Ciclo da safrinha: Campo experimental testa quatro culturas em 2022

Girassol, algodão, milho e sorgo vêm mostrando bons resultados no período pós-colheita. – Fotos: Jonathas Oliveira

Quatro culturas de safrinha mostram viabilidade no campo experimental da Prefeitura de Boa Vista, localizado no Centro de Difusão Tecnológica (CDT), Bom Intento: girassol, algodão, milho e sorgo granífero. Na safrinha, as cultivares são plantadas logo após a colheita principal, aproveitando o restante do período de chuvas, contribuindo para complementar a renda do produtor e a diluir os custos fixos, além de otimizar o uso das máquinas, insumos e mão de obra da sua propriedade.

Testadas pela equipe da Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Indígenas (SMAAI), estas culturas não são cultivadas com alto investimento, pois a ideia é buscar um complemento financeiro para os produtores rurais. O objetivo não é produzir como no período da safra predominante, que aproveita o período de chuvas abundantes.

O secretário da SMAAI, Guilherme Adjunto afirma que a safrinha é um modelo que já acontece em grande parte do Brasil e que além de se utilizar da técnica do sistema de plantio direto, permite a rotação de cultura, ajuda a manter o solo sempre coberto com palha, reduz a incidência de ervas daninhas e mantém a parte biológica do solo ativa. Além disso, essa cultura ajuda a ciclar os nutrientes que sobraram no cultivo anterior, melhorando assim a fertilidade do solo.

“Se observamos o período de plantio e colheita, os produtores rurais trabalham com a safra, que é o plantio da cultura principal e que dá mais resultado financeiro, no período chuvoso onde a condição climática é mais favorável. Porém, após a colheita, no período do verão, ocorre algumas chuvas ocasionais e muitos produtores aproveitam para implementar a cultura de safrinha, que é a segunda safra no ano de uma determinada cultura”, explicou o secretário da SMAAI, Guilherme Adjuto.

Girassol

A cultura do girassol possui duas características importantíssimas. “A primeira, é por ele ter uma maior capacidade de sobrevivência em períodos de baixa umidade no solo, quando comparado a outras culturas comerciais. A segunda característica é fazer a ciclagem de nutrientes, buscando em camadas mais profundas do solo e trazendo para a camada superior, o que se torna benéfico para o sistema”, disse o engenheiro agrônomo da SMAAI, Fabio Guths.

Ainda de acordo com o engenheiro agrônomo, o objetivo de cultivar o girassol é a produção de óleo e como se instalou na capital, uma indústria voltada a extração de óleo de soja, futuramente poderá inclusive processar a semente do girassol. “Será interessante também para a indústria utilizar essa cultura como matéria-prima e o melhor. Será uma cultura com um baixo investimento no manejo, pois não demanda de quase nenhum controle de pragas e doenças e ao mesmo tempo vai complementar a renda do produtor”, explicou o engenheiro agrônomo.

Milho

Essa produção foi instalada no campo experimental seguindo dois tipos de manejo, onde um deles é o tradicional manejo de cultura safrinha, semeado após a colheita da cultura principal. O segundo plantio é conhecido como sistema “Antecipe”, onde a cultura do milho é semeada nas entrelinhas da cultura da soja antes mesmo da sua colheita, permitindo antecipar em até 20 dias a semeadura da safrinha, o que pode gerar grande diferença na produtividade, visto que é um período que normalmente as precipitações pluviométricas são menores. Esse sistema é conduzido pelo segundo ano no CDT e é o único trabalho no estado utilizando-se desta técnica.

Algodão

Outra cultura da safrinha que se encontra no CDT é o algodão com 15 variedades, sendo cultivado em sistema de sequeiro e uma parcela no sistema irrigado que é inédito no estado. Ele é uma cultura muito rentável, porém, demanda de altos investimentos e manejo adequado.

O cultivo em área irrigada busca trazer resultados que possam servir de base para agricultores que possuem ou buscam ter em suas propriedades, sistemas de irrigação. “Temos no estado um enorme potencial para instalação de sistemas irrigados, porém, não temos informações de quais culturas sejam mais rentáveis e adaptadas à nossa realidade”, concluiu o engenheiro agrônomo

Sorgo

Tem como maior objetivo a formação de cobertura verde pós safra e também possibilita a colheita dos seus grãos para que o agricultor armazene e os tenha para plantio no ano posterior.

O sorgo tem baixo custo de produção, já que se utiliza do residual de nutrientes deixados pela cultura anterior. Seu sistema radicular ajuda na melhoria das condições físicas do solo, sendo também uma excelente opção para rotacionar culturas. A biomassa deixada por esta cultura após senescência aumenta a matéria orgânica do solo melhorando a fertilidade e promovendo o aumento da sua microbiologia.

O sistema de plantio direto, cada vez mais utilizado é composto por três pilares: revolvimento mínimo do solo, rotação de culturas e formação de palhada, e por suas características o sorgo mostra sua viabilidade na sustentabilidade desse sistema.

Wandilson Prata

 

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