esse processo tido como “complexo”. “Primeiro necessita de um EIA/RIMA, emitido pelo Ibama, pois o rio Tacutu é de responsabilidade do Governo Federal. Após as pesquisas geológicas preliminares para avaliação da área acerca de suas perspectivas petrolíferas, avaliações finais para depois seguirem para audiência pública e serem oferecidas em leilão, a ANP tem de ofertar a área para leilão com um mínimo de informações que despertem o interesse dos compradores”, detalha Souza.
Segundo ele, os royalties que podem vir a ser recebidos pelo estado de Roraima e município de Bonfim com a possível exploração comercial de petróleo, dependem do volume de produção da bacia.
“No entanto, só na fase de implantação da estrutura de exploração, são investidos centenas de milhões na economia do Estado. A transformação econômica é enorme e, dependendo do volume da jazida, pode ser muito maior, mudando a matriz econômica de Roraima”, ressalta.
Todo esse processo da pesquisa até o leilão dos lotes pode ser rápido ou demorar anos, observa o geólogo Vladimir de Souza.
“Depende do interesse do Governo Federal, mas como o assunto já entrou em pauta além de a pressão dada as descobertas do óleo na Guiana e Suriname, o processo pode ser acelerado”, disse, acrescentando que o “leilão dos blocos pode levar menos de um ano, se houver um leque de informações básicas”.
Ainda conforme Souza, a implantação de um terceiro curso de geologia na região Norte, com ênfase em pesquisa petrolífera, junto a um cadastro na ANP, foi estratégica, já esperando por esse momento de estudos sobre a ocorrência de petróleo em Roraima.
Ocorrência
No dia 8 de agosto, o Norte Extremo revelou com exclusividade que pesquisadores da Universidade Federal de Roraima encontraram indícios de petróleo na Bacia do Tacutu, em Bonfim.
Foram encontrados vestígios do óleo em amostras constituídas de folhelhos negros e nos carbonatos, coletadas em profundidades superficiais de 45 metros, em 2016. A descoberta pode incentivar novas pesquisas e futuras explorações, trazendo impactos positivos para a economia do Estado.
Andrezza Trajano | Norte Extremo