Falsa advogada acusada de ligações com organizações criminosas é presa em flagrante pela PCRR

J.P.C., de 46 anos, utilizava documentos falsos para acessar o sistema prisional e atuar diretamente junto a lideranças de organizações criminosas. – Foto: Ascom | PCRR

Uma ação integrada entre a PCRR (Polícia Civil de Roraima), por meio da DRACO (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado) e Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania) por meio da AEI (Assessoria Especial de Inteligência) e PPRR (Polícia Penal de Roraima) resultou na prisão em flagrante de uma mulher apontada como falsa advogada, identificada pelas iniciais J.P.C., de 46 anos.

Ela utilizava documentos falsos para acessar o sistema prisional e atuar diretamente junto a lideranças de organizações criminosas, colocando em risco a segurança institucional. A prisão ocorreu ontem, dia 29, no interior da PAMC (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), em Boa Vista.

As investigações apontaram que a suspeita se valia de credenciais adulteradas da OAB para se passar por advogada, marcava atendimentos em nome de outros profissionais regularmente inscritos, mas comparecia sozinha às unidades prisionais, direcionando seus atendimentos exclusivamente a líderes de duas organizações criminosas, sendo uma de origem brasileira e outra transnacional, com o objetivo de facilitar a comunicação ilícita entre presos e o meio externo.

Uma equipe da DRACO juntamente com a equipe da SEJUC, prenderam a mulher quando a suspeita realizava atendimento a internos faccionados, incluindo líderes de organizações criminosas.

Durante a revista pessoal a ela e, em seu veículo, foram apreendidos bilhetes manuscritos com mensagens entre integrantes de facções criminosas. Algumas mensagens estava escondidas nas roupas íntimas da investigada. Na ação, foram apreendidos também documentos, aparelhos eletrônicos, medicamentos de uso controlado e a quantia de R$ 1.450,00 em dinheiro.

Após ser detida, a mulher foi apresentada na DRACO, onde foi autuada em flagrante pelo delegado Wesley Costa de Oliveira.

“Trata-se de uma conduta extremamente grave, porque além da falsificação documental, a investigada se utilizava indevidamente das prerrogativas da advocacia para burlar os protocolos de segurança do Sistema Prisional. Todos os atendimentos eram voltados a lideranças de facções criminosas, inclusive de organização transnacional, o que demonstra uma atuação direcionada e consciente em favor do crime organizado”, destacou o delegado.

Crimes imputados

A investigada foi autuada pelos crimes de promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa (Art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/2013); uso de documento falso (Art. 304 do CPB – Código Penal Brasileiro); falsidade ideológica (Art. 299, caput, do CPB) e falsificação de documento público (Art. 297, caput, do CPB).

As investigações apontaram também que a inscrição de estagiária da investigada estava cancelada desde 8 de abril de 2024, e que a carteira apresentada possuía adulterações consideradas “grosseiras”.

As investigações indicam que a falsa advogada atuava como elo de comunicação clandestina, explorando indevidamente a credibilidade e as prerrogativas da advocacia para burlar a fiscalização e fortalecer estruturas do crime organizado dentro do sistema prisional.

Diante da materialidade e da autoria, foi lavrado o APF (Auto de Prisão em Flagrante). Por se tratar de crime inafiançável no âmbito da Polícia Judiciária, não foi arbitrada fiança.

De acordo com informações prestadas pelo delegado Wesley Costa de Oliveira, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima, acompanhou a ação.

A mulher foi apresentada na manhã de hoje, dia 30, na Audiência de Custódia, onde teve a prisão em flagrante homologada e convertida em prisão preventiva. Ela foi encaminhada ao Sistema Prisional.

O delegado destacou ainda que o caso segue sob investigação para apurar a extensão da atuação criminosa e eventuais conexões com outros envolvidos.

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