Uma equipe multidisciplinar da Procuradoria Especial da Mulher (PEM), programa da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), realizou nesta sexta-feira, 16, mais uma palestra no sistema de ensino sobre os principais tipos de violência contra a mulher, suas consequências, Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2016) e a rede de proteção. Os alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Mario David Andreazza foram os contemplados.
Durante o diálogo, a equipe também apresentou a estrutura de apoio especializado presencial e gratuita – composta por psicólogo, assistente social e advogado – que o órgão oferece (Chame, Núcleo Reflexivo Reconstruir e ZapChame). O Chame (Centro Humanitário de Apoio à Mulher) acolhe as vítimas, enquanto o Núcleo Reflexivo Reconstruir é destinado a reeducar quem comete a violência por meio de orientações, palestras e rodas de conversa.
Atualmente, o núcleo atende 20 homens encaminhados pela Vara de Execuções das Penas e Medidas Alternativas, do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR). Já o atendimento remoto é através do ZapChame no número (95) 98402-0502, que funciona 24 horas, inclusive nos fins de semana e feriados.
“Estamos numa escola de ensino fundamental para que a criança receba informações que ela ainda não tem, no caso da violência doméstica e familiar contra a mulher. Além disso, informar que temos uma rede de apoio caso seja necessário, para que possamos romper ciclos de violência”, esclareceu a terapeuta do Chame Janaína Nunes.
Para Natasha Cristielly Santana, de 14 anos, aluna do 9º ano, foi uma surpresa descobrir que existem diversos tipos de violência doméstica – moral, psicológica, patrimonial, sexual, física e cibernética. Ela acredita que as informações repassadas vão tornar os estudantes mais conscientes e aptos a identificar as situações de risco.
“Foi a primeira vez que assisti a essa palestra, e isso é bastante importante, pois levaremos esse conhecimento para a vida toda, inclusive para nós, do 9º ano, que estamos entrando em uma nova etapa. Nunca tinha visto algo assim em nenhuma escola, mas é importante, né? Pois foi a partir dessa palestra que percebi que existem tantos tipos de agressões. Então, essa é forma de prevenção para não se machucar e acredito que as meninas aqui na escola também devem se concentrar nesse assunto, pois é um passo importante a ser seguido”, destacou.
A gestora da escola, Maria Luzia Melo, ressaltou que, para a instituição de ensino, é uma forma de abrir o diálogo sobre um assunto sensível.
“Às vezes, não identificamos a questão do abuso familiar, né? Quando eles assistem a uma palestra de grande relevância, trazida pela procuradoria, isso faz com que se desinibem para conversar conosco, porque temos um serviço de orientação na escola, mas nem sempre o aluno se sente à vontade. A palestra abre a possibilidade para que eles procurem os órgãos competentes, pois traz informações e os faz se sentirem mais livres para entender que podem, sim, denunciar e também superar essa violência em casa”, salientou.
Prevenção continuada
Desde maio, a equipe do PEM visitou 11 escolas estaduais de Boa Vista, alcançando aproximadamente 1.200 alunos. O intuito das palestras é disseminar a importância do respeito, da igualdade de gênero e do combate à violência, promovendo uma mudança cultural no segmento em idade de formação.
Com o recesso escolar se aproximando, a diretora da PEM, Glauci Gembro, ressaltou que o órgão se voltará para ações de conscientização nos equipamentos de acolhimento à mulher da rede pública.
“Estamos levando as palestras para as escolas estaduais neste momento. Agora, com o início das férias, teremos esse recesso e levaremos essas informações sobre a violência doméstica a um novo público-alvo. Vamos estar no Centro de Referência da Saúde da Mulher, no Hospital Coronel Mota e outros. Depois, quando os alunos voltarem de férias, vamos realizar essas ações ao mesmo tempo.”, adiantou a diretora.
Na capital e no interior
Os serviços (Chame e Núcleo Reflexivo Reconstruir) da Procuradoria Especial da Mulher ocorrem na sede em Boa Vista, localizada na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Os moradores de Rorainópolis e adjacências podem buscar apoio no núcleo da PEM na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR-174. O serviço multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Suellen Gurgel