Ao completar mais um ano de institucionalização neste 19 de julho, marcada pela posse da primeira turma de policiais concursados pelo Estado, a PCRR (Polícia Civil de Roraima) chega aos seus 19 anos e comemora a consolidação das ações como um órgão de investigação e responsabilização civil criminal.
“Onde houve um crime, nós somos parte fundamental da resposta do Estado. Somos uma força que age com expertise e tecnologia investigativa. Somos o olhar técnico e apurado que desvenda situações muitas vezes ocultas propositalmente, somos quem colhe provas, identifica suspeitos, somos quem indicia culpados e remete todo esse escopo para que, enfim, o crime seja julgado e o dano à sociedade seja reparado”, avaliou o Delegado-Geral da PCRR, Eduardo Wayner.
Ao todo a PCRR é composta pela Delegacia Geral e oito departamentos. A Capital é dividida em cinco distritos e a Central de Flagrantes. O interior conta com dez delegacias. Há também 14 Delegacias Especializadas, 15 Núcleos, dois grupamentos (Grupo de Resposta Tática e Grupo de Resposta Imediata) e três Institutos Periciais: ICPDA (Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida), IIOC (Instituto de Identificação Odílio Cruz), IML (Instituto de Medicina Legal). Além disso, a PCRR tem hoje 755 policiais efetivos, distribuídos em dez cargos, além do reforço de 52 policiais da União.
Delegado-Geral destaca crimes complexos esclarecidos pela PCRR e avanço no combate às drogas
De acordo com Eduardo Wayner, ao longo da história, a PCRR tem avançado em estrutura não somente física, mas também incorporado na sua rotina de trabalho tecnologia de última geração e aprimorando intelectualmente todos os seus agentes. Essas ações tiveram fortes reflexos na qualidade das investigações e no combate à criminalidade, dentre elas o combate ao crime organizado e o tráfico de drogas.
“A atuação em investigações complexas e, que muitas vezes causaram grande comoção social, expõe o atual nível técnico da Polícia Civil”, disse, o Delegado-Geral, ao lembrar que a força humana e tecnológica da PCRR são fundamentais para a responsabilização de culpados.
Em uma análise comemorativa, o Delegado-Geral relembrou de um caso considerado por ele “marcante e de grande êxito social”. A investigação em questão foi marcada pela estruturação da Força Tarefa entre unidades da PCRR, como a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o ICPDA (Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida) e IML (Instituto de Medicina Legal) e agentes de segurança do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), que identificou um estuprador utilizando análises de vestígios sexuais.
O crime ocorreu no dia 28 de maio de 2019, em Roraima. A vítima foi abordada por dois homens armados enquanto colocava o lixo para fora. Dentro da residência, os bandidos amarraram o filho dela em um cômodo, enquanto um dos criminosos a arrastou para dentro de um quarto, onde a estuprou. Após revirar a casa, os suspeitos fugiram, deixando as vítimas amarradas. Elas foram socorridas com a ajuda dos vizinhos e chamaram a polícia.
As investigações apontaram a autoria para um adolescente de 15 anos, que foi apreendido na época e confessou o crime. Ele apontou que praticou o delito com um amigo, que teria estuprado a mulher e fugido, sem, contudo, revelar o nome do amigo.
Pouco tempo depois, em 2021, o material genético que foi colhido na cena do crime passou por análise em Brasília, numa perícia realizada pela perita Criminal de Roraima Érica Veras. Assim o autor do crime de estupro foi identificado como sendo J. M. G. R., de 22 anos e o crime, por fim, foi desvendado e o suspeito localizado no Maranhão, onde já estava preso por estupro de vulnerável e outros crimes.
Para Wayner, o resultado dessa investigação “mostra a singularidade e a força que a PCRR tem como instituição”.
Mais um caso solucionado
Outro caso destacado pelo Delegado-Geral, foi a investigação que descobriu os verdadeiros assassinos do policial militar, Uirandê Costa de Mesquita e a namorada dele, a empresária Joseane Gomes da Silva. O crime ocorreu no dia 23 de agosto de 2020.
A delegada Simone Arruda, que conduziu as investigações pelo 3º DP (Distrito Policial), detalhou a complexidade do inquérito e como o extenso trabalho de levantamento e análise de provas foi fundamental para confrontar os suspeitos e trazer à tona a verdade.
“O assassinato da mulher ocorreu no domingo à noite e na segunda pela manhã nós já estávamos em diligências, com a equipe de perícia e os policiais da Delegacia Geral de Homicídio. Dentro das oitivas, em um primeiro momento, foram ouvidos dois supostos amigos da vítima. Na versão deles, havia ocorrido uma discussão entre o casal, no qual o policial tinha se exaltado e matado Joseane”, lembrou a delegada.
