Crianças migrantes criam teatro de fantoches para alertar sobre violência sexual infantil em Roraima

Projetos da Visão Mundial em Roraima dedicam semana à prevenção da violência e abuso infantil. – Foto: Josué Ferreira/Visão Mundial Brasil

Uma mãe precisa se ausentar e pede ao vizinho para que cuide do filho dela. Nesse intervalo de tempo, a criança sofre abuso do homem, que a força a beijá-lo. Essa cena é retratada em um teatro de fantoches, criado por meninas e meninos venezuelanos, atendidos pelo projeto de Educação e Proteção da ONG Visão Mundial, apresentado em igrejas e organizações em Boa Vista.

O diálogo é feito à medida que os fantoches dão vida aos personagens assistidos pelos pais. É um alerta sobre como o abuso e a violência sexual infantil podem ocorrer com pessoas próximas, como vizinhos, ou mesmo dentro de casa, por familiares. A mensagem final é apenas uma: ouvir o seu filho e denunciar, como ocorre na peça teatral apresentada, que termina com o abusador preso.

Uma pesquisa divulgada pela Visão Mundial nessa terça-feira (17) revela que o abuso e a violência sexual são um dos principais desafios enfrentados por crianças e adolescentes no Brasil. Completam a lista: matrimônio infantil, gravidez na adolescência, educação interrompida, trabalho infantil, insegurança alimentar e letalidade infantojuvenil.

“As crianças produziram os fantoches e fizeram a encenação, justamente para dizer aos pais que fiquem atentos, em constante vigilância, pois esses casos podem estar próximos a nós e temos que saber como preveni-los. O objetivo é alertar sobre o abuso e a violência infantil, sejam com pessoas da família ou próximas”, fala a coordenadora do projeto de Educação e Proteção, Lusmara López.

Prevenção

Prevenir é o caminho para proteger. Por isso, o dia 18 de maio é dedicado à proteção dos direitos desse público, para que tenha uma infância feliz, sem quaisquer maus-tratos ou casos de violências. A organização, com histórico de mais de 45 anos frente à promoção de programas e ações que discutam soluções para esses problemas, continua atuando para proteger os mais vulneráveis.

Após o teatro de fantoches nas igrejas e na sede da ONG Exército da Salvação, os responsáveis pelas crianças atendidas pelo programa de educação e proteção participam da palestra “Crescer sem Violência”, com psicólogos, para reforçar os cuidados com meninos e meninas. A expectativa é orientar mais de 240 pais e mães.

Além disso, o projeto Ven, Tú Puedes, também de resposta à crise migratória da Venezuela, realiza atividades na brinquedoteca da Agência Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA). O tema é o combate à violência e ao abuso sexual das crianças e conta com o apoio da equipe de proteção da ADRA. Entre os jogos está o “Não me toca, seu boboca”, inspirado no livro que trata o tema de forma simples para as crianças.

No espaço lúdico são atendidos os filhos dos migrantes e refugiados que fazem curso da organização. O local também tem livros, jogos e profissionais da Educação para acolher os pequenos.

“Pensamos em algumas atividades simples, que fazem a diferença e estão ligadas à temática do dia 18 de maio. Teremos jogos e vídeos de animação sobre crescer sem violência, como o toque indevido, questões do corpo e descoberta da sexualidade, além de palestras para os pais”, explica o assessor de proteção da iniciativa, Rafael Paixão.

Josué Ferreira

 

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