Alunos do ensino médio da Escola Estadual Lobo D’Almada participaram na manhã desta terça-feira, 13, de uma palestra sobre como identificar e denunciar os tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher. A ação faz parte do calendário de eventos educativos que a Procuradoria Especial da Mulher (PEM), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), promove desde o início do ano letivo nas instituições de ensino de Boa Vista.
A equipe multidisciplinar da PEM – composta por psicólogos, assistentes sociais e advogados – apresentou o que é e como ocorre a violência contra a mulher a partir das agressões tipificadas na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) – física, moral, sexual, patrimonial e psicológica –, e as cibernéticas.
Os alunos se informaram sobre o passo a passo das etapas do ciclo de violência, que geralmente inicia com humilhação verbal e/ou depreciação da autoestima da vítima e culmina na agressão física, que pode levar ao feminicídio – quando o sexo da vítima é determinante para o homicídio, além das consequências psicológicas – alteração do sono, tentativa de suicídio, depressão, ansiedade, abusos de substâncias ilícitas para anestesiar as violências, como álcool e drogas.
Por fim, foram instruídos como prevenir o ciclo e buscar ajuda por meio da estrutura da PEM (Chame, ZapChame e Núcleo Reflexivo Reconstruir). O Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) presta apoio às vítimas, enquanto o Núcleo Reflexivo Reconstruir é destinado a reeducar quem comete a violência.
Maria Eduardo Porto, de 16 anos, aluna do 2º ano, participou ativamente da palestra com perguntas e enfatizou a importância de debater o tema. Ela observou que muitos adolescentes vivenciam esses tipos de violência em casa e não sabem como proceder.
“Essa palestra foi bem direta e se aprofundou nos vários tipos de violência, umas eu tinha conhecimento, outras não. Eu vejo isso como muito importante, principalmente porque nós estamos vivenciando nossos primeiros relacionamentos e, às vezes, muitos veem os pais nesse tipo de relacionamento e acham que é normal, por isso precisamos saber como acontece para não ser tarde demais”, destacou.
A orientadora pedagógica da instituição, Marcela Matias, avaliou como positiva a ação de conscientização da PEM. Para ela, os alunos precisam ser informados para, consequentemente, se tornarem multiplicadores da rede de proteção de combate à violência de gênero.
“Os meninos precisam ouvir cada vez mais informações sobre os órgãos competentes que vão servir de ajuda para ele, pois quanto maior conhecimento você tiver da rede de apoio, vai conseguir entender o seu problema e denunciar ao órgão devido. E agora eles vão ter como multiplicar essas informações aos seus familiares, ao vizinho, à vizinha que está sofrendo violência, a ter um olhar diferenciado em relação à comunidade onde eles estão inseridos”, disse a orientadora.
De acordo com Hannah Monteiro, diretora do Chame, as preleções semanais nas escolas da capital têm rendido frutos.
“Nós temos observado o aumento no número de orientações no ZapChame, que acreditamos seja o reflexo dessas palestras que estamos tendo nas escolas, já que os alunos assistem e depois buscam orientação, para tirar dúvida de determinadas situações”, afirmou.
Os serviços (Chame e Núcleo Reflexivo Reconstruir) da Procuradoria Especial da Mulher ocorrem na sede em Boa Vista, localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Os moradores de Rorainópolis e adjacências podem buscar apoio no núcleo da PEM na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174. O serviço multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Há também o atendimento remoto através do ZapChame no número (95) 98402-0502, que funciona 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados.
Suellen Gurgel
