Cuidar da saúde e preservar a cultura de cada família. Desde 2005, o Hospital da Criança Santo Antônio conta com o bloco G, que foi especialmente implementado para atender os povos indígenas. Tem capacidade de internação para 28 pacientes, redário, banheiros adaptados aos costumes e 4 leitos berço respiratório. Além de tudo isso, ainda dispõe de tradutor da língua Yanomami.
Sendo o único hospital infantil do Estado, atendeu mais de 21 mil crianças desde o dia 3 de janeiro deste ano. A unidade atende os 15 municípios e até crianças da Guiana e Venezuela, países que fazem fronteira. No total, são 40 especialidades que a prefeitura disponibiliza nessa unidade.
“O Hospital é referência no norte do país, sendo o único que preserva os costumes dos povos indígenas, mesmo em atendimentos. São duas enfermarias, tendo uma com 9 lugares para redário, banheiros adaptados aos costumes e ainda a alimentação diferenciada para atender tanto o acompanhante, quanto a criança internada. Nesse bloco, também temos pacientes não indígenas, mas que todos respeitam as tradições” disse o Coordenador da Coordenação Indígena, Rodrigo Danin.
A chegada de um tradutor em 2011, fez toda a diferença para o atendimento médico, ajudando na tradução de sintomas. Atualmente são dois tradutores não indígenas que que ajudam na comunicação das 6 línguas dentro da etnia Yanomami. O bloco também recebe famílias das etnias Macuxi e Yekuana.
“Ver os indígenas chegando doentes e ajudar a traduzir tudo o que estão sentindo é uma responsabilidade muito grande, fico o dia inteiro de segunda a sexta-feira. E quando pegam alta hospitalar, fico muito feliz em ter feito meu trabalho de maneira correta”, disse Richard Duque, que há 11 anos é tradutor e intérprete no bloco G.
Atualmente, 60% da equipe médica do bloco trabalhou com a saúde indígena através do Dsei Leste/Yanomami, o que facilita no atendimento. A nutricionista Thays Muniz é um desses profissionais. Seu principal trabalho envolve adaptar a alimentação no hospital, de forma que atenda às necessidades dos pacientes e suas famílias, priorizando a cultura dos povos indígenas.
“A alimentação deles é seca, proteína peixe ou frango, farinha d’gua, arroz. Alguns até trazem a própria farinha e beiju. Eu autorizo essa entrada, pois eles aceitam repor vitaminas através de sucos e frutas. Conseguimos que as crianças também se alimentem de mingau”, afirmou.
Karina Mota