De acordo com a delegada, a coleta de imagens de segurança e a montagem de uma linha do tempo mostrou que a versão apresentada pelos amigos não condizia com a realidade.
“O trabalho mais árduo foi a análise de todos os vídeos arrecadados e a utilização da técnica da elaboração da linha do tempo, mostrando por onde a vítima esteve antes da morte. Com isso nós observamos que o depoimento deles não batia com as imagens”, destacou Arruda.
Os suspeitos foram intimados a depor novamente e, a partir daí, o caso teve uma reviravolta.
“O que tinha acontecido, na verdade, foi que por uma dívida de R$ 4,5 mil que um dos suspeitos tinha com Uirandê, a dupla, considerados amigos do policial, matou ele e a namorada”, relembrou a delegada.
Ela continuou: “Ele foi morto envenenado e, depois, teve o corpo carbonizado dentro do próprio carro. A empresária foi agredida e assassinada com um tiro nas costas”, afirmou a delegada que conduziu as investigações, destacando ainda que eles usaram a arma de Uirandê para matar Joseane, na intenção de incriminá-lo, pelo crime.
Após identificados, os dois suspeitos respondem pelos crimes de duplo homicídio qualificado, ambos por motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de ocultação e destruição de cadáver e dano qualificado pelo uso de substância inflamável e por motivo egoístico.
“Lembro que o Ministério Público de Roraima tratou o crime como ‘brutal’ e a comoção social do caso foi enorme, pois o policial tinha uma conduta ilibada. Hoje o julgamento de um dos acusados já aconteceu e ele foi condenado a mais de 45 anos no júri popular”, complementou Simone Arruda acerca do caso.
Combate à criminalidade
O fortalecimento de efetivo e logística em Delegacias especializadas, como a Delegacia Geral de Homicídios e a Delegacia de Repressão ao Entorpecente tem resultado em um combate mais eficaz à criminalidade, na visão do Delegado Geral, Eduardo Wayner.
“Temos um índice de resolução de crimes bastante elevado em Roraima. Por exemplo, na DGH, muitos crimes têm sido esclarecidos rapidamente. Outros são mais complexos, mas sempre estamos aperfeiçoando o trabalho para melhor atender a nossa sociedade”, disse.
Nas unidades policiais dos municípios, Wayner destacou o empenho dos policiais no Interior.
“Crimes muito complexos são esclarecidos no interior. Muitas quadrilhas criminosas desativadas. Na capital temos os distritos, cujos policiais têm se esforçado para esclarecer os crimes nos bairros, sobretudo de furtos e roubos”, disse.
Outro ponto positivo destacado pelo Delegado-Geral é o combate às drogas.
“A cada ano, temos superado o ano anterior. A exemplo, em 2022 apreendemos 356 quilos de droga. Esse ano, em menos de sete meses, apreendemos mais de meia tonelada de drogas, superando o ano anterior. Em sete meses destruímos quase uma tonelada de drogas apreendidas. Isso demonstra o compromisso da Instituição, mas principalmente, o esforço e o empenho de cada policial civil no combate à criminalidade”, destacou.
Denarium destaca obras que projetam Polícia Civil de Roraima
De casas alugadas e adaptadas para funcionarem como delegacias de Polícia, a um conjunto de obras com designer voltado à acessibilidade do cidadão, em 19 anos a Polícia Civil de Roraima vem apresentando um novo formato de Delegacias tanto na Capital quanto no Interior.
Para o Delegado-Geral, Eduardo Wayner, esses investimentos vêm se consolidando na gestão do governador Antonio Denarium.
“Um dos exemplos que podemos citar é a construção do novo IML, que será construído após uma articulação do Governo, junto ao senador Hiran Gonçalves, no valor de R$ 7 milhões e muitas outras que estão em andamento”, destacou.
Ao parabenizar os profissionais, o governador Antonio Denarium destacou que em sua gestão tem trabalhado para garantir avanços para a carreira dos policiais civis, como também proporcionado melhores condições de trabalho com aquisição de viaturas, armamentos, munições, como também melhoria do ambiente de trabalho com a reforma de delegacias e construção de novas unidades e aquisição de equipamentos tecnológicos e mobiliário.
Denarium ressaltou que nos últimos quatro anos, a Polícia Civil recebeu mais de 120 viaturas novas, inclusive veículos com celas.
“Investimos na valorização do servidor, que hoje conta com um efetivo de 755 policiais civis concursados do Estado, com capacitação continuada, tanto no Estado, quanto fora de Roraima. No entanto, um dos maiores avanços da minha gestão foi o decreto de promoção atendendo nove cargos, sendo 730 policiais para a classe especial e 01 para a classe intermediária. E, agora, estamos na fase final do concurso público”, disse.
Jéssica Laurie e Sandra Lima