O período do vazio sanitário da soja em Roraima iniciará no dia 19 de dezembro e vai durar 90 dias, com a suspensão total da cultura no campo em todo o Estado. O objetivo é evitar a propagação da ferrugem asiática nas áreas produtivas do Estado, quebrando o ciclo de produção de esporos do fungo.
De acordo com a Portaria n° 821 da Aderr (Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima), publicada em 14 de abril deste ano, o vazio sanitário começa no próximo dia 19 de dezembro e será encerrado em 18 de março de 2023.
O vazio sanitário faz parte do Programa de Controle da Ferrugem Asiática, criado em junho de 2022 pelo Governo de Roraima e seguindo orientação do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A medida permitiu a criação de um cadastro de todos os produtores de soja locais, visando ações de controle da sanidade na produção roraimense.
O presidente da Aderr, Marcelo Parisi, enfatizou que a área de cultivo da soja no Estado tem crescido ano após ano, demonstrando a força do agronegócio em Roraima. “A previsão da safra 2022/2023 é de 150 mil hectares de soja. Essa é uma estimativa bastante plausível, caso acompanhe a evolução dos últimos anos. Vale ressaltar o apoio e o empenho do governador Antonio Denarium que vem incentivando muito o agronegócio,” disse Parisi.
Vazio sanitário
O vazio sanitário para a cultura da soja é o período no qual é proibido cultivar ou implantar cultivos da leguminosa, bem como manter ou permitir a presença de plantas vivas em qualquer fase de desenvolvimento.
É uma estratégia agrícola, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), utilizada para quebrar o ciclo da praga Phakopsora pachyrhizi, agente causador da Ferrugem Asiática.
“O principal dano dessa praga é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade”, disse o diretor de Defesa Vegetal da Aderr, Marcos Prill.
O controle por meio de defensivos agrícolas, com o uso de produtos autorizados pelo Mapa tem se mostrado eficiente na redução dos danos da praga na lavoura. Entretanto, o uso ininterrupto favorece a resistência do fungo ao controle químico. “Justamente por isso a quebra do ciclo do fungo é a forma mais eficiente para reduzir a resistência da praga aos fungicidas,” detalhou o agrônomo da Aderr, Hugo Bandeira.
Ferrugem asiática em Roraima
A ferrugem asiática da soja está presente no Brasil desde 2001. Em Roraima, a enfermidade foi detectada oficialmente por laudo oficial do Mapa em 2021.
Segundo o presidente Marcelo Parisi, a praga foi identificada em propriedades dos municípios de Alto Alegre e Iracema, sendo confirmada por laboratório oficial credenciado pelo Ministério. “Estamos atentos e preparados para realizar todas as ações necessárias ao combate à praga”, reforçou.
A descoberta do primeiro caso da praga, no plantio de soja em Roraima, foi um trabalho dos técnicos da Aderr com a colaboração da Embrapa-RR, por intermédio do pesquisador Daniel Schurt.
A identificação da doença ocorreu durante inspeção de rotina de plantios, quando foi realizada coleta de folhas de soja, com sintomas pelos técnicos da Aderr. A confirmação oficial veio após análise em laboratório oficial credenciado junto ao Mapa, confirmando a presença do patógeno no material amostrado.
Os procedimentos de coleta e de acondicionamento e envio das amostras foram acompanhados por Schurt em atendimento a um termo de cooperação técnica entre as instituições.
Elias Venâncio