Centro de Promoção distribui panfletos na Praça das Águas e esclarece dúvidas sobre tráfico humano

Durante a semana, houve várias ações com parceiros da rede de proteção. – Fotos: Eduardo Andrade

Em alusão ao Dia Mundial e Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, celebrado neste sábado, 30, o Centro de Promoção às Vítimas do Tráfico de Pessoas, do Programa de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), distribuiu panfletos e abordou transeuntes na Praça das Águas com o objetivo de mostrar como funciona esse tipo de crime, uma realidade no Estado.

Durante a semana, o Centro de Promoção participou de várias ações com os parceiros da rede de proteção. O coordenador, Glauber Batista, disse que quando as pessoas tomam conhecimento sobre o tráfico humano e de como esse crime ocorre, mais denúncias vão surgindo e, consequentemente, mais vítimas vão sendo libertadas. Além disso, evita-se que outras acreditem nas promessas dos aliciadores.

Socorro Santos

“O ‘Coração Azul’ começou no Brasil em 2013, mas é uma campanha mundial de enfrentamento a esse tipo de tráfico. Escolhemos a praça por ser um local que tem um movimento considerável de pessoas, justamente para alertar sobre essa realidade”, afirmou.

Batista destacou que o tráfico de pessoas envolve o trabalho escravo e de exploração sexual, principalmente de crianças e adolescentes. “Importante ressaltar que a modalidade principal deste crime é o trabalho escravo, que vem crescendo no mundo, principalmente entre os migrantes, que estão em situação de vulnerabilidade social, seguido da exploração sexual”, acrescentou.

A diretora do Programa de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania, Socorro Santos, explicou que o objetivo é humanizar e proteger as pessoas que estão em vulnerabilidade, atendendo e encaminhando à rede de proteção e aos órgãos competentes.

“Mas a principal forma do nosso trabalho é a prevenção. Elaborar propostas e ações que se disseminem para que as pessoas conheçam os seus direitos. Hoje é um dia muito importante para todos nós. Trata-se de uma das piores formas de agressão, pois esse é um crime invisível e silencioso”, avaliou.

Aldeci Ribeiro da Silva

Com o advento das novas tecnologias, os aliciadores investiram em novas formas de tráfico humano. “O crime se modernizou e atualmente as pessoas estão encarceradas sem perder o direito de ir e vir. Aqui em Roraima, já tivemos vários casos. Durante esta semana, ouvimos relatos de migrantes que foram levados para trabalhar no campo em regime de servidão e trabalho forçado”, detalhou.

A dona de casa Aldeci Ribeiro da Silva já tinha ouvido falar, mas não fazia ideia de que Roraima faz parte de uma rota internacional de tráfico de pessoas. Ela recebeu as orientações da equipe do Centro e ficou assustada. “Não sabia que estava em um nível tão alto. Essa ação é muito importante porque é um alerta. Lá em casa temos muito cuidado com as crianças”, contou.

O estudante Arthur Cavalcante Lira, 14 anos, sabia muito pouco sobre o assunto. “A equipe me abordou e disse que é importante prevenir, que é perigoso andar sozinho e que não devemos aceitar propostas de estranhos. Fiquei assustado e até com medo de ser sequestrado”, comentou.

‘Educar é Prevenir’

Arthur Cavalcante Lira

O Centro de Promoção investe em várias ações de combate. Uma delas é o projeto “Educar é Prevenir”, criado em 2017 e que tem como foco os adolescentes dos estabelecimentos de ensino da capital e do interior, por serem considerados o principal público-alvo dos aliciadores.

Em agosto, as ações, que foram suspensas durante a pandemia, serão retomadas. Receberão a visita do projeto as escolas estaduais Professora Maria das Dores Brasil, Pastor Fernando Granjeiro de Menezes, Vanda Davi Aguiar e 13 de Setembro. As datas, conforme detalhou Glauber Batista, estão sendo ajustadas com cada escola.

O projeto já atendeu 33 escolas, sendo a maioria na capital, e nos municípios de Pacaraima e Bonfim, que fazem fronteira com a Venezuela e República da Guiana, respectivamente, além de Rorainópolis e Caracaraí, localizados às margens da BR-174, rodovia que é porta de entrada para Roraima.

O Educar é Prevenir capacita docentes e discentes das escolas, do porteiro ao gestor. Todos são preparados para ficarem mais atentos ao comportamento dos alunos e às investidas dos aliciadores.

Marilena Freitas

 

 

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