Setembro é dedicado à conscientização e visibilidade da comunidade surda no Brasil e no mundo. Marcado pela cor azul, a campanha surgiu em 2011, após movimentos de lutas e conquistas pelo direito a uma educação de qualidade.
Como forma de inclusão desse público na sociedade, a Escola do Legislativo (Escolegis) oferta gratuitamente, de forma remota, o curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras), cuja comunicação se dá por meio de gestos, expressões faciais e corporais.
De acordo com o professor Arlensonn Santos, a Libras é reconhecida como meio de comunicação desde 2002, pela Lei nº 10.436, e está diariamente no cotidiano das pessoas. No entanto, ela é mais perceptível durante o período eleitoral.
“A gente a percebe mais nesse momento eleitoral onde, nas propagandas, aparecem janelinhas com um intérprete mexendo as mãos, e as pessoas se perguntam: o que ele está fazendo? Ali é a Libras. Então, é de suma importância que a gente possa, de fato, fazer a inclusão acontecer na nossa sociedade, que essas línguas estejam em comunicação, a partir de nós, ouvintes, para a comunidade surda e vice-versa”, explicou.
Ainda segundo ele, o foco do curso é voltado para pessoas com familiares surdos, e são ensinados desde a linguística até diálogos mais complexos.
“A Escolegis é muito feliz em ofertar esses cursos de educação inclusiva, no sentido de que os principais alvos do curso e nossa maior procura são os familiares que têm dentro de casa um parente surdo e, muitas vezes, não sabem como se comunicar. Por isso, a gente traz na grade os sinais básicos até uma conversação mais profunda”, destacou Arlensonn.
As aulas de Libras se iniciaram no domingo (4). Todo o material disponibilizado está em PDF e pode ser baixado na plataforma da Escolegis, no site escolegisrr.com.br.
Discurso feito em Libras
Durante uma colação de grau, realizada em dia 25 de agosto, no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), o reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Geraldo Ticianeli, discursou totalmente em Libras para uma plateia de formandos, familiares e amigos.
Ticianeli acredita que esta foi a primeira vez que um reitor brasileiro discursou em Libras em uma formatura, pois não há registros de casos semelhantes.
“Faço, nesta noite, o discurso mais difícil, mais significativo e, para mim, o mais emocionante de toda a minha vida acadêmica”, destacou.
Ainda conforme ele, a ideia foi sugerida há dois anos por uma professora da área. Auxiliado pelo coordenador do curso de Letras-Libras da UFRR, professor Felipe Aleixo, o reitor treinou o discurso, de pouco mais de sete minutos, por uma semana.
“Utilizei o recurso, com surpresa para todo o público, e até para os nossos servidores, para tentar transmitir a importância da inclusão. Obviamente, era uma proposta mais simbólica, mas que levantou a importância da igualdade e de que novas ações em nossa sociedade possam acontecer”, avaliou o reitor.
Suzanne Oliveira
