
Mais de 200 mulheres Yanomami das comunidades de Maturacá e Ariabu, participaram de uma oficina com foco na valorização do artesanato e no fortalecimento da rede de mulheres indígenas. A oficina ocorreu no período de 8 a 12 de dezembro, em Boa Vista (RR), e foi realizada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por meio da Força-Tarefa Yanomami e Ye’kwana (FTYY), em parceria com a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK).
Denominada “Kumirayomas em Boa Vista: Valoração do Artesanato Yanomami com protagonismo feminino”, a atividade abordou técnicas e trocas de saberes sobre cestarias e artesanato com miçangas. Também houve discussão sobre a importância da organização coletiva para geração de renda, proteção, autonomia e bem-estar das mulheres. Ao longo dos cinco dias de programação, realizada na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), a ação alcançou em torno de 50 participantes por dia.

Para a pesquisadora de ciência da Terra e meio ambiente da FTYY, Sandra Zanotto, a iniciativa promoveu um espaço de aprendizado mútuo e fortalecimento entre as participantes. “Estamos muito felizes em receber as mulheres Yanomami, de Maturacá. A oficina de valoração do artesanato tem sido um momento muito especial, com troca de conhecimentos tradicionais, confecção de miçangas e cestarias. Uma das experiências mais ricas é perceber o quanto elas estão entendendo que o associativismo é poderoso e importante, principalmente para as mulheres, porque traz força coletiva, proteção e novas possibilidades”, destacou.
Além das atividades práticas, as participantes tiveram contato com o histórico e funcionamento da AMYK e discutiram como o associativismo pode contribuir para segurança, bem-viver e ampliação da renda familiar. A programação também incluiu vivências na cidade, visitas a espaços de comercialização do artesanato, o que possibilitou a compreensão do processo de valoração da arte Yanomami e de sua presença no mercado.

De acordo com o educador social da FTYY, Oliver Menck, a ação também fortalece redes de apoio e proteção. “Essas atividades favorecem o protagonismo de mulheres da associação, fortalecem a geração de renda e criam redes dentro da Casai como estratégia de enfrentamento à violência de gênero. Conseguimos construir um espaço seguro para que as mulheres trocassem saberes, cantos e artes, contribuindo para o bem-estar, além de formar laços que funcionam como redes de proteção”, afirmou.
Membra da AMYK, Gracimar Yanomami avaliou a experiência como transformadora. “Foi um momento importante, de muita troca de conhecimentos e aprendizado. Muitas mulheres estão vindo pela primeira vez e vão levar esse conhecimento para as outras artesãs. Além das oficinas, tivemos oportunidade de cuidar da saúde, conhecer a cidade e visitar espaços de artesanato. Tudo isso fortalece nossa associação e mostra novos horizontes”, relatou.

Gracimar também ressaltou a importância do apoio institucional. “A Funai, através da Força-Tarefa, é parceira fundamental, pois estamos vivendo experiências que nunca tínhamos tido antes, e isso fortalece nosso trabalho e nossas mulheres”, completou.
Além de Gracimar, estiveram presentes representando a AMYK: Luiza Góis, Gorete Campos e Maria Rosa Figueiredo. Também acompanharam a atividade a coordenadora regional da Funai em Roraima, Marizete de Souza, e a equipe da Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental (CFPE) Yanomami e Ye’kwana.
