A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) sediou nesta sexta-feira, 28, no Plenário Deputado Valério Caldas de Magalhães, uma audiência pública para buscar e discutir alternativas, a partir das demandas dos produtores, sobre o incentivo e a regulamentação da apicultura no Estado, e levar ao conhecimento do governo federal para solução.
Entre as principais demandas, foram destacadas a aquisição do Selo de Inspeção Federal (SIF), que atesta o cumprimento de uma série de exigências, qualidade e segurança do produto, bem como regularização de terras e maquinário para aumento da produção.
O encontro foi sugerido pelo deputado federal Albuquerque (Republicanos) e reuniu produtores do ramo, autoridades políticas e representantes da educação. Em vídeo, o chefe do Legislativo, Soldado Sampaio (Republicanos), que participou do segundo encontro do Parlamento Amazônico em Belém do Pará, pediu apoio às instituições que ajudam a fomentar a agricultura familiar, em especial, à produção de mel em Roraima.
“É uma produção rentável, ecologicamente sustentável e, será, com certeza, mais uma fonte de renda a ser colocada à disposição dos produtores de Roraima. Quero contribuir, enquanto presidente da Assembleia e deputado estadual, para o fortalecimento da cadeia produtiva de mel roraimense.”
Também foram discutidas questões envolvendo a regulamentação fundiária, pois boa parte dos agricultores alega não serem donos de suas terras, e financiamento para aquisição de maquinário.
Conforme Albuquerque, a agricultura familiar é uma das melhores formas de combate à fome. A produção chega a 50 toneladas por mês, segundo informou.
“Essa produção não está sendo aproveitada da maneira que deve e, esse aproveitamento, eu falo no bolso de quem produz. O mel é feito aqui e é certificado em outro estado, por isso deixa nossas riquezas lá fora. A importância dessa cadeia é poder fazer com que a agricultura familiar seja subsidiada aqui e os dividendos fiquem em Roraima”, destacou o deputado federal.
Atualmente, os apicultores vendem a matéria-prima para Maringá (PR), que exporta para a Europa. Para Josias Ferreira Rufino, presidente da cooperativa Roraimel, a aquisição do selo de garantia que atesta o cumprimento de exigências, qualidade e segurança do produto, vai propiciar a venda de mel diretamente para outros estados e o exterior.
“Nós vamos sair de toda a parte que trava. Hoje, nossa rede de mercado [venda] é toda nacional. A gente deixa de vender [diretamente] para o nosso próprio mercado. Nosso produto sai daqui in natura, e volta como sendo de origem de outro local. Com essa certificação, vai melhorar a nossa situação e, até mesmo, a arrecadação para Roraima”, explicou.
Aldenira Costa Maia é produtora e presidente da Associação de Moradores e Agricultores da área devoluta do Complexo Caju (AMAADCC), em Bonfim e, pretende investir na produção de mel.
“O Roraimel, nós conhecemos no mercado, já consumimos, mas não temos o conhecimento da produção em si. Com essa audiência, para nós, como produtores rurais, é uma inovação para iniciarmos uma grande produção, daqui a alguns dias, por ser tão bom”, informou.
De acordo com o coordenador-geral de produção animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Bruno Meireles Leite, cada demanda apresentada pelos produtores será encaminhada aos órgãos correspondentes.
“Cada órgão vai ter a sensibilidade de saber que tem seu papel ali nessa estruturação, para que a cadeia produtiva toda ganhe, desde o produtor até o consumidor final. Eles terão que apresentar um projeto desta Casa de beneficiamento desse mel ao Ministério da Agricultura, que vai analisar. Se tiver tudo ok, aprova, se não, serão pedidas correções. Vamos aguardar receber para tratar internamente”, ponderou.
O próximo passo será a elaboração do plano de trabalho do Termo de Execução Descentralizada – TED, em parceria com o Instituto Federal de Roraima (IFRR), que visa à construção de um projeto que possibilite a aquisição de kits/ equipamentos para atender todo o Estado.
Suzanne Oliveira