O programa “Viver Sem Limites”, implementado pela Prefeitura de Boa Vista, foi criado para melhorar o desempenho escolar e proporcionar qualidade de vida a crianças com deficiência auditiva. Após acompanhamento com o otorrinolaringologista, no Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), 55 pacientes, com idades entre dois e 14 anos, já receberam aparelhos auditivos para que tenham a oportunidade de ouvir os sons emitidos pelo mundo.
Após sofrer um acidente, aos dois anos de idade, a pequena Jerimar Naar perdeu parte da audição. Hoje, aos nove anos, a menina recebeu o aparelho auditivo da prefeitura e passa por adaptação com o dispositivo, acompanhada por fonoaudiólogo e fisioterapeuta, além de um médico otorrinolaringologista.
Há quase um mês usando o dispositivo, a vida da pequena mudou completamente, desde algo simples, como assistir televisão em alto volume, à socialização com os amigos. Com lágrimas nos olhos, Paola Gonzalez, mãe da beneficiária, relembra a primeira vez que a filha colocou o aparelho auditivo e ouviu com nitidez.
“No momento em que a médica colocou o aparelho e perguntou se ela estava ouvindo, a minha filha teve uma crise de choro e eu chorei junto. O meu maior sonho era que a Jerimar ouvisse. O único sentimento que eu consigo ter é de gratidão à prefeitura”, declarou.
Anseio pelos sons
Emocionada, a jovem mãe afirma que nunca imaginou que conseguiria ver a filha usando um aparelho auditivo, devido ao alto custo do dispositivo e os pais não terem condições financeiras para proporcionar essa experiência à criança. Agora, toda a família segue empenhada em ensinar novas palavras para Jerimar, que anseia ouvir o que o mundo tem a dizer.
“Sabe aquela fase em que os pais começam a ensinar as palavras aos filhos? Estamos vivendo isso com a nossa filha, agora. Se depender dela, ela toma banho e dorme com o aparelho e não tira nunca mais do ouvido. O pai da Jerimar e eu explicamos que tem momentos que ela deve tirar o aparelho para não danificá-lo”, relatou.
Novas habilidades
Como um bebê que inicia a pronúncia dos primeiros vocábulos, Jerimar começou a aprender palavras como “mamãe”, “papai”, “avó” e “irmão”. Nesta fase de desenvolvimento de uma nova habilidade cognitiva, a pequena beneficiária vai iniciar acompanhamento no Centro Municipal Integrado de Educação Especial (CMIEE), que funciona por meio de encaminhamento de crianças feito pelas escolas.
A unidade atende outras deficiências e pacientes com autismo. Conta com uma equipe multidisciplinar de pedagogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos.
Rendimento escolar
Estudante da Rede Municipal de Ensino, Jerimar tem atendimento educacional especializado para garantir acessibilidade e plena participação nas atividades pedagógicas.
Antes de receber o aparelho auditivo, a Secretaria Municipal de Educação (Smec) disponibilizou para a família de Jerimar a possibilidade de matricular a criança em uma unidade especializada com ensino em libras. Agora, a adaptação com o dispositivo e o auxílio da linguagem de sinais têm contribuído para melhorar o rendimento escolar da jovem estudante.
“A escola que ela estudava encaminhou para a Secretaria de Educação a dificuldade da Jerimar em ouvir e se comunicar. Os profissionais entraram em contato comigo para falar da disponibilidade de uma vaga para minha filha em uma escola com intérprete em libras. Hoje, ela ama a escola em que estuda, sem contar a atenção de toda a equipe com as crianças”, disse a mãe da beneficiária.
Jaqueline Pontes