A PCRR (Polícia Civil de Roraima) confirmou na manhã de hoje, dia 31, a prisão do ex-senador Telmário Mota, ocorrida na noite desta segunda-feiea, 30, em Goiás. Ele está com a prisão decretada pela Justiça estadual sob a acusação de ser o mandante do assassinato de Antonia Araújo Sousa, de 52 anos, ocorrida no dia 29 de setembro deste ano, três dias antes de uma audiência em que a mulher estaria sendo ouvida na Justiça contra o ex-senador.
A confirmação da prisão foi feita na manhã de hoje pelo delegado que preside as investigações na DGH (Delegacia Geral de Homicídios), João Evangelista e pelo delegado-geral, Eduardo Wayner.
O delegado-Geral da Polícia Civil de Goiás, André Ganga, fez contato com Eduardo Wayner e informou que Telmário Mota foi preso por uma guarnição da Polícia Militar, na cidade de Nerópolis e entregue à Polícia Civil que deu cumprimento ao mandado de prisão. Ele estava sozinho, em um carro e não esboçou reação. Ele ficará custodiado na Delegacia de Homicídios daquele Estado.
O delegado João Evangelista informou que está solicitando a autorização judicial para fazer o recambiamento dele para Roraima.
Caçada Real
A prisão de Telmário Mota faz parte da Operação Caçada Real, deflagrada nas primeiras horas de ontem para dar cumprimento a três mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão.
A Operação, denominada Caçada Real, foi deflagrada em parceria com a Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de Roraima, DEINT (Departamento de Inteligência) da SESP (Secretaria de Segurança Pública), o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) e Força Tática da Polícia Militar e da DIPO (Divisão de Inteligência Policial) da Polícia Civil do Distrito Federal. Várias unidades da Polícia Civil prestaram apoio à Operação.
E Caracaraí foi preso L. L. C., acusado de ser o executor do assassinato. Em Boa Vista, foram aplicadas as medidas cautelares diversas da prisão, contra uma assessora do ex-senador C. G. C.
Com a prisão de Telmário, a Polícia Civil segue as diligências para cumprir o mandado de prisão contra o sobrinho dele, H. N. C. M., apelidado de “Ney Mentira”.
Durante a ação, na fazenda do ex-senador, a Polícia Civil prendeu em flagrante um caseiro que estava com uma espingarda em seu quarto, por posse ilegal de arma de fogo.
No local foram apreendidos, além da arma, dinheiro, documentos, telefones celulares, ipad, alvos de tiros e quatro projéteis que estavam fincados em uma árvore. Segundo depoimentos dados à Polícia Civil, dias antes do crime houve um treinamento de tiros nesta árvore, pelo executor do crime. Os projéteis apreendidos foram encaminhados ao ICPDA (Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida), para ser realizada comparação balística.
Coletiva e detalhes sobre o crime
Na tarde de ontem foi concedida uma coletiva à imprensa para falar do resultado da operação. Participaram da coletiva o delegado-geral, Eduardo Wayner, o secretário de Segurança, André Fernandes e o adjunto, Ellan Wagner, o promotor de Justiça da GAECO, Joaquim Eduardo dos Santos, o subcomandante da Polícia Militar, tenente-coronel Rocha, o diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), delegado Márcio Amorim e o delegado da DGH, João Evangelista.
O delegado-geral agradeceu ao GAECO, todo o apoio prestado às diligências da Polícia Civil, em relação às investigações.
O delegado João Evangelista, falou sobre detalhes das investigações. Segundo ele, houve uma série de diligências realizadas nos autos do inquérito policial que demandaram uma ação em conjunto de algumas unidades policiais e o Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança, bem como o Núcleo de Inteligência da própria Polícia Civil.
“Essa integração entre as instituições, essa integração entre os órgãos de segurança fez com que a gente lograsse êxito em confirmar informações, informes, identificar suspeitos, identificar veículos, levantar locais prováveis de serem terem sido utilizados pelo grupo, bem como criou um cenário para nós identificarmos vínculos e ações”, disse.
Com isso, segundo o delegado, foi possível observar quem planejou quem teve logística, quem atuou na parte de buscar os executores, como escolheram o dia mais difícil mais propício para a execução do crime.
“Houve um planejamento, houve uma análise de riscos, eles verificaram as possibilidades, monitoraram, acompanharam, identificaram a rotina da vítima justamente para que a execução fosse realizada com o menor risco de eles serem pegos em flagrante naquele momento. Hoje nós temos a convicção de que os elementos de informação do inquérito apontam pelo menos um executor, que é que foi preso hoje [ontem], um sobrinho do ex-senador Telmário Mota, apontam uma ex-assessora dele e ele, como o beneficiário com a morte, o sujeito no qual, o planejamento foi orquestrado na própria fazenda dele e que provavelmente, tudo leva a crer que ele foi o mandante”, detalhou.
Segundo o delegado, a motivação da execução do crime diz respeito a uma série de circunstâncias.
“A vítima foi responsável, juntamente com a filha dele, por informações que iniciaram uma investigação policial no ano de 2022 e alcançaram um processo criminal pelo crime de estupro e fez com que ele passasse a ser réu, por esse crime. A mãe, no caso a vítima, seria ouvida, seria inquerida, era testemunha daquele processo. Não apenas isso, havia outros processos dando conta de pensão alimentícia e de valores que ela estaria cobrando para ele na Justiça. Então com a morte dela, em tese cessariam essas situações. Por si só, isso nos garante que ele teria sim, motivos para matá-la”, afirmou.