Coluna Voz & Valor – por Carol Padilha

Você diz SIM com consciência, ou vive no piloto automático?

“Cada ‘sim’ automático pode estar custando a sua vida, o seu tempo e o seu propósito.”

Dizer “sim” para tudo pode parecer virtude. Mas quando o “sim” se torna automático, ele cobra um preço alto. Cada vez que aceitamos uma demanda sem sentido, estamos dizendo “não” a algo essencial: ao descanso, à saúde, ao tempo com quem amamos — ou até ao nosso próprio propósito.

A Psicologia Positiva nos lembra que o bem-estar não nasce da exaustão, mas do equilíbrio entre realização, sentido e autocuidado. Ignorar nossas forças e limites nos coloca em modo “sobrevivência”: esgotados, reativos, desconectados do que nos fortalece.

Daniel Goleman explica que esse comportamento nasce de uma necessidade básica: ser aceito. Queremos aprovação, pertencimento, evitar conflitos. Então sorrimos, acenamos e aceitamos. Mas o efeito acumulado é corrosivo: ressentimento, frustração e a sensação de viver para os outros, não para nós mesmos.

Não se trata de perfeição. Trata-se de consciência: perceber o padrão e começar a transformá-lo, mesmo que em passos pequenos.

Os sinais de quem diz “sim” demais

• Aceita convites ou tarefas mesmo exausto → perde energia para o que realmente importa.

• Evita dizer “não” por medo de desapontar → constrói relações superficiais, onde não se mostra por inteiro.

• Acumula funções para se sentir indispensável → sobrecarrega-se, com queda na produtividade e no humor.

• Coloca a própria agenda em segundo plano → vive em estado de urgência, sem espaço para o essencial.

É como um armário lotado de roupas que quase não usamos: tudo se mistura e, no fim, não enxergamos o que realmente importa.
Pesquisas do neurocientista dinamarquês Martins Lindstrom mostram que cerca de 85% das nossas decisões surgem no impulso, e só depois a razão entra em cena. Pense no controle remoto: você aperta, não funciona; insiste; repete… até perceber que precisa trocar a pilha. Os primeiros movimentos foram automáticos. Assim também com nossos “sins”.

Por isso, pausar antes de decidir pode ser transformador. Essa pequena pausa abre espaço para escolhas mais conscientes, alinhadas ao que é essencial.

O presente que escapa

Temos cinco sentidos, mas mais de 80% da nossa percepção diária passa pela visão. Quando foi a última vez que você realmente ouviu o som da chuva, sentiu o vento ou observou o movimento das árvores sem pressa?

Quase metade do tempo nossa atenção está fora do presente. Você pode estar olhando a chuva, mas sua mente está presa na agenda. Refletir, desacelerar e voltar ao aqui e agora nos ajuda a enxergar melhor o mundo e a nós mesmos.

Nosso cérebro é treinado para captar ameaças, e isso potencializa o viés negativo, distorcendo a realidade. Desenvolver atenção plena e cultivar os sentidos é, então, expandir a consciência e criar liberdade emocional.

O jardim da vida

Viver não é acumular aprovações, mas cultivar espaço para as paisagens — inclusive as que moram dentro de nós.

Imagine sua vida como um jardim. Cada “sim” automático é uma planta que cresce sozinha, muitas vezes sufocando flores mais valiosas. Ao aprender a dizer “não”, você abre espaço para que suas flores essenciais — tempo, energia, propósito, relações genuínas — recebam luz, água e cuidado.

Exemplo prático: reservar 30 minutos por dia apenas para si — lendo, caminhando, ouvindo música ou refletindo. Pequenos gestos assim criam raízes de presença, clareza e propósito.

Como dizer “não” sem culpa

1. Pausa consciente – respire e observe se o pedido está alinhado ao seu essencial.

2. Registro de vitórias – celebre escolhas conscientes e momentos de autocuidado.

3. Metáfora visual – visualize seu jardim e remova o que ocupa espaço sem propósito.

4. Reflexão final – lembre-se: cada “sim” automático pode ser um “não” à sua vida.

5. Analisar fatos e dados – baseie suas decisões na realidade, não apenas no impulso.

Para guardar

Cada escolha é uma semente. Respire, observe, pergunte a si mesmo:

“Esse sim serve ao meu propósito, ou é apenas medo de desapontar?”

Gentileza consigo não é egoísmo — é coragem. Ao selecionar melhor os “sins”, cultivamos relações autênticas, escolhas leves e uma vida mais próxima do essencial.

✨ Lembre-se: cada “sim” sem consciência pode ser um “não” para a sua própria vida.

(*) Carol Padilha é Empreteca, Administradora, Empreendedora, Dama Comendadora, Especialista em Gestão, Neurociência para Negócios, Psicologia Positivia. Apaixonada por ajudar pessoas a resolverem problemas complexos e a enxergarem sentido em suas jornadas.
Nota de Rodapé: Nesta coluna, trago reflexões que unem Gestão, Empreendedorismo, comportamento humano e experiências do cotidiano para inspirar você, leitor, a atravessar seus desafios com mais consciência, coragem e sentido

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