Nos últimos dias, os Correios (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) têm sido alvo de reclamações no Procon Assembleia. As principais queixas foram demora na entrega, não recebimento de encomendas e o atendimento precário nas agências.
Como a empresa pública detém o monopólio de alguns serviços essenciais à população, o órgão administrativo de defesa do consumidor da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), além de intermediar algumas dessas demandas, notificou a empresa para prestar esclarecimentos num prazo de dez dias.
“Nós recebemos essa demanda há dois dias, quando os Correios argumentaram que tiveram um problema no sistema de atendimento, o que justificaria o aumento da presença de consumidores nas agências. Mas não foi só isso, nós temos relatos dos consumidores que não têm sido atendidos em razão do horário reduzido, demora na entrega estipulada, com informações cruzadas nos sites de compras de que aquela mercadoria se encontra nas agências, mas os Correios não reconhecem, entre outros”, esclareceu a diretora do Procon Assembleia, Mileide Sobral.
Longas filas
Nesta sexta-feira, 22, na frente do CDD (Centro de Distribuição Domiciliária) do bairro São Vicente, Daniel Lozan, gerente de um comércio em Boa Vista, aguardava numa fila. Inconformado com o horário de atendimento reduzido da empresa, das 9h às 12h, ele desabafou sobre a dificuldade de receber uma peça para o conserto de sua moto.
“O mecânico veio ontem aqui, mas não conseguiu encarar a fila. De tão imensa, ele desistiu. Hoje estou aqui novamente, pois estou prejudicado sem o meu transporte”, afirmou Lozan sobre a mercadoria comprada há dois meses pela internet.
Numa rua do bairro Jardim Tropical, na zona Oeste de Boa Vista, a residência de Nadynne Leal, professora e cantora, se destaca por causa do aviso afixado ao lado do portão de entrada: “Senhor carteiro, por gentileza, apertar a campainha, pois estamos em casa. Gratos”. A ideia surgiu após as muitas esperas nas filas dos CDDs para retirar mercadorias que, segundo os Correios, não foram entregues pela ausência de moradores no local.
“Minha casa tem campainha e eles não tocam, temos câmeras e monitoramos, então o meu problema maior é eles dizendo que vêm, quando na verdade não vêm, que o produto está a caminho e nunca chega e, principalmente, dizendo que o produto foi entregue. Aí acontece que temos que ir naquela fila grande, sob sol quente, para poder pegar o produto no São Vicente, Asa Branca ou no Raiar do Sol. Esses dias peguei uma fila enorme no Asa Branca e não consegui retirar meu produto”, desabafou.
Como o recado não surtiu o efeito esperado, Leal, muitas vezes, opta por encaminhar as encomendas para familiares em Caracaraí, mesmo com uma taxa de entrega maior. “Por ser uma cidade pequena e todo mundo se conhecer… Então, às vezes, a gente recebe o produto, quando eles não mandam para Boa Vista, e a gente tem que se virar”, relatou.
Além da logística precária dos Correios em Roraima, quem mora na região Norte sofre com fretes abusivos e prazos de entrega mais longos se comparados ao restante do país. Entretanto, Sobral alerta que para fazer valer seus direitos, além de registrar reclamações nos canais formais de comunicação ou mesmo acionar a Justiça, o consumidor precisa saber quem é o responsável pela entrega: o fornecedor do produto e/ou serviço que pode contratar os Correios ou uma transportadora ou a própria estatal.
“É preciso saber se a pessoa contratou diretamente os Correios ou se aquele consumidor comprou pela internet em outra empresa e está esperando chegar pelos Correios. No primeiro caso, se ele sofreu algum dano, uma perda significativa, é importante que busque o ressarcimento junto aos Correios ou ao judiciário. Já no outro, ele tem um relacionamento direto com o fornecedor até que o produto chegue ao destino, então é quem fornece que tem a responsabilidade de entrega dentro do prazo estipulado”, explicou a diretora do Procon Assembleia.
Para esclarecer essas e outras dúvidas relacionadas ao direito do consumidor, o cidadão pode receber atendimento do Procon Assembleia no prédio da Superintendência de Programas Especiais da Assembleia Legislativa de Roraima, na avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis, das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, sem intervalos, ou ainda pelos canais de atendimento remoto via WhatsApp pelo número (95) 98401-9465 e no site al.rr.leg.br/procon/
Suellen Gurgel