Escola São José recebe palestra sobre violência contra a mulher, ministrada por procuradoria da ALE-RR

Cerca de 70 alunos participaram da atividade e receberam material informativo da equipe multidisciplinar. – Fotos: Jader Souza

Uma mulher narra que recebeu flores do marido, enquanto manchas roxas e outros hematomas tomam conta do rosto. À medida que a violência aumenta, a mulher diz que o companheiro envia flores para ela como forma de promessa de mudança. O vídeo termina com ela assassinada, à espera de que ele mude.

A história foi reproduzida para alunos da Escola Estadual São José, nesta quinta-feira, 9, como parte das atividades de enfrentamento à violência contra a mulher, desenvolvidas pela Procuradoria Especial da Mulher, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). As imagens chamaram a atenção da estudante Isabela Cavalcante.

Isabela Cavalcante

“Foi horrível perceber que no final do filme ela morreu, e recebeu flores porque era o funeral dela”, diz. “Aprendi na palestra sobre a Lei Maria da Penha, que a mulher que originou a lei quase foi assassinada pelo então companheiro e ficou paraplégica”, complementa Isabela.

No entendimento da procuradoria, as políticas de enfrentamento a todos os tipos de violência contra o público feminino também passam pela educação. Por isso, desde o início do ano, as equipes multidisciplinares da instituição fazem alertas ao público jovem sobre o triste cenário, já que esse público, muitas vezes, está iniciando a fase de relacionamentos.

Para solicitar visita da Procuradoria Especial da Mulher às instituições de ensino, é preciso procurar a sede em Boa Vista, localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Já mulheres em situação de risco podem acionar suporte através do ZapChame, ferramenta virtual que atende pelo número de WhatsApp (95) 98402-0502, que funciona 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados.

Palestras nas escolas

De janeiro até novembro, foram visitadas 35 escolas e quase 7 mil alunos contemplados com a iniciativa. Durante o recesso do meio do ano, a procuradoria levou palestras e distribuição de material informativo para lugares públicos com grande circulação de mulheres, como unidades de saúde.

“Já visitamos mais de 20 escolas nesse segundo semestre, conseguimos atender três ou quatro turmas, mas os alunos repassam para os outros. São informações importantes que precisam ter continuidade e vamos continuar”, afirmou a diretora do Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), vinculado à procuradoria.

O ciclo de violência também é trazido para a discussão com os alunos, com destaque para a violência psicológica, um mal silencioso, que faz muitas vítimas. É exposto o ciclo da violência, com o início marcado por um relacionamento aparentemente saudável, mas que depois passa pelas ameaças, agressões físicas, psicológicas ou patrimoniais, e, por último, uma constante promessa de que vai mudar, como no vídeo exposto aos estudantes.

Rianny Barros

“O que mais me chama a atenção é a quantidade de casos de agressão contra a mulher em Roraima. Fui a um evento que mostrou que o estado é o segundo com maior índice de agressão. Acho importante falar sobre o tema, porque nessa fase da nossa idade podemos aprender e não crescer dessa maneira, na tentativa de diminuir os casos”, projeta a estudante Rianny Barros.

O momento com os estudantes aborda ainda as ações do Núcleo Reflexivo Reconstruir, que faz parte da procuradoria e trabalha com homens agressores, enviados pela Justiça ou que procuram os serviços de maneira voluntária. O objetivo é fazer com que o sujeito deixe de ser agressivo e passe a ter relacionamentos saudáveis.

Josué Ferreira

 

 

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