Encontro promove ideias negócios inovadores sustentáveis com foco na conservação da floresta amazônica em Boa Vista

A iniciativa reuniu cerca de 50 pessoas de diversas idades, nacionalidades e etnias. – Fotos: Fernando Siqueira/PNUD

Diversidade. A palavra que resume o que foi a quarta edição do Programa de Ideação, ocorrida neste final de semana, na sede do Sebrae Boa Vista. O encontro foi marcado pela pluralidade de conhecimentos e experiências dos participantes. A iniciativa reuniu cerca de 50 pessoas de diversas idades, nacionalidades (brasileiros, haitianos, venezuelanos e beninenses) e etnias (povos indígenas Macuxi, Waiwai e Wapixana).

O Programa utiliza o formato e a metodologia de bootcamps, que são treinamentos imersivos para o desenvolvimento de habilidades, incorporando desafios de inovação relacionados às temáticas de conservação, recuperação e uso sustentável da vegetação nativa. Durante o final de semana, os/as participantes tiveram que transformar ideias em empreendedorismo sustentável e inovador com foco na conservação e uso sustentável da floresta amazônica.

De acordo com a assessora técnica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Fernanda Coelho, a proposta do encontro foi promover a estruturação de novas ideias que venham atender à recuperação e à conservação da vegetação nativa no estado de Roraima. ‘’A gente busca incentivar as pessoas que tenham interesse em pensar fora da caixa, como por exemplo, construir alternativas e soluções em bioeconomia, com o intuito de substituir a cultura do desmatamento por novas iniciativas que pensem a manutenção e a conservação da biodiversidade’’, explicou.

No primeiro dia, os/as participantes se dividiram em sete times: Açaí no Bule; Inovazônia, ITiTi (Instituto Turismo Imersivo em Terras Indígenas); Os Exponenciais; Pacovã; Resiliência Solar; e Preservarr. Cada grupo teve que pensar coletivamente em ideias para o desafio relacionado a agregação de valor aos produtos e subprodutos da sociobiodiversidade.

Nos dois dias, os times passaram por treinamentos e atividades “mão-na-massa”, seguindo uma metodologia customizada para o desenvolvimento de uma solução inovadora para a resolução de desafios relacionados as temáticas de conservação e recuperação da floresta. Além de conceitos básicos de modelagem de negócio, a metodologia buscou o desenvolvimento de habilidades, despertando, assim, potenciais para inovar e tirar as ideias de projetos do papel. Durante o fim de semana, os grupos ainda contaram com o acompanhamento de mentores/as com vivência de mercado de trabalho e experiência com atividades de inovação e uso sustentável.

Ao final, os/as participantes apresentaram soluções para uma banca de especialistas em negócios que avaliou as propostas relacionadas à biodiversidade e à conservação da Amazônia no estado. Os projetos construídos pelos times foram i) o aproveitamento da semente do açaí para a produção de bebida semelhante ao café (Açai no Bule); ii) a transformação do buriti em um óleo de cosmético (Oilti); iii) turismo de base comunitária sustentável em comunidades indígenas (ITiTi); iv) transformação do caule da bananeira em copo biodegradável (Os Exponenciais); v) beneficiamento do caule da bananeira em embalagens sustentáveis (Pacovã) com foco em bares e restaurantes locais; vi) assessoria técnica para reflorestamento e plantio e monitoramento em áreas degradadas financiadas por empresas (PreservAmazônia); e vii) reciclagem e manejo de placas e outras estruturas do sistema de energia solar(Resiliência Solar).

A jovem indígena Macuxi, Ilzamara Souza, destacou a importância da iniciativa para apoiar a proteção do seu território e de outros povos do estado. ‘’Foi a primeira vez que participei de um evento como esse, que pensa negócios e lucros alinhados à sustentabilidade. Uma oportunidade da gente pensar em soluções e em empreendimentos que contribuam para barrar o desmatamento da floresta nas nossas terras, principalmente’’, enfatizou.

Para o desenvolvedor de sistemas, Ibukun Didier, do país Benin (África), que mora há 10 anos em Boa Vista, foi o primeiro contato também com a abordagem de bootcamp. ‘’Aprendi bastante, como organizar minhas ideias de negócios e colocar em prática. Gostei bastante das metodologias utilizadas durantes os três dias. Foi uma oportunidade também de fazer contatos com pessoas de diferentes experiências. E o mais bacana foi que, a partir das nossas ideias empreendedoras, podemos incidir nas questões ambientais da Amazônia’’, declarou.

“Tivemos resultados exitosos, uma diversidade de participação. Todos os times bem engajados. Trouxeram ótimas ideias sobre inovação e conservação da floresta amazônica. Nossa expectativa é que os projetos construídos nestes dias possam se desenvolver e crescer ao longo do tempo”, ressaltou a Coordenadora-Geral de REDD+ e Instrumentos Econômicos do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Márcia David.

Os times vencedores foram Pacovã, Inovazônia e Açaí no Bule – primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente. As equipes campeãs receberão como prêmio consultorias e mentorias virtuais personalizadas para colocarem em prática as propostas dos negócios sustentáveis.

Programa de Ideação

Faz parte de um conjunto de ações e estratégias da Modalidade Inovação no âmbito do ”Projeto de Pagamentos por resultados de REDD+ alcançados pelo Brasil no bioma Amazônia em 2014 e 2015”. O programa é promovido pelo MMA e PNUD, com recursos do Fundo Verde do Clima (Green Climate Fund – GCF). O encontro teve como parceiros executores a empresa de Inovação, Ciência, Tecnologia e Negócios (Wylinka) e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), além do apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Daniel Ferreira

 

Veja também

Topo