Ao usar a tribuna na sessão ordinária do Plenário do Senado Federal nesta terça-feira, 30, o senador Hiran Gonçalves (Progressistas-RR) solicitou a aprovação na Casa de Moção de Desagravo pela presença do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que está no Brasil desde a segunda-feira, 29, e foi recebido com “honras de Chefe de Estado”.
“Manifestar a minha tristeza e indignação representando aqui o povo do meu estado de Roraima que tem sofrido com o maior êxodo humano da história moderna provocada por Nicolás maduro. Esse genocida ser recebido no nosso país com honra de Chefe de Estado”, desabafou.
Nicolás Maduro chegou a Brasília na segunda-feira para participar do encontro de presidentes de 10 países da América do Sul. O ex-presidente Jair Bolsonaro editou uma portaria que proibia a entrada de Maduro no País, mas foi retirada no fim do ano passado. A presença do Chefe de Estado venezuelano causou manifestações no Plenário e nas redes sociais.
“Nós que vivemos em Roraima sentimos o impacto daquela migração que já gerou a saída de mais de 6 milhões de venezuelanos que vagam pelo mundo. Lá em Roraima, só na Operação Acolhida, já passaram oficialmente quase um milhão de pessoas”, destacou Gonçalves.
Desde o início do pico da crise econômica e social venezuelana, em 2017, famílias inteiras deixaram aquele País como forma de sobrevivência. No Brasil, o município mais atingido é Pacaraima, fronteiriço com a Venezuela, em seguida da capital Boa Vista. Desde 2018, todo o Estado sofre com os impactos causados nos serviços públicos de Saúde, Segurança, Educação e no Social.
“A maioria deles que chegam a Pacaraima e não vislumbram uma vida digna naquele pequeno município caminham mais de 220 quilômetros até Boa vista e muitos, quando chegam a Boa Vista e não conseguem a interiorização, não conseguem um emprego, caminham pela [BR] 174 até Manaus, 750 quilômetros”, contou Hiran Gonçalves.
Ainda em discurso na tribuna, Gonçalves classificou essa visita como uma afronta e classificou Maduro como “o maior causador de tragédia humana”. “É muito grave o impacto dessa imigração no nosso Estado, tem sistema saúde frágil, mesmo com todo nosso trabalho. O nosso SUS tem o tripé equidade, universalidade e integralidade e quando o venezuelano entra no País ele recebe um cadastro de refugiado, é inscrito no Auxílio-Brasil, recebe Carteira de Trabalho e do SUS e adquire o mesmo direito que nós que pagamos os nossos impostos”, lamentou.
Além da imigração, Hiran Gonçalves falou da limitação em tornar as terras de Roraima produtivas, pois 46% das áreas são demarcadas como Terras Indígenas, e do retorno de garimpeiros para zona Urbana. “Precisamos trabalhar muito no Governos e nas Prefeituras para atender a essas demandas”, concluiu.