Feminicídio em Caroebe: nova oitiva aprofunda investigações, revela detalhes e permite à PCRR concluir a dinâmica do crime

Novo desdobramento ocorreu na manhã desta sexta-feira, 19, quando o preso V.M.S., de 37 anos, foi novamente interrogado. – Fotos: Ascom | PCRR

A PCRR (Polícia Civil de Roraima), por meio da Delegacia de São João da Baliza, concluiu a fase investigativa do caso que apurou o desaparecimento e a morte de Maria das Graças Costa Lima, de 38 anos, após a realização de novas diligências e uma segunda oitiva do investigado, que resultaram no completo esclarecimento da dinâmica do crime.

O novo desdobramento ocorreu na manhã desta sexta-feira, 19, quando o preso V.M.S., de 37 anos, foi novamente interrogado.

De acordo com informações prestadas pelo delegado Bruno Gabriel Bezerra Costa, responsável pela investigação, diferentemente da primeira confissão, realizada após o cumprimento do mandado de prisão preventiva, o investigado apresentou agora relatos mais detalhados sobre o crime e os atos posteriores, o que permitiu à Polícia Civil fechar a linha investigativa.

De acordo com as informações apuradas, o crime ocorreu, na realidade, na noite do dia 30 de novembro, na residência do investigado, no município de Caroebe. Ele confirmou que a matou por sufocamento, após ter visto no celular dela, mensagens de um homem.

“A parte de como ele matou a mulher foi confirmada. Ele confirmou que ela estava deitada no quarto quando foi abordada. Em seguida, utilizou um pano umedecido com álcool para asfixiar a vítima, impedindo que ela reagisse ou conseguisse fugir”, disse.

Já no dia 1º de dezembro, ainda segundo o delegado, o acusado confessou que, mesmo após a morte da vítima, ele passou a utilizar o telefone celular e as redes sociais de Maria das Graças para manter contato com familiares, simulando que ela estaria viva e que teria viajado para o município de Rorainópolis, numa tentativa deliberada de criar uma falsa versão dos fatos e retardar a descoberta do crime.

Ainda conforme o delegado, o suspeito relatou que manteve sua rotina normalmente no dia 1º de dezembro, inclusive levando os filhos à escola, enquanto planejava a ocultação do corpo. Após deixar os filhos, ele retirou o corpo da residência, transportando-o em uma carrocinha, coberto por lona até uma mecânica, de sua propriedade. Lá, ele colocou ferramentas na carrocinha, onde estava o corpo, numa tentativa de disfarçar a real finalidade do deslocamento.

O corpo foi levado até a área de um lixão no município de Caroebe, onde o investigado adotou medidas para dificultar a identificação da vítima e a apuração dos fatos. Segundo apurado, ele retornou diversas vezes ao local, intercalando esses deslocamentos com suas atividades cotidianas, incluindo o trabalho, agindo de forma fria e calculada, como se nada tivesse ocorrido.

Após a confissão detalhada, a Polícia Civil realizou uma grande força-tarefa para a localização e remoção do corpo, com apoio da Polícia Militar de Roraima.

Os restos mortais foram recolhidos e encaminhados para os procedimentos periciais, que irão subsidiar a conclusão técnica do inquérito policial, especialmente no que diz respeito à causa da morte e às circunstâncias do crime.

O delegado Bruno Gabriel Bezerra Costa destacou que o caso exigiu um trabalho intenso e contínuo desde o registro do desaparecimento.

“Trata-se de um crime de extrema crueldade, marcado pela frieza do autor, que não apenas matou a vítima, como tentou, de forma reiterada, simular uma vida normal e enganar familiares e a Polícia. Foram realizadas inúmeras diligências, inclusive uma nova oitiva, que foi fundamental para esclarecer todos os pontos do crime. A representação pela prisão preventiva foi decisiva para o avanço das investigações e para que a Polícia Civil pudesse dar uma resposta firme e responsável à sociedade”, afirmou.

Com a conclusão da fase investigativa, o inquérito policial entra agora na etapa final, com a juntada dos laudos periciais, para posterior encaminhamento ao Poder Judiciário.

“Foi um caso que causou grande repercussão em Baliza, mas a Polícia Civil trabalhou de forma intensa para esclarecê-lo. Inclusive é importante destacar e elogiar a atuação dos policiais que Baliza, que não mediram esforços para buscar detalhes do caso para que pudéssemos finalizar as investigações com a responsabilização do autor do crime”, disse.

V.M.S., segundo o delegado, tem histórico, em Roraima, de violência doméstica contra uma ex-companheira. Ele foi indiciado por feminicídio consumado e ocultação e subtração de cadáver.

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