Centro de Apoio à Família cadastra e inscreve famílias de crianças com autismo

Atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e conta com duas equipes multidisciplinares. – Foto: Nonato Sousa e divulgação TV Assembleia (57.3)

O Centro de Apoio à Família está cadastrando e inscrevendo famílias para a avaliação de crianças e adolescentes com sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os interessados devem procurar a instituição, localizada na rua da Jaqueira, 623, bairro Caçari, durante o horário comercial, das 8h às 18h, munidos de documentos pessoais, como Registro Geral (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF), comprovante de residência, certidão de nascimento da criança e laudo médico, caso já tenha sido diagnosticada como autista.

“As inscrições são para as famílias que buscam as terapias para pessoas que têm o laudo fechado para autismo, que já passaram pelo processo de investigação. Elas serão atendidas pelas clínicas que estão sendo credenciadas para realização de terapias contínuas”, explicou a assistente social Joice Moura.

O cadastro é para as famílias que já identificaram sinais de autismo na criança. “Hoje, as famílias observam seus filhos em um contexto diferenciado. Após o cadastro, elas são avaliadas por uma equipe multiprofissional. A maioria dos atendimentos é de crianças na faixa etária de um ano até 16 anos”, disse Joice.

O Centro de Apoio tem duas equipes multiprofissionais que atendem pela manhã e à tarde, formadas por psicólogos, fisioterapeutas, educadores físicos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos e neuropedagogos.

Foi a experiência com o filho aos seis anos de idade que levou o coordenador do Centro da Família, Ednaldo Coelho, que é professor de carreira universitária, a investir na formação educacional com foco no autismo.

“Foi após um ano e meio ao se iniciarem as investigações, que tivemos o diagnóstico de autismo. Mas eu já tinha uma bagagem teórica para dar o tratamento de que ele precisa e merece. Ressalto que autismo não é doença, mas uma condição. A pessoa nasce e morre autista”, lembrou.

No Centro da Família é feito um trabalho de recuperação da aprendizagem, pois o autista tem um retardo no aprendizado. “Trabalhamos as questões pedagógicas para tentar trazer essa criança para o marco ideal com relação à aprendizagem. O meu filho com um ano e dois meses, por exemplo, faz coisas de uma criança com um ano e quatro meses”.

A Análise Aplicada do Comportamento baliza o nível de suporte de autismo para que a pessoa receba o tratamento adequado, no caso, as terapias com fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e fisioterapeutas.

“Se a criança tem até cinco anos de idade, trabalhamos com a terapia Denver. Acima dessa idade, a terapia indicada é a ABA. Na primeira, se trabalha com a motivação por meio de um processo lúdico; enquanto a segunda é aplicada por profissionais multidisciplinares”, detalhou.

Segundo o coordenador, as terapias têm dois fundamentos: intensidade e frequência. “Até os cinco anos de idade, temos que aproveitar para fazer a terapia com intensidade e frequência porque a criança ‘suga’ tudo. Se interromper, a prejudica no desenvolvimento e convívio com a sociedade de um modo geral”, disse.

Cadastro

Após se cadastrar, a família é encaminhada para a assistente social que faz a triagem e encaminha para outros profissionais, como nutricionista, psicopedagogo, educador físico, psicólogo, terapeuta ocupacional, que vão dar continuidade à investigação para identificar se é ou não autista.

“A partir da triagem, a criança tem direito a oito atendimentos marcados para fazer as terapias que vão diagnosticar se têm ou não traço de autismo. Depois, é encaminhado para o médico”, explicou o educador físico Maycon Silva.

Ainda de acordo com ele, no processo de avaliação se tenta identificar o que a criança de fato precisa, qual o método ideal, se o Denver ou o Aba, de acordo com a idade, a ser aplicado para colocar no relatório e encaminhar para o médico, para que ele faça o laudo dizendo o que a criança precisa para se desenvolver. “Como profissional de educação física, busco descobrir se a criança tem dificuldade no planejamento motor, quais as habilidades motoras em atraso e se estão de acordo com a idade dela”, acrescentou.

Uma orientação importante que é dada aos pais é que “eles não foquem nas dificuldades das crianças, mas nas competências e habilidades, pois aquelas com autismo tem uma capacidade muito grande de se desenvolver por meio de estímulo”. “Essa dica é valiosa porque a maior parte do tempo dos autistas é em casa e com os pais”, ressaltou Silva.

Sinais de autismo

Os pais devem ficar atentos também aos sinais de autismo. Um deles é a sensibilidade auditiva, chamada de alteração sensorial, quando a criança se desregula quando tem um som muito alto, situações quando há muito movimento e quando não consegue pisar a grama. Nessas horas, é comum a criança tapar os ouvidos.

A seletividade alimentar é outro sinal, pois é quando a criança apresenta dificuldade em comer certas coisas. Neste caso, recomenda-se levar a uma nutricionista para que ela verifique se é uma seletividade ou um mau hábito alimentar.

O hiperfoco, conforme detalhou o educador físico, leva a criança a não ver o que acontece ao seu redor. Às vezes, fica tão ligada na TV ou fazendo outra atividade que não responde ao chamado de outras pessoas.

“Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor para começar a tratar. Às vezes, pode ser outro transtorno, confundido com autismo, que ao ser identificado na avaliação poderá receber o tratamento correto”, informou Maycon Silva.

O neuropsicopedago Alex Pontes disse que como profissional observa que o resultado do trabalho no Centro de Apoio à Família está sendo satisfatório. “Acreditamos que é um processo em evolução para contribuir com as famílias e na aprendizagem dessas crianças na escola”.

Marilena Freitas

 

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