Dia da Pessoa Surdocega: Música, dança e informação marcam programação especial promovida pela ALERR

Participantes do encontro colocaram de lado diferenças e celebraram semelhanças com muita troca de experiências. – FotoS: Marley Lima

Educação, inclusão, música, dança e uma palestra sobre autoestima e aceitação marcaram o evento alusivo ao Dia Internacional da Pessoa Surdocega, organizado pelo Centro de Apoio à Pessoa com Deficiência do Programa de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa de Roraima (PDDHC/ALE-RR) em parceria com a Associação dos Deficientes Visuais de Roraima (Advir) e o Programa Viva Melhor Idade da Setrabes (Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social), no bairro Caranã, nesta segunda-feira, 27, das 8h30 às 12h.

Fundada em 2004, a Advir é uma organização de utilidade pública tanto municipal quanto estadual, e é pioneira no auxílio e socialização à pessoa cega e de baixa visão no Estado. De acordo com a presidente do PDDHC, deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), o evento marca a retomada da parceria entre o programa e a associação.

“Hoje, 27 de junho, é o dia da comemoração do Dia Internacional da Pessoa Surdocega. Nós estivemos com a presidente da Advir e ela solicitou a retomada dessa parceria com a Assembleia e estamos com força total, pois é muito importante a gente dar apoio a uma instituição séria como esta. Esse fortalecimento é para que as pessoas possam ter acesso a políticas públicas e acessibilidade, como também lazer, convivência social”, esclareceu a deputada.

Para a presidente da Advir, Deisiane Silva, ser incluída nos trabalhos do PDDHC dará mais visibilidade aos obstáculos enfrentados no dia a dia. “Essa parceria vai ser muito importante para que a gente possa levar para a sociedade as nossas dificuldades e evoluir com relação à inclusão”, afirmou.

Cultura, troca e aprendizado

A cidade não está preparada para incluir o deficiente, seja motor, visual ou com mobilidade reduzida. Faltam espaços culturais e educacionais, transportes públicos, sinalizações, escadas e calçadas adaptadas que permitam o livre ir e vir.

Além das barreiras concretas, há os entraves fruto da ignorância e do muro invisível entre pessoas com e sem deficiência. Exige-se que o deficiente se molde a um mundo que não foi feito com ele e para ele, sobra estigma social, preconceito e exclusão.

“Hoje, a sociedade em si não sabe lidar com as nossas deficiências, então esse evento acaba sendo muito importante tanto para a sociedade como para nós que possuímos uma deficiência”, afirmou a presidente da Adir.

Com uma programação repleta de música, dança e informação, os participantes do encontro colocaram de lado as diferenças e celebraram as semelhanças. No gingado coreografado da Associação Cultural de Capoeira Senzala, os deficientes aprenderam alguns batuques marcados, soltaram o corpo e se deixaram envolver por uma animada roda de samba e pela dança de origem afro-indígena-brasileira, o Maculelê, que simula uma luta tribal usando bastões.

A troca foi um desafio e um aprendizado para a professora de capoeira Ana Senzala. Ela gostou tanto da experiência que pretende encampá-la. “Nós nunca tínhamos interagido com pessoas com deficiência visual nem surdas, e isso foi uma experiência muito boa, pois é um aprendizado para eles e para nós também. E nós vamos montar um projeto para trabalhar com o pessoal com deficiência visual, o que vai ser muito gratificante”, revelou.

O coral do programa de extensão “Uerr e Comunidade Cantando Libras” executou a música “Deus e eu no Sertão”, da dupla sertaneja Victor e Léo. A estudante do curso de Geografia da Universidade Estadual de Roraima (Uerr) Izaura Peixoto, 21 anos, uma das integrantes do coro, não escondeu a satisfação de participar da atividade que, além de render nota na disciplina obrigatória de Libras, também cumpre a função social da instituição de ensino.

“Foram muitos dias de treino. Chegar aqui e conseguir apresentar foi muito incrível e é uma ótima experiência, pois essa é uma lembrança que vou levar para o resto da vida. E essa é a função da universidade: fazer a teoria lá e vir para o campo em prática”, analisou.

Uma palestra sobre autoestima e autocuidado, ministrada pela psicóloga do PDDHC, Sangida Teixeira, encerrou as atividades. Com a pergunta inicial “você sabe o que é autoestima?”, as pessoas compartilharam histórias de lutas e superação, vulnerabilidades e potencialidades.

Data

O dia 27 de junho foi escolhido em homenagem ao aniversário da escritora e ativista social norte-americana Helen Keller (1880 1968). Famosa por suas obras “A História da Minha Vida” e “O Mundo em que Vivo”, ela foi a primeira pessoa surda-muda a entrar para o ensino superior.

Suellen Gurgel

 

 

